Träumen

15º CAPÍTULO

Chegamos correndo no campo, o treinador já estava conversando com os garotos em uma roda.
- Com licença treinador... - Hayes chamou sua atenção - Desculpe pelo atraso é que...
- Trezentas flexões e cem abdominais, depois de dar vinte voltas no campo! - o treinador Hank era muito duro, mas fazer Hayes pagar tudo aquilo era maldade - Comece agora! - ele apontou para que Hayes começasse a correr - E se pensou em reclamar de mais dez voltas no campo.
Hayes olhou para ele e não falou nada, só começou a correr. O Clark ficou parado, pelo visto a punição era só para Hayes, não se aplicou a ele.
- E vocês... - treinador se aproximou de mim e de Ju - O vestiário está uma bagunça, comece a arrumar!
- Tudo bem treinador! - pela primeira vez na vida vi Ju baixar a cabeça e seguir uma ordem.
Ju virou e começou a ir em direção ao vestiário, mas eu precisava falar, achei injusto só Hayes pagar.
- Treinador... - o chamei quando ele já estava de costas para mim - Por que só Hayes paga? E Clark? Ele também chegou atrasado!
- Como é? - Hank se virou lentamente para mim e começou a caminhar na minha direção, parou bem próximo de mim - Você quer me dizer como treinar os meus garotos? - falou meus em alto e bom som.
- Não é isso, mas Clark chegou atrasado junto! - tentei explicar.
- O Hayes! - o treinador gritou e assoou seu apito - Venha até aqui! - Hayes correu até nós - Parabéns, graças a teimosia da sua nova namoradinha - o treinador não tirava os olhos de mim, não virou para falar com Hayes - Chão, agora! - ele gritou e assoou o apito novamente - Pague cem flexões agora, depois volte a fazer o que eu havia mandado!
- Mas que absurdo, isso é abuso! - fiquei perplexa com o que o treinador propôs.
- Cento e cinquenta, Hayes! - treinador só falou isso.
Hayes estava se abaixando para começar as cento e cinquenta flexões, mas eu não aceitei, quando ia discordar mais uma vez Hayes gritou.
- Cala a boca Vicky - ficou em pé na minha frente - Você não percebeu que toda vez que abre a boca piora? Vai fazer o seu trabalho, deixa que do meu treino o treinador Hank cuida!
Ele estava nervoso, nunca tinha o visto assim, nem quando ele brigou com May ele ficou desse jeito.
- Eu só estava tentando ajudar... - tentei me defender.
- Não está ajudando! - ele gritou, enquanto estava no chão pagando as flexões já.
Me virei e fui para o vestiário.
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O vestiário era gigante e havia toalha e equipamento por todo lugar. Eu realmente não sabia por onde começar.
Peguei um cesto de roupa suja e comecei a recolher as toalhas, Ju estava cansada demais para conversar, então ela ficou calada por muito tempo, até que eu quebrei aquele silêncio.
- Já está na hora de você me contar tudo! - puxei ela para sentar em um banco.
- Ai amiga - ela abriu um sorriso gigante na cara, como aqueles que nem querendo você consegue esconder e se sento na minha frente - Não sei por onde começar!
- Do início, quero todos os detalhes! - sorri, pela felicidade dela.
- Foi perfeito, melhor noite da minha vida... - ela estava com vergonha, nunca vi Ju com vergonha - ele foi tão perfeito, ele é perfeito, maravilhoso, um príncipe, o meu príncipe!
- Ai, to tão feliz por você! - abracei ela - Me conta como foi! Porque, eu vi a terceira perna dele, e socorro, como você aguentou? - comecei a rir e Ju começou a rir também.
- Como assim? - caiu a ficha dela só agora, que eu havia visto ele nu.
- Quando eu entrei no quarto ele estava sem coberta, aí não consegui não olhar! Mas eu tapei, porque aquilo estava olhando para mim.
Começamos a rir muito, e ela começou a descrever como foi sua noite.
- Assim que saímos do quarto do Nash, ele já me agarrou no corredor mesmo, mas eu me afastei dele dizendo que não era lugar para aquilo, então ele foi andando na minha frente para o quarto, falei para ele me esperar, porque precisava ir no banheiro antes, então ele entrou e eu fui ver meu estado no banheiro. Depois de ficar alguns minutos vendo se a situação estava boa para fazer aquilo, eu pensei "será que ele tem camisinha?", então a resposta que me veio na cabeça foi "ele está sem camisa e de samba-canção, onde vai guardar uma camisinha?". Então resolvi ir atrás de uma, no quarto de Hayes! - ela deu uma pausa e começamos a rir - Ok! Então fui lá e comecei a fuçar tudo, aí achei um mar de camisinhas na gaveta de cueca do Hayes, comecei a rir sozinha lá, peguei umas e fui pro quarto. Quando abri a porta, Cam já disse "pensei que tinha desistido de dormir comigo" aí eu cheguei perto dele, que estava sentado na beira da cama, provavelmente ele estava nervoso pela minha demora, andei bem sensualmente, pra seduzi-lo, e ele já ficou doido só com isso, eu quis rir, foi muito fácil conquista-lo, mas eu me segurei, pra não estragar o clima. As camisinhas estávamos bolso da camisa, então eu baixei o samba-canção que eu estava vestindo, sem tirar a camisa, ainda não era a hora. Ele me puxou pra si, então eu me afastei de novo, porque o jogo da sedução só acaba quando eu quiser - ela fez uma cara de "eu que mando" e começamos a rir muito - Aí, eu comecei a abrir os botões da camisa, abri o primeiro e ele fixou o olhar dele nós meus peitos, mas eles não estavam amostra ainda, então ergui o rosto dele com os dedos embaixo do queixo, e olhei fixadamente nos olhos dele, enquanto desabotoava a camisa, quando desabotoei o ultimo botão, ele se levantou, ainda olhando nos meus olhos, parecia que ele havia entendido o que eu queria, queria que ele me seduzisse também, e foi o que ele fez. Ele passou para trás de mim, tirou meu cabelo da nuca e começou a beijar, os meus pelos se arrepiaram, ele foi seguindo a linha até meus ombros com a mão e tirou minha camisa e deixou cair no chão. - Ju parou e olhou para um ponto distante, ela estava sonhando acordada.
- Você está sonhando! - comecei a rir - Que linda! - gritei zombando - Achei que não iria viver para ver Julie apaixonada... - ela olhou para minha cara e ergueu uma das sobrancelhas, como quem não estava entendendo.
- Primeiro de tudo, eu não estou apaixonada - disse "não" extremamente alto - e segundo, se não parar de zombar não conto mais!
- Ok, vou parar! - comecei a rir.
- Onde eu estava mesmo? - Ju parou para pensar uns instantes - Lembrei! - ela continuou - Ele continuou beijando minha nuca, e foi beijando e eu me virei de frente pra ele, ele segurou minha cintura, e não me deixou encostar com o corpo nele, me deixou levemente distante. Ele me deu um beijo na testa, depois um beijo na bochecha e em seguida um beijo extremamente quente na boca, mas não encostamos o corpo um no outro, acho que ele queria esconder que estava excitado, mas eu sentia só pela respiração, que estava pesada e pelo batimento que estava acelerado - ela deu uma pausa e me olhou esperando um comentário, mas como só olhei para ela, com olhar "prossiga", ela respirou fundo e continuou - Depois do beijo, ele se afastou de mim, e ficou me admirando, me olhando de cima a baixo, fiquei extremamente tímida, e me tapei com os braços e ri aí ele disse "Não faça isso, deixe eu te admirar", eu disse não, que eu estava ficando com vergonha, então ele me puxou para perto de si e me beijou. Eu empurrei ele para a cama, e ele deitou, então eu subi em cima dele, e começou o show! - ela estava tímida, e eu estava achando a coisa mais fofa do mundo, a Ju nunca falou daquele jeito, até porque os caras que ela se envolvia eram um babacas, e nunca a trataram assim na cama.
- E...? - olhei para ela, pra que continuasse contando - Não precisa falar os detalhes, me conte o que sentiu!
- Beleza, isso eu conto! - ela riu - Ele foi um príncipe comigo, me deixou dominar, não foi grosseiro, como todos os outros caras com quem transei, ele me tratou bem, me acariciou, ele foi perfeito. Ele me deixou comandar o sexo, ele fazia o que eu queria, e não preciso nem falar o tamanho do negócio dele né? Aquilo me fez ter três orgasmos só de pensar! - comecei a rir muito - Brincadeira - ela começou a rir junto - Mas ele me fez gozar, muito!
- Sério? - olhei para Ju e ela estava com a felicidade estampada em seus olhos - Estou tão feliz por você!
- Sim amiga, e você não tem noção do quanto eu to feli... - Ju foi interrompida pelo barulho da porta o vestiário se abrindo.
Levantamos em um pulo, começamos a fingir que estávamos arrumando tudo a tempo. Era o Jack, um dos jogadores, entrou mancando, fui até ele ver o que havia acontecido.
- O que aconteceu Jack? - larguei o cesto de toalhas sujas ao lado do banco que Jack estava sentado.
- Hayes aconteceu! - Jack estava irado.
- Como assim? - perguntei sem entender.
- Ele esta revoltado com o mundo, resolveu descontar em todos nós! - deu uma pausa e tirou o tênis e o capacete - Me acertou em cheio, e era só um treino...
Jack estava com um corte próximo do olho e com o pé extremamente inchado.
- Espere aí, já volto! - fui até a sala do treinador e peguei o kit de primeiros socorros.
Voltei para o vestiário e Jack estava sentado lá, olhando para o pé que estava horrivelmente grande.
- Aqui! - sentei ao seu lado - Deixe-me ajudar... - abri o quite e comecei a procurar por algo para limpar o machucado perto do olho e alguma pomada para inchaço.
Achei um líquido que desinfeta machucado, coloquei um pouco no algodão, mas antes dei um analgésico para ele não reclamar de dor e um anti-inflamatório para seu pé, peguei o algodão e encostei no machucado, e ele já reclamou de ardência, só fiz um "shiiiiiu", para ele parar de se mexer, passei uma pomada para cicatrização, coloquei uma gaze em cima e prendi com esparadrapo.
- Você vai sobreviver! - brinquei.
- Me senti bem melhor agora - ele riu - Você não tem noção!
Levantei e fui guardar o kit de volta no lugar.
Voltei para ajudá-lo a tirar o equipamento. Tirei o shoulder e o protetor de costas, tirei as luvas e as mangas de proteção, coloquei tudo na cesta pra levar pra guardar. Virei é sai pra levar até o armário dele.
Depois de guardar as coisas no armário ouvi o Jack me chamar, e fui até onde deixei ele sentado descansando.
- O que foi Jack? - perguntei quando cheguei perto dele.
- Só queria agradecer... - ele levantou em um pé só e se aproximou para me dar um abraço.
Eu retribui o abraço, então ouvi a porta do vestiário se abrindo, achei que era Ju, que saiu para levar as toalhas pra lavanderia, ouvi um caminhar e não era de Ju, estava pesado demais pra ser dela.
- Que bonito! - Hayes falou com um tom de ironia - Dorme com meu irmão e vem agarrar outro aqui no vestiário... - eu não estava acreditando que Hayes tinha falado isso - Foi pra isso que você quis ser mascote? Para dar em cima do time todo?
- O que? - não estava acreditando no que estava ouvindo - Você está louco? Por que estava falando isso?
- Ué... - Hayes se fez de desentendido - Estou falando alguma mentira?
- Hayes, qual seu problema? - me aproximei dele e empurrei ele com forma pra trás - Você enlouqueceu? - empurrei ele novamente.
Ju se aproximou, porque ouviu o barulho e veio pra cima de mim, me segurar, acho que ela não entendeu de primeira o que estava acontecendo.
- Vicky, o que você está fazendo? - Ju me segurou com força.
- Me solta Julie, isso é assunto meu! - empurrei ela e me soltei.
- Assunto seu, do Jack, do Nash, de quem mais? Quem vai ser o próximo? - Hayes estava usando um tom de ironia com deboche, e eu não estava entendendo o que ele queria com isso.
- Eu vou matar você... - voei pra cima dele de novo e ele não se defendeu, o que me fazia não entender, ainda mais - Por que está falando isso? O que eu fiz? Ontem estava bem e agora está essa coisa escrota que eu não consigo nem descrever! - eu continuava empurrando ele com força, socando seu peito.
- Para de show Vicky, não se faça de santa! - ele continuava sem se defender.
- Se eu transei ou não com seu irmão, não é problema seu, não sou nada sua! - parei de bater nele e resolvi falar para ele ouvir bem - E eu não estava dando em cima do Jack, ele está machucado, e eu o ajudei, você o machucou e eu fui fazer um curativo! Deixa de ser estúpido, seu idiota.
Ele ficou me olhando, sem fala, só me encarou.
- Vem Ju - passei por ele esbarrando em seu corpo - não vou ficar ouvindo essas coisas sem nexo! - não olhei para trás em nenhum momento, só ouvi Ju me seguir.
Eu não entendi absolutamente nada. Por que Hayes fez aquilo?
Acho que o que mais doeu, foi saber que eu desejava ele, e agora ele havia me humilhado.