Acordei com o sol batendo em meu rosto, para variar, dormimos sem fechar as cortinas.
Peguei o celular, debaixo do travesseiro, para ver que horas eram. Eram sete da manhã, em ponto.
O sol me fez despertar, então resolvi descer até a cozinha, para tomar uma água e pegar um ar.
Antes de sair do quarto, peguei um samba canção de Nash, e o vesti, para caso alguém resolva aparecer e não me veja só de calcinha.
Sai do quarto na ponta dos pés, não quis acordar Nash, pois ele estava dormindo como uma criança. Passei pelo corredor, quase que voando, com o famoso pé de pano, para não fazer barulho algum, para não acordar ninguém.
Desci até o primeiro andar da casa e comecei a me dirigir até a cozinha. Vi Hayes sentado em um das baquetas, bebendo uma cerveja. Eram sete da manhã, ele realmente não gosta de seu fígado.
- Bom dia... - falei baixo para não assusta-lo.
- Vicky? - ele olhou sem entender - Por que acordou tão cedo?
- Como sabia que eu estava dormido aqui? - perguntei.
- Pressenti! - ele sorriu - Mentira, vi que a porta do quarto de Nash está trancada, então deduzi.
Somente sorri, sem mostrar os dentes. Fui até o balcão, peguei dois copos de água, e me dirigi até Hayes.
- Me de isso! - peguei a garrafa de sua mão - Vamos começar a amar o próprio rim!
- Uau... - ele riu.
- O que foi? - fiquei confusa.
Sentei-me em uma baqueta, de frente para ele, e comecei a tomar minha água, e ele fez o mesmo.
- Você se preocupando comigo... - fez um gesto com a mão, indicado o copo de água.
- E por que eu não me preocuparia com você? - fiquei indignada com o que ouvi.
- Porque você repetiu muitas vezes, que estava com nojo de mim, e no final de tudo, começou a namorar me irmão... - senti sua dor, em suas palavras.
- Hayes... - dei uma pausa, para prender totalmente sua atenção - Eu falei aquelas coisas de cabeça quente... Eu adoro você. Na verdade, de certa forma, eu te amo! Mas não é o mesmo amor que você diz sentir por mim. Eu me preocupo com você. Eu quero te ver bem. Te ver feliz. Quero o velho Hayes de volta! Aquele amigo que eu sei que podia contar para qualquer coisa...
- Vicky... - ele sorriu - Eu queria, queria muito, ignorar o que sinto por você, só para voltarmos a ser como éramos, pelo menos antes eu a tinha perto de mim!
- Mas nós podemos voltar a ser o que éramos... - eu sorri com os olhos - Basta você querer!
- Não é tão fácil, Vicky! - ele riu forçado e coçou os olhos.
- Por que? - perguntei.
- Porque a garota que eu ame está na cama com meu irmão! - seu olhar endureceu.
Eu queria responder, falar algo, argumentar. Eu queria salvar minha amizade, mas não consegui. Eu travei totalmente. Hayes percebeu o clima tenso que ficou no ar.
- Bom, preciso dormir... - ele se levantou da banqueta - A gente se fala... Talvez.
Ele estava me deixando a sós, só um meus pensamentos, que as vezes eram mais terríveis e assustadores que filmes de terror.
- Hayes... - chamei-o antes dele conseguir sair da cozinha, ele se virou para mim, como quem esperasse ouvir o que eu disse - Me perdoe!
Ele não falou nada. Olhou dentro dos meus olhos, como quem diz "eu tentei", e saiu andando.
---Fiquei sentada naquela mesma banqueta, por horas. Só percebi que o tempo passou, quando levantei e senti minha bunda amortecida.
Para um domingo, até que estava sendo bem agitado. Começar com emoções a mil as sete da manhã é para poucos.
As vezes me pergunto, o por quê de eu não ser uma adolescente normal. Queria saber o motivo de minha vida ser tão agitada, o por quê dela parecer, a maioria das vezes, estar de ponta cabeça.
Minha história de vida é tão louca, que penso que poderia virar um livro, ou até mesmo um filme. Talvez em um futuro próximo eu escreva sobre minha vida.
- Vicky... - ouvi alguém me chamar.
Virei para ver quem era, e Izzie estava parada na porta. Eu estava atolada de problema, minha melhor amiga sumiu, e ainda não me contou o motivo, Hayes destruiu meu coração e agora Izzie iria terminar com ele.
- Podemos conversar? - ele perguntou, já se aproximando.
- Claro! - falei, mas em minha cabeça eu estava gritado um belo e gigante "não".
- Me desculpa! - ela falou.
Nesse momento meu cérebro pifou. O que ela queria dizer com isso? Desculpa-la pelo que, exatamente?
- Pelo que? - sorri sem os dentes.
- Por tentar arruinar seu namoro... - ela fez uma pausa - Estou arrependida de ter tentado fazer isso.
- Que você estava tentado destruí-lo, eu já havia percebido, mas porque Izzie? - eu precisava saber o motivo.
- E... Eu não sei! - ela gaguejou.
- Você sabe sim! - fui dura - E terá que me contar, uma hora ou outra.
- Eu acho que foi por ciúmes, inveja, não sei... - ela baixou o olhar - Foi uma vingança falha, por você ter destruído minha vida!
- Mas eu te pedi desculpas! - quase gritei - Você nunca atendeu nenhuma de minhas ligações, nem mesmo respondeu meus emails ou cartas... Você esqueceu de mim, papai e mamãe. Disse que queria ficar lá para sempre.
- O que? - Izzie se espantou.
- O que, o que? - me espantei com seu espanto.
- Você nunca me ligou! Nunca mandou cartas! Muito menos emails! - ela alegou.
- Liguei todos os dias, desde que me conheço por gente, e você sempre mandou dizer que não queria atender! - me irritei.
- Eu nunca recebi ligação alguma! - ela estava nervosa - Muito pelo contrário, eu mandei carta para vocês, todos os dias, contando as coisas absurdas que aconteciam lá, os castigos dolorosos que recebíamos, e implorava para me salvarem. Eu era uma criança! Como vocês conseguiram fazer isso com uma criança? Por que me abandonaram lá? - agora Izzie chorava.
- Nós nunca te abandonamos! - comecei a chorar, sem nem ao menos perceber - Mandávamos cartas, todos os dias.
- Eu nunca recebi nada! - ela fungou - Mas eu até entendo, naquele inferno, você é só mais um abandonado para sempre.
- Nós não te abandonamos Izzie! - sequei minhas lágrimas com as costas das mãos - Você é minha irmã mais velha, eu te amo.
- Você está mentindo... - ela secou suas lágrimas nas mangas do casaco de Matt, que estava vestindo - Você não me ama... Nem me vê como irmã.
- Nós passamos muito tempo longe uma da outra, precisamos nos conhecer novamente, mas eu sei que sua cor preferida é roxo, que você detesta qualquer tipo de salada, tanto que a cor que você mais odeia é verde, mas seus olhos são verdes, o verde mais lindo da terra, como papai dizia, também sei que você odeia ficar sozinha, como eu também odeio, por isso, que muitas noites, acabávamos dormindo na mesma cama, para não termos que ir para quartos separados... - eu respirei fundo, porque as lágrimas queriam voltar a cair, porém não consegui segurá-las - Posso não ser a melhor irmã do mundo, mas eu te amo, e nunca divide do amor que sinto por ti.
Izzie estava parada a minha frente, sem palavras, ou qualquer tipo de reação. Então ela fez a ultima coisa que pensei que faria.
- Eu te amo! - ela me abraçou tão forte, que não quis mais soltá-la.
Foi o abraço mais longo que demos, em toda vida. E o mais sincero dos abraços.
Eu a amava, mas meu ciúmes por Nash estava tapando meus olhos. Se tratava da minha irmã, não de qualquer garota. Ela era minha irmã mais velha. Eu precisava dela, tanto quanto ela precisava de mim.
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Träumen
Teen FictionE se você estivesse vivendo um conto de fadas, a história perfeita que toda garota sonha. Encontrar o cara certo, que te faça feliz a cada segundo que esta ao seu lado. Com pais um tanto quanto liberais. Sua melhor amiga agora mora com você. Sua irm...