37º CAPÍTULO

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Acordei assustada, pensei estar atrasada para o colégio, ou poderia só ter acordado cedo demais. Olhei para o lado e Ju não estava na cama. O banheiro estava vazio e com a luz apagada. Peguei o celular de baixo do travesseiro e estava desligado, provavelmente havia acabado a bateria.
Levantei da cama e cocei os olhos. Pensei que Ju poderia ter descido tomar café da manhã, mas ainda estava muito estranho, Ju sempre me acorda.
Abri a porta do quarto e vi Ash saindo do quarto dos meninos, com Tobias no colo.
- Vicky, o que faz aqui? - Ash ficou tão assustada quanto eu.
- Que horas são, Ash? - perguntei pasma.
- Já é passado das nove... - Ash ainda me olhava sem entender o que eu estava fazendo ali.
Me apavorei quando ela disse as horas. Eu estava mega atrasada, por que Ju não me acordou? Onde ela estava?
Sai correndo quarto a dentro, para me arrumar o mais rápido possível e conseguir chegar a tempo da terceira aula.
Peguei a primeira roupa que vi pela frente. Enquanto vestia a calça jeans preta, que peguei, escovava os dentes. Enquanto colocava uma camisa, caída no ombro, azul com o símbolo do capitão América, procurava meus materiais pelo quarto.
Levei dez minutos para me arrumar. Coloquei a mochila nas costas e sai correndo, nem falei com Ash. Precisava pegar o próximo ônibus, o mais rápido possível.
Graças as minhas orações, durante o caminho para o ponto, o ônibus não demorou nem dois minutos para chegar. Levaria uns vinte para chegar até o colégio, conseguiria pegar a terceira aula.
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Cheguei no colégio e eram quase dez da manhã. Entrei meio desnorteada ainda, acordei assustada e corri o tempo todo. Não havia parado nem para pensar. Agora, aqui no colégio, caminhando pelos corredores depressa, parei para pensar o que Ju pensou, e o porque ela não me acordou.
Chegando no meu armário, vi Ju vir em direção ao seu, mas não dirigiu o olhar para mim, parou ao meu lado, me ignorando totalmente e abriu seu armário.
- Por que você não me acordou? - perguntei, mas Ju continuou me ignorando - Você não vai falar comigo?
Ju continuou me ignorando, então bati a porta do armário dela, com força, fechando-o.
- Julie, o que está acontecendo? - perguntei, quase gritando e Ju revirou os olhos.
- Você pode, por favor, não gritar? Ninguém é obrigado a ouvir seus berros matinais. - Ju me olhou, virou as costas e saiu andando.
Fiquei pasma com aquilo. Não entendi o que estava acontecendo. Nem o porque de Ju falar daquele modo comigo.
- Espere aí... - segurei Ju pelo braço - O que está acontecendo? Está se drogando?
- Não Vicky, não estou... - ela se virou para mim, como quem se prepara para o sermão - Eu só acho que você precisa de um tempo sozinha para pensar! Mas não pense só em si mesma... Pense nos dois garotos que você está brincando com os sentimentos, porque está na cara dos dois, que eles são loucos por você. Mas você não é suficientemente desenvolvida mentalmente para perceber, que está escrito na sua cara que gosta dos dois... Então resolvi deixá-la resolver seus conflitos internos sozinha! Enquanto não resolver isso, não venha falar comigo, por favor! Não quero ver minha melhor amiga sair magoada disso tudo. Ou você coloca um ponto final nessa brincadeira emocional ou eles vão colocar! - ela olhou em meus olhos e saiu andando.
Não fiz nada para impedir, pois não esperava por aquilo. Aquelas palavras foram como um chute na boca do estômago. Fiquei parada no corredor, sem saber como reagir.
A unica coisa que eu queria fazer, era sair correndo dali e procurar o colo da minha mãe.
Mas o dia tinha só começado, teria um longo tempo para passar pensando em como fugir de tudo aquilo.
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A cada aula, eu rezava para as horas passarem devagar, para não sair pelos corredores e ver Ju me ignorado e ter que fugir de Hayes.
Dei sorte demais de não encontrá-lo nos corredores, mas eu e sorte na mesma frase, não existe.
Era o ultimo sinal, Ju me ignorou a manhã toda. Passei a hora do almoço sozinha, pois não quis ir na mesa dos jogadores, Hayes estaria lá e não estava no clima de falar com ele.
O sinal de libertação, para ir para casa, tocou, meu coração palpitou forte e a única coisa que queria fazer, era correr dali o mais rápido possível.
- Vicky... - ouvi a voz do Hayes me chamar, quando eu estava guardando alguns livros no meu armários.
- Oi Hayes... - não consegui esconder minha decepção em vê-lo.
- Sei que você está me ignorando a manhã toda... - Hayes estava com voz de arrependido - Mas precisamos conversa!
- Hayes... - não escondi minha impaciência para aquilo - Vamos fazer assim... Vou ir para a sua casa, levar roupas para Izzie, conversamos lá... Pode ser? Eu realmente estou com pressa, e aqui não é lugar para isso...
- Tudo bem... - vi tristeza em seu olhar.
Eu não queria magoa-lo, mas não queria conversar sobre aquilo, naquele momento.
Sai dali, deixando-o sozinho no corredor, para ir para o ponto, pegar o ônibus e ir para casa.
Ju estava no ponto, pensei que ela me ignoraria, não sabia qual seria sua reação, então só parei ao seu lado.
- Vi você e Hayes conversando... - Ju comentou.
- Ele queria conversar... - respondi, sem olhar para ela - Irei na casa dele hoje!
- Vai resolver? - Ju virou para mim.
- Vou colocar um ponto final nesse triângulo amoroso! - respondi e Ju sorriu na mesma hora.
- Amiga... - Ju me abraçou, e era daquilo que eu precisava - Eu confio em você. Você vai conseguir!
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Estava em casa já, deitada no sofá, mexendo no celular, enquanto ele carregava. Larguei ele por dois segundos para ir buscar um copo de água, e o ouvi tocar.
- Alô! - era um número residencial, que eu não conhecia.
- Vicky? - era a voz de Izzie - Você vira aqui hoje?
- Sim! Só estou esperando a preguiça baixar... - demos risada.
- Preciso de roupas... - Izzie respirou fundo, como se escondesse algo - As cuecas de Nash não são as mais confortáveis...
- Ah... - travei - Tudo bem, daqui a pouco irei aí...
Nos despedimos e desliguei.
Eu não consegui acredita no que Izzie disse. Por que ela estava usando cuecas do Nash? Por que ele emprestou as cuecas que eu já usei? Ele era um completo babaca, para ele tudo foi uma brincadeira? O que Hayes contou era verdade? Ele só estava fazendo joguinho comigo?
Nash não esperou nem mesmo mais de vinte e quatro horas para partir para cima de minha irmã. Ele era um completo babaca.
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Fui para a casa de Nash sentindo uma raiva fora do comum. Ju ficou em casa, pois tinha alguns trabalhos acumulados para entregar.
Eu não sabia o que sentir, se sentia raiva por Nash ter partido para outra, e essa outra é minha irmã, ou se fico feliz por ele ter facilitado minha escolha.
Eu estava uma pilha de emoções. Não fazia ideia do que fazer. Mas não podia deixar minha raiva, ou ciúmes, tomar a decisão por mim. Isso poderia me trazer longos dias de arrependimento.
Toquei a campainha e fiquei esperando alguém abrir a porta.
- Pois não? - uma empregada abriu a porta.
- Sou Vicky... - antes mesmo de eu terminar a frase ela me interrompeu.
- Claro, estão te esperado... Entre! - ela me deu passagem.
Vi Nash parado na cozinha, bebendo algo. Me perguntei onde estava Izzie.
- Vicky! - Izzie surgiu na sala.
- Oi! - a cumprimentei, sem abraços, ela havia deixado claro que não curtia aquilo - Aqui estão as coisas que você pediu... Já pode parar de usar as cuecas do Nash! - sorri cinicamente.
- Ok... - acho que ela sentiu que eu estava braba.
O clima ficou meio pesado. Não consegui esconder minha decepção por Nash ter ficado com ela.
- Vicky... - Nash apareceu do lado de Izzie, o que me deixou mais irada, ele demonstrou ter intimidade com ela.
- Vou deixá-los conversar, já que vocês tem muitas coisas para resolver... - Izzie abraçou Nash, e eu fiquei boquiaberta - Boa sorte! - falou baixo para ele.
- Nós precisamos conversar... - Nash falou quando Izzie não estava por perto.
- Precisamos? - revirei os olhos.
- Precisamos! - ele afirmou, com dureza no olhar.
Ele começou a andar até a cozinha e eu o segui. Queria realmente ouvir o que ele iria explicar sobre tudo.
- Vicky, eu não sei por onde começar... - Nash disse e se virou para mim.
- Por que não começa pela minha irmã? - sugeri.
- O que? - Nash riu - Izzie? Você acha que eu e Izzie... É sério isso?
Fiquei sem jeito, porque Nash não parava de rir.
- Vicky, não me olhe assim! - Nash parou de rir mas continuava sorrindo - Não fiquei com sua irmã, se quer saber! Nós só tivemos muito tempo para conversar... Ela está dormindo aqui em casa, esqueceu?
- Tem como? - pensei alto.
- O que eu tenho para falar com você é outra coisa... - o sorriso no rosto de Nash sumiu.
- O que foi? - não consegui nem esconder minha preocupação.
- Você precisa se resolver... - Nash falou, mas eu não entendi do que se tratava - Eu sei que você gosta do meu irmão... - me espantei quando ele falou isso - Mas eu também sei que você gosta de mim, porque todos nossos momentos juntos foram perfeitos, nossa noite foi maravilhosa, uma das melhores que já tive... E também sei que você está confusa... Pare de pensar que alguém me falou, porque está na sua cara!
- Como assim? - foi a única coisa que consegui pronúncia.
- Está na sua cara Vicky! - agora Nash está triste, percebi em seu olhar - Ele me falou de você, disse o quando você é uma garota perfeita, disse o quanto gosta de você... A princípio não soube como agir. Eu e meu irmão apaixonados pela mesma garota, eu não conseguia acreditar... Eu não ia me envolver com você, queria manter distância e te esquecer, pelo bem do meu relacionamento e do meu irmão! Mas eu não conseguia te tirar da cabeça, desde aquela festa, você não sai da minha mente... Te vi sentada no bar, aí você foi no banheiro e eu dei um jeito de esbarrar em você e conseguir chamar sua atenção...
- Você... - fiquei surpresa porque realmente nunca havia passado pela minha cabeça, de que Nash foi o culpado, de verdade, de estarmos onde estamos hoje - Você fez aquilo?
- Fiz! - ele confirmou - Fiz porque você era a garota mais linda da festa, e eu não conseguia parar de te olhar!
Eu estava sem palavras. Não estava acreditando que passou pela minha cabeça que Nash teria feito algo com Izzie. Eu estava me sentindo um lixo.
- Hayes está no quarto dele, te esperando para conversar, e eu estarei arrumando a moto de Will... - Nash respirou fundo - Cabe a você escolher Vicky... Se você não aparecer lá, eu vou entender...
Eu fiquei paralisada, não consegui responder e Nash virou as costas e saiu, me deixando sozinha na cozinha, com meus pensamentos, que no momento eram mais aterrorizastes do que qualquer filme de terror.
Fiquei parada ali por alguns minutos. Comecei a pensar em tudo que aconteceu até hoje. Eu precisava tomar uma decisão, então resolvi seguir meu coração. Deixei com que ele me guiasse, até onde ele achasse o certo para mim.
- Posso entrar? - perguntei ao abrir a porta.
- Eu estava esperando você! - Hayes respondeu, sentado na cama.

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