21º CAPÍTULO

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- Boa noite! - ouvi uma voz grave.
Estávamos apagados na sala de espera, eu deitei nas cadeiras e apoiei minha cabeça no colo de Nash, Ju fez o mesmo com Cam. E os dois apoiaram-se um no outro e dormiram. Quando ouvi alguém falando, acordei assustada.
- Boa noite! - respondi, esfregando os olhos enquanto levantava e cutucando Nash para ele acordar, ele acordou assustado, se moveu muito rápido e acabou acordando Cam, que quase caiu da cadeira e acordou Ju.
- Desculpe o incomodo... - o dono da voz grave, era um branquelo careca, certa de quarenta anos, baixo, deveria ter a minha altura, ou uns cinco centímetros a mais - Vocês precisam vir comigo!
- Quem é você? - Nash levantou e parou em frente ao homem.
- Sou o detetive Haly, Adam Haly - ele estendeu a mão para cumprimentar Nash.
- Sou Nash - Nash estendeu a mão para cumprimenta-lo também - O que você quer conosco?
- Me ligaram, disseram que um jovem muito machucado, provavelmente tentativa de homicídio, havia chego no hospital. Como todo protocolo, sempre que chegam vítimas muito machucadas, baleadas ou feridas brutalmente, e não houver uma explicação convincente de que foi um acidente, o hospital liga para mim, para iniciar uma investigação! - Detetive Haly explicou, com um ar natural.
- Iremos para onde? - perguntei, ainda sentada.
- Para a delegacia! - Haly me olhou.
- Por que? - Cam perguntou, parecia assustado com a palavra "delegacia".
- Preciso pegar os depoimentos de vocês - suspirou, parecia não acreditar que teria que explicar aquilo - Para iniciar um investigação, primeiro preciso saber o que aconteceu!
- Olha, me desculpe a grosseria... - Ju se levantou e parou ao lado de Nash - Se você é policial...
- Detetive! - Haly a interrompeu.
- Detetive, que seja... - Ju corrigiu - Não deveria ter um uniforme, ou distintivo? Algo para provar que você realmente é?
- Desculpe - ele puxou o jaqueta para o lado e o seu distintivo de detetive ficou amostra - Está com medo mocinha? Sua mãe não te deixa falar com estranhos? - Haly quis zombar.
- Eu não tenho mãe! - Ju fechou a cara - Ela morreu! - Haly ficou sem reação, ele não esperava essa resposta - E não, meu pai não me deixa falar com estranhos.
Ju deu as costas para Haly e foi se sentar ao lado de Cam.
- Tudo bem, chega de conversa - Haly olhou em volta - Vamos?
- Eu não vou a lugar algum! - Cam retrucou.
- Como assim não vai garoto? - Haly pareceu sem paciência - Você vai sim!
- Não vou sair daqui, não irei deixar Matt sozinho! - Cam olho para nós três, esperando que concordássemos com ele, mas estávamos falando com um detetive, não se brinca com a lei.
- Não tem problema! - Haly sorriu - Levamos Matt junto... Se é isso que você quer! Se quer tirar seu amigo dos cuidados do doutor Harry, que posso lhe afirmar que é um dos melhores que já conheci, e levá-lo para minha delegacia, tudo bem, peço para desligarem as máquinas e tirarem os aparelhos ligados a ele!
- Cameron, o que pensa que está fazendo? - Ju sussurrou alto para Cam - Para de graça, precisamos ir!
- Ou se você preferir, posso algema-lo e prendê-lo por negar informações! - Haly concluiu.
- Não vai precisar disso detetive - Ju respondeu - Ele vai ir... - ela levantou e estendeu a mão para Cam e o olhou com ternura nos olhos - Não vai? - falou baixo para ele, que levantou e lhe deu a mão.
Nash se virou para mim e estendeu a mão, levantei e fui até ele. Seguimos Haly até seu carro.
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Eu estava sentada em uma sala de espera da delegacia. Separaram nós três, para não "combinarmos" depoimento. O que não havia como combinar, nós não fizemos nada demais. Cada um estava em um lugar da delegacia.
Estava medindo a sala com os olhos. O cansaço estava batendo. Os olhos começaram a pesar. Olhei para um relógio que estava preso no topo da parede na minha frente. Meus olhos estavam embaçados. Cocei com as mãos e tornei a olhar. Eram quatro da manhã. Meu coração disparou. Tracy.
Peguei o celular do sutiã. Quando desbloqueei já vi a mensagem "bateria fraca" na tela. Logo em seguida vi as vinte e sete chamadas perdidas de Tracy. Ela ia me matar. Tentei ligar para ela, mas o celular desligou antes de eu conseguir completar a chamada.
Levantei correndo e sai da sala. Precisava achar Ju, pegar o celular dela, para poder falar com Tracy. Eu iria explicar tudo que aconteceu, não que ela fosse entender e me perdoar de sumir de casa, mas eu iria tentar.
- Moça - cheguei em uma mulher policial que estava parada perto da máquina de café - Sabe me dizer se algum dos meus amigos já saiu do depoimento?
- Minha querida, um dos mocinhos acabou de sair da sala! - ela respondeu, muito educadamente - Mas você não pode falar com ele agora.
- Por favor moça - implorei - Preciso falar com minha mãe, meu celular está com um deles. Te imploro, deixe-me falar com qualquer um deles!
- Olha... - a policial deu de ombros - Vou deixá-la falar com o mocinho, só porque é com sua mãe. Sou mãe e também iria pirar se minha filha sumisse!
- Obrigada! - a abracei, fiz isso sem pensar.
- Ele está nessa sala! - ela retribuiu meu abraço, depois apontou para a sala.
Sai andando rápido, case correndo. Entrei na sala e Cam estava sentado lá, fitando o chão.
- Cam! - chamei sua atenção - Preciso de sua ajuda - ele virou o rosto para mim, mas não falou nada, só me olhou - Me empresta seu celular? Preciso ligar para minha mãe daqui, ela me ligou mil vezes, mas meu celular acabou a bateria!
- Sem problemas! - ele tirou o celular do bolso e me entregou, seu tom de voz foi neutro, Cam estava exausto, precisava uma boa noite de sono para se renovar.
Peguei o celular de sua mão e fui para a frente da delegacia, já que não pode-se usar celular lá dentro.
Disquei o número da casa de Tracy, já que era o único que eu sabia de cabeça. Eu esperava que ela atendesse calma, que dissesse que está tudo bem, que ela estava tranquila, sei que é impossível isso, mas não custa nada sonhar. Era o terceiro toque do telefone, a cada toque meu coração estremecia.
- Alô?! - Tracy atendeu no quinto toque - Quem fala?
- Tracy? - respondi, mas não queria ter dito nada - Sou eu, Vicky!
- Vicky, onde você está? - sua voz se alterou, para desespero.
- Estou bem! - eu não sabia o que falar para acalma-la, e provavelmente o que eu tinha para contar só ia deixá-la mais tensa.
- Onde você está? Julie está com você? Você tem noção de como meu coração está? Estou esperando vocês desde as seis! Quando cheguei em casa e não vi bilhete nenhum, tem noção do que senti? Garota, vocês entendem o que fizeram? - Tracy estava desesperada, e eu precisava acama-la, só não sabia como.
- Tracy, eu ia inventar um monte de coisas, para tentar te acalmar, porém não sei como falar isso. Te imploro por desculpas, não queríamos fazer isso, era para voltarmos para casa as seis, mas nosso amigo sumiu, encontramos ele muito machucado, bateram nele, não sei quem fez isso, mas estávamos no hospital e um detetive chegou lá e nos trouxe para a delegacia, para depormos, agora estou aqui na delegacia com a Ju e mais dois amigos! - eu achei que falar logo tudo seria melhor.
- O que? - ela gritou - Você está aonde? - seu tom passou para espanto.
- Estou na delegacia, o detetive Haly nos trouxe para cá! - não soube como contar para Tracy, preferi a verdade.
- Escuta aqui... - ela estava furiosa agora - Estou chegando aí em minutos, não saia dai!
- Ok! Não irei sa... - antes de termina a frase, ouvi o "tututu" do telefone, Tracy desligou na minha cara.
Ela ia matar a mim e Ju, e dar nossa carne para leões famintos.
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