Dois casais, ou não.

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O resto da semana correu bem.

Yasmin foi oficialmente incorporada à nossa panelinha e grudamos, eu e ela. Mesmo com o episódio um pouco constrangedor no primeiro dia de aula, grudamos. Estávamos até faladas, todo mundo achava que eu estava pegando e até namorando a baixinha. Não nos beijávamos mais, era fato, mas realmente compensávamos isso com vários outros pequenos carinhos, e eu gostava cada vez mais dela, ao passo que a conhecia melhor.

Ela não parecia ligar para os boatos, e como eu claramente não ligo pra nada, vivíamos abraçadas, de mãos dadas, pra lá e pra cá. Trocávamos mensagens o tempo todo, além das ligações e chamadas de vídeo às vezes. Mas o Lucas também estava na cola dela o tempo todo, e eu percebi que ela começava a dar certo mole pra ele, o que me irritava profundamente.

Sobre toda a história dos sintomas da paixão, eu tinha outras coisas pra me preocupar agora. Os preparativos pra minha festa de 18 anos. Aluguei o espaço numa boate perto da minha casa, chamei um DJ, amigo do Luis. Cuidei de "'distribuir os convites" via internet, chamei todos do 3º ano, das duas salas, por educação, e também porque eu queria que a primeira fosse a melhor festa do ano. Os meus pais estão bancando tudo, também porque não vão poder vir passar o meu aniversário comigo, tudo indica que vamos nos falar pelo telefone, e tudo bem. A festa é sábado, porque meu aniversário é no domingo.

Hoje é sexta, véspera da festa, fui lá ver últimos detalhes depois da aula, deixando as meninas (Júlia, Babi e Yasmin) no colégio, elas almoçariam em suas casas e iriam para a minha passar o fim de semana lá, fazendo maratona de filmes, muita gordice e cuidar da ressaca uma da outra no domingo, porque ressaca entre amigas passa mais rápido. Tava tudo ok pra minha festa, fui almoçar no restaurante japonês e voltei pra casa.

Comecei a arrumá-la pra receber as meninas que chegariam em minutos. Eu acabei não fazendo compras. Arrumei tudo pra Yasmin, que dormiria no quarto 2, e pra Ju e Babi que dormiriam na sala, provavelmente juntas, a Júlia tem um colchão inflável só dela na minha casa.

Esqueci-me de contar, a Ju cansou de tanta glicose anal e foi na casa da Babi na quarta, prensou-a contra o guarda roupa e deu um belo de um amasso. Essa é a minha garota! Babi reagiu bem, correspondeu, e acordou de uma vez. Elas não passaram muito disso, estão ficando agora, eu acho. Tomara que não dê merda pois shippo.

O interfone tocou e o porteiro anunciou a Júlia, com a Babi. Liberei o portão e, quando a campainha tocou, abri pra elas.

- Oi casal, entrem. – elas entraram, não sem antes me darem um tapa, pelo "casal". Elas têm feito isso agora. Yasmin me defende na maior parte do tempo quando elas fazem isso. – Ai, essa mania de vocês é péssima, dói.

- É pra doer. A Yasmin já chegou? – Babi perguntou.

- Pra ter dois casais ela tem que estar aqui, cadê ela?

- Para Júlia, a Yasmin não chegou ainda. E ela não quer ficar comigo, estamos bem.

- Mas vocês parecem namoradas, sem as partes boas claro, dos amassos. – Júlia disse, deu um olhar sugestivo pra Babi, e ganhou um tapa que estalou alto. Gargalhei. – Ai, amor, poxa, concordo com a Mari agora, isso dói.

- Huuuuum, já chama de amor é? Depois não são um casal. Tão namorando já?

- Aff. Tá, nós estamos juntas. Só não é namoro. – Babi falou.

- Own, que lindo! Não via a hora de esse seu cu doce acabar Babi. – elas riram, mas eu ganhei mais um tapa. – Ai, cadê a Yasmin, pra me defender numa hora dessas?

- Depois fala que não gosta dela.

- Eu gosto muito dela e... – E eu percebi a merda que acabou de sair da minha boca. Vi Júlia abrir a boca em um perfeito "O" e depois rir muito, Babi acompanhou. Elas bateram um high-five e minha cara já devia estar da cor de uma pimenta. O interfone tocou pra me salvar e era a Yasmin. Deixei-a entrar e abri a porta para ela.

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