Na sua bancada.

1K 49 1
                                    


Pov Laura

Cheguei à praia. Adoro esse cheiro de maresia, dá uma positividade, sei lá, me sinto tão bem. Parei no calçadão e tirei as sandálias. Claro que eu não ia ficar segurando sandália né, por favor. Parei na barraquinha de agua de coco do Zé.

Tá pensando que Zé é um tiozinho que vende água de coco?

Nada disso, ele é um novinho muito do gato e sarado que surfa e vende água de coco. Moreno lindo e gostoso, diga-se de passagem. Eu que não sou muito fã da peça, se não dava uns pega. Um garoto como ele não se namora, é burrice e certeza de chifre. Tirei os fones de ouvido sem parar a música.

- Oi Zé.

- E aí, linda dos belos olhos azuis? – obviamente, como a clientela de meninas dele é enorme, é raro ele gravar o nome delas. Mas o meu ele sabe, só fica fazendo charminho. Eu passei uma vez a tarde inteira batendo um papo muito legal com ele e o ajudando a vender. As pessoas até perguntavam se éramos irmãos. Imagina, eu, irmã do Zé. Ele é aquela pessoa semi-conhecida sabe? Tipo a moça do supermercado, o tio da banca de jornal, uma amiga da sua mãe etc. É o Zé pra mim. Ele não sabe muito da minha vida, mas sabe, digamos, a minha opção porque um dia eu trouxe a Ashley aqui e dei só um, juro que foi só um, beijo nela, no mar, beeem longe da barraquinha, longe mesmo. Nem me pergunte como ele viu e nem por que estava olhando pra gente. E afasta a Ashley da minha cabeça, Senhor!– Numa tão bela tarde de sábado, ver o seu rosto é sensacional. – sabe a lenda do Boto cor-de-rosa? Que seduz as mulheres e leva pro fundo do rio? Então, o Zé é quase isso, só que ele seduz as mulheres pra vender água de coco. Não é tão patético quanto parece. – Tá com sede? – não falei? Ele já foi pegando o coco. É impossível esse Zé.

- Ainda não. Faz um favorzinho?

- Claro. – ele sorriu seu belíssimo sorriso propaganda de pasta de dente.

- Guarda minhas sandálias, eu vou caminhar um pouco, juro que não demoro, por favor?

- Claro Laura, relaxa. Vai lá.– não falei que ele sabia o meu nome? Apesar de ser branquela, a praia é um lugar que eu frequento bastante e ele está lá quase todos os dias.

- Valeu mesmo Zé. – dei as sandálias a ele e um beijinho no seu rosto, ele sorriu e eu fui.

Desci as escadinhas e pulei a última (tradição) aterrissando com equilíbrio e destreza com os pés na areia fofinha, que não estava quente, o fim da tarde já se aproximava. Isso é mais gostoso que muita coisa que as pessoas fazem e dizem que é bom. A praia tava mais ou menos cheia, do jeito que eu gosto.

Recoloquei meus fones, entrando num mundo só meu enquanto andava tranquilamente com os cabelos ao vento. Fechei meus olhos, quem quisesse que desviasse de mim ué. Abri-os novamente e parei, sentei na areia, olhei um pouco as ondas... Pensando... Imaginando... Desejando coisas boas pra minha vida... Ouvindo aquele barulho tão gostoso das ondas quebrando... A risada das crianças, felizes por alguma besteira... Tão sinceras e simples. Meia hora se passou nessa brincadeira aí, olhei no celular. [N.A: Play na música ;)]

Hoje acordei sem lembrar
Se vivi ou se sonhei
Você aqui nesse lugar
Que eu ainda não deixei

Vei, meia hora. Tanta música pra tocar, aleatório do meu querido celular, e você me bota logo essa. Que deprê.

Vou ficar?
Quanto tempo
Vou esperar?
E eu não sei o que vou fazer, não

Não, vou embora dessa praia já. Levantei e tirei a areia do short, correndo rapidinho até a barraquinha do Zé, pegando minhas sandálias de volta. Tive que comprar um coco, o cara é meu parceiro né.

SmileOnde histórias criam vida. Descubra agora