Confusão.

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Acordei.

Primeiro pensamento: hoje é meu aniversário, uhul!

Segundo pensamento: Puta dor de cabeça, caralho.

Terceiro pensamento: O que eu fiz ontem?

Reconheço o lugar, meu sofá, minha casa. Resolvo me sentar e percebo que não estou sentindo as pernas. Tem um peso enorme da minha cintura pra baixo. Gente do céu! Tem um cobertor, olho debaixo, estou só de calcinha e tem uma pessoa dormindo com a cabeça na minha barriga, o que explica o peso. Minha mão está latejando, mas não mais que minha cabeça. Bonitos cabelos tem essa pessoa. Belos peitos também, pelo menos a parte que consigo ver. Acho que a gente dormiu antes que pudesse começar, e pela posição, ela iria me chupar. Rio com o pensamento, péssima ideia, minha cabeça lateja mais forte. Minha mão esquerda também. Levo-a até minha têmpora e massageio na esperança de passar a dor de cabeça. Nada. Uso o braço direito pra me apoiar e passo a mão nos cabelos da pessoa, na esperança de descobrir quem é. Acabo acordando-a. Ela boceja e depois me olha, e aí meu queixo cai.

Eu dormi com a Laura!

Digo dormir porque a gente ia transar, mas eu não sei quem dormiu primeiro.

- Bom dia Mari. – falou, com uma carinha de sono mordível. Sorri.

- Bom dia Lau. Levanta, não tô sentindo minhas pernas.

- Desculpa. – saiu de cima, e se ajeitou do meu lado do jeito que deu. – A minha cabeça tá explodindo.

- A minha também. Vai tomar um banho, segunda porta à esquerda, depois eu lhe dou um analgésico.

- Não quer tomar banho comigo?

- Tentador, mas não.

- Tudo bem então. – Ela se levantou devagar e pegou no chão as roupas, não prestei muita atenção porque estava olhando sua calcinha minúscula, vestiu só o sutiã e foi para o banheiro.

Não me arrependi de não ir atrás dela, mas que meus olhos foram seguindo, foram. Muito boa.

Enrolei um pouco mais, depois levantei, catei minha roupa espalhada e fui ao meu quarto tomar um banho pra tirar tudo aquilo do corpo, o suor da festa, o cheiro de Laura que já estava exalando, e a excitação que eu estava antes de apagar ontem, continua aqui. Demorei mais que o necessário no banheiro. Quando saí, tinha uma Laura sentada na minha cama. Ela encarou minhas pernas mordendo os lábios e eu notei que estava apenas de toalha. Vesti-me com ela lá mesmo, tive a impressão de que ela não sairia dali. Eu estava sentindo seu olhar sobre mim.

Quem diria que um dia a minha crush estaria sentada na minha cama, e eu não cederia absolutamente nada a ela.

Eu tinha que me apaixonar.

- Vamos descer Lau, aí você toma um remédio e come algo.

- Não quero comer, acho que já abusei demais. Tem certeza que não quer continuar de onde a gente parou ontem? – eu realmente parei pra pensar. Mas, pelo pouco que eu me lembrava da noite passada, eu tinha avançado com a Yasmin, não jogaria tudo no ventilador.

- Absoluta. Desculpa por isso.

- Uau, não são mesmo apenas boatos, você tá apaixonada pela novata.

- É, e eu acho que não tem mais volta agora. – fechei as mãos em punhos, e soltei um gemidinho de dor quando uma pontada aguda atingiu minha mão esquerda, no meu dedo anelar, como se algo estivesse transpassando-o. Olhei pra minha mão, e vi o que causava a dor.

A tatuagem estava lá, brilhante, em volta do meu dedo, como um anel de palavras. Uma aliança de palavras. Sim, eram palavras gravadas em minha pele irritada, vermelha, quente e dolorida. A dor de cabeça me impediu de lê-las. Faria isso depois. Eu fiz mais uma tatuagem bêbada, eu só espero que não me arrependa dessa vez como aconteceu com a fada nas minhas costas. Se isso acontecer, abrirei um processo contra tatuadores 24h. Laura não percebeu nenhuma das minhas reações, talvez porque estava curtindo a própria dor de cabeça.

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