De boas andando pelos corredores do colégio, sozinha, me encaminhando para a saída. Aquele clima de final de ano, pré-férias, se tornando o foco geral de todo mundo. Metade de novembro, penúltima semana, quase contando a última, já que era sexta.
Mais cedo eu havia feito uma prova de Física que realmente me fez mal e acabou com as minhas energias (tenho certeza que passei, pelo menos), mas tive que dormir as três últimas aulas (por isso eu estava perambulando sozinha, me amarrei pra guardar as coisas quando o sinal tocou, precisava de uns minutos pra acordar) para estar bem disposta, já que tinha o que mais tarde?
A final do campeonato. Ca-ra-lho.
Se eu estou nervosa? Não, imagina, quase surtando.
E o jogo era fora, ou seja, a gente ia pegar um ônibus (particular, beleza?) e se dirigir a outro colégio.
Falando nisso, saí pelos portões e pude ver nosso ônibus estacionado, as garotas e parte da "torcida organizada" já se preparando para entrar.
Cacete, eu estava atrasada. Mas pelo menos não era tanto. Yasmin também estava ao lado do ônibus, mas ela iria no carro da Tay com mais algumas garotas já que não eram permitidas de ir no ônibus. Ao me ver ela disse algo como "finalmente a palmita apareceu!", eu sorri. Ela estava de calça jeans e um suéter cinza Abercrombie & Fitch grande demais pra ser dela (era meu). Cara, tava calor. Pelo menos pra mim, estava.
- Hey, já está indo amor? – perguntei à ela.
- Sim, e você também, tá atrasada, pelo menos não é muito. – puxei-a pra falar em particular, havia um pequeno problema.
- Pois é, não posso falar isso alto, já que se souberem disso elas podem me estrangular, mas eu não sei onde tá minha camisa e eu... – ela riu, checou se tinha alguém olhando e me puxou pra um beijo meio (muito) forçado e totalmente desajustado, que eu realmente não entendi, ela estava praticamente passando a língua no canto da minha boca, mas envolvi sua cintura com meus braços, como faço sempre. – Encaixa o beijo direito, pequena. – falei sem nos separar (pois é, dava até pra falar), ela riu contra meus lábios.
- Foi pra disfarçar, olha pra baixo. – olhei e ela puxou um tecido azul escuro por baixo do seu suéter. É claro que a minha camisa estava com ela, eu não seria tão desleixada a ponto de perdê-la, não é?
Shiu, não respondam, sei a resposta.
- Cara, me dá minha camisa, eu preciso dela, gosto quando você veste, mas hoje eu, tipo, realmente preciso.
- Quando chegarmos lá eu te dou, é pra te dar sorte, lembra da semifinal? – no dia anterior ao jogo da semifinal, transamos e ela estava vestida com a minha camisa (como vocês sabem), só sei que fiz o gol do jogo, mas por pouco a gente não perde, aí eu falei pra ela usar sempre porque deu sorte. Não deu pra fazer o mesmo ontem, estávamos estudando para a prova, e, pra variar um pouco, ela estava naqueles dias. Aff.
- Tudo bem, você é meu amuleto. Mas se perguntarem da minha camisa, eu digo o que?
- Que está na sua bolsa, que por um acaso vai comigo. – ela puxou a bolsa que estava no meu ombro.
- Ah tá, beleza. – como eu ainda estava a abraçando pela cintura, não resisti e roubei um(s) selinho(s). Ela logo me empurrou sem muita força e eu fiz um beicinho.
- Agora entra nessa porra de ônibus que a treinadora está me fuzilando, vai logo. – ela selou nossos lábios uma última vez.
Deus é quem me livre, falando desse jeito parece até que eu vou pra uma missão suicida e não entrar num ônibus que vai dirigir somente algumas quadras. O regulamento que não permite que o time se locomova sem um veículo próprio.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Smile
RomantizmGarotas são românticas. "É claro que isso não é verdade, eu não sou, e bem longe disso! Não gosto de namorar e não diga que eu nunca tentei, eu tentei e não deu certo. É perda de tempo. Não vale a pena. Se apaixonar dá errado, sempre dá." - Marina E...