Um dia a gente se encontra.

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Pov Júlia

É, fim de ano se aproximando. Já falaram pra vocês que eu vou jogar bola profissionalmente?

Que bom, porque sinceramente, eu não tinha nem uma ideia concreta do que queria fazer. E eu acabei de acabar o colégio, ou seja, seria forçada logo a decidir o que iria fazer da vida. Pois bem, pelo menos eu passei esse ano sem ficar naquele sufoco típico. Ainda bem, Senhor!

As meninas ficam naquele sentimentalismo, aquela coisa de despedida, aquela choradeira, que idiotice. Parece até que amanhã não vão se ver de novo. Vivi momentos naquela escola? Óbvio que sim, mas eles não vão voltar, são lembranças. Boas e ruins, que eu vou me recordar sempre, mas daí a dizer que eu vou sentir falta desse tempo acho que é um pouco demais.

Só que se isso significasse a Babi perto de mim sempre, eu iria para o colégio novamente, desde o início. Tudo o que eu queria é que ela não fosse embora, eu a amo, ela foi a melhor namorada que eu tive. Mas eu não posso ser egoísta, e, por outro lado, já estou acostumada com sentir saudade. Se a retardada da Marina não contou, meu pai morreu quando eu tinha 14anos. Foi barra, porque ele poderia ser chato e controlador, mas era o meu herói, o meu pai.

A Bárbara vai embora. Na verdade já está indo. Depois da aula, levei a Babi em casa por pura gentileza (também pra passar mais tempo em sua companhia), ela pediu que eu entrasse, então, cá estou eu, no seu quarto, sentada na sua cama. Ela estava pegando mais umas roupas no guarda-roupa. Deixei minhas costas colidirem com a cama e passei as mãos pelo rosto, suspirando alto.

- Ju, quer relaxar? – ela perguntou, impaciente. Talvez eu já tivesse suspirado muito.

- Quero, mas não dá. Eu vou sentir muito a sua ausência. – choraminguei. Eu parecia uma criança mimada.

- E eu a sua, mas não dá pra você ficar assim. Você tem a Lu. – a voz dela não transparecia ciúme e eu gostei desse fato, por um lado. Sentei novamente, observando sua expressão, que também não transparecia ciúme. Apoiei os cotovelos nos joelhos.

- Sim, ela é muito importante pra mim, mas se ela fosse embora eu faria a mesma coisa que estou fazendo agora, me entenda. Eu quero vocês duas perto de mim. – sussurrei a última parte, me sentindo mal por deixar o egoísmo me dominar. Ela deixou a mala de lado e se agachou na minha frente, segurando minhas mãos e olhando bem nos meus olhos.

- É, mas você sabe que não dá. E eu quero ir, sonhava em estudar longe daqui, ainda que no mesmo país. – a cara dela era meio "se eu pudesse te levaria comigo, mas fazer o que?"

- E como eu não sabia? – eu tinha até começado a achar que ela nunca me amou. Porque eu tô sofrendo com a ida dela, ela parece que não, desapegada demais. Mas resolvi deixar esse tipo de pensamento pra lá porque além de ser egoísta, ir embora era um sonho dela. Cada um com suas coisas.

- Era algo muito particular, e sempre fui muito fechada até começarmos a namorar. Quando a gente ficava eu evitava pensar nisso pra não sofrer por antecipação em ter que te deixar. Você forçou pra que eu enxergasse que gostava de ti além do permitido. E, bom, eu gosto. E sempre vou gostar. – ok, ela tem razão, eu forcei, mas eu tava apaixonada, foi em nome do sentimento.

- Sim, eu também, mas eu queria que você tivesse me contado antes, eu queria fazer tanta coisa contigo... Te levar a tantos lugares... Desculpa, eu tô divagando, vai fechar sua mala. – a gente já tinha terminado de qualquer jeito. O que ela não estar perto mudaria?

Ok, mudaria tudo, levando em conta a nossa amizade.

- Mas talvez, no fim, fosse só uma paixãozinha...

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