Sentamos numa espécie de roda em volta das duas garrafas no chão, todas acomodadas no tapete fofinho da sala.
Um copinho daqueles pequenos pra cada. Então, será que as duas amadoras estão desconfortáveis? Júlia encheu cada copo com Big Apple, colocando momentaneamente a Absolut de lado.
- A única coisa que eu não quero é beber demais, porque eu já passei uma ressaca dos infernos hoje, amanhã não quero isso pra mim não. – deixei claro.
- Vou pegar leve contigo, sim? A primeira você nem vai beber. Sabem como se joga?
- Sim. – Yasmin falou.
- Não. – Babi. Amadora mesmo.
- Basicamente, dizemos uma frase que começa com "eu nunca" e a pessoa completa com as palavras que quiser, desde que indique uma ação. Se você já fez a tal ação explícita na frase, você bebe uma dose. Nada de mentiras. As perguntas giram entre nós no sentido horário. Eu começo e a Marina está excluída da primeira rodada.
- Por quê?
- Porque a pergunta envolve você. Então vou pedir que você ponha-se de pé.
- E se eu não quiser?
- Aí eu te faço virar meia garrafa de vodca e não quero nem saber se você for pro hospital. – uma vez a Júlia fez isso com um garoto numa festa do segundo ano e ele acabou com um pouco de vodca nos pulmões e quase morreu sufocado. – Não lembra o que aconteceu com o Deco? – era o nome do tal garoto. Assenti. – Então pronto. Levanta agora. – levantei, e ela também. Ela segurou nos meus dois pulsos e me virou, levantando os meus braços e os segurando acima da minha cabeça, como se ela fosse, sei lá, uma policial e eu uma criminosa. Ela sussurrou no meu ouvido. – Imagina que você tá presa, sim? – assenti. – E não sai dessa posição, não tira nem os braços. Aliás, afastas as pernas mais um pouco. – ela chutou meus pés pra que eu afastasse as pernas e soltou meus pulsos, dando um tapa na minha bunda antes de voltar para o lugar. Ainda com os braços na cabeça (ela mandou), me perguntei por que isso. Logo fui respondida. – Vamos começar. Eu nunca... – suspiro, af eu não podia olhar – Quis apertar a bunda da Marina quando ela usa essas porras de cueca box.
- Mas o que? – perguntei, virando a cabeça pra ver quem beberia, pura curiosidade.
- Eu mandei você não se mexer, porra! – voltei à posição.
- Tá, tá bom. Mas você tem que beber, Ju. Nada de mentiras, esqueceu? – falei, mantendo a posição.
- Cala a boca, Marina. – depois disso eu ouvi uma leve tosse e deduzi, ela tinha virado o copinho, hehe. Ela me liberou. Tirando o meu, todos os copinhos foram cheios novamente. Todo mundo tinha bebido com a pergunta da Júlia. Fiquei surpresa. Por quê?
Bom, eu achava que não tinha bunda direito. Tipo, hoje eu sou definida, gostosa e tudo, mas mesmo antes disso, talvez por ser um pouco magra demais, eu sempre me achei uma pessoa meio desprovida de bunda. Mas pelo jeito eu não sou, tenho bunda sim. Ou ela fica gostosa e saliente quando eu uso "essas porras de cueca box". Bom saber, mesmo.
O jogo seguiu com muita sacanagem envolvida (principalmente as perguntas da Bárbara, meu Deus, tava deixando até a Ju no chinelo) até a garrafa finalmente terminar, na minha vez.
- Essa vai ser meio ridícula, mas eu nem ligo. – falei rindo. Eu ria sem um motivo aparente. É, tô bêbada. Não louca, eu acho. Mas só um pouquinho alta. – Eu nunca nadei pelada, haha. – e virei o copinho. Ridículo falar uma porra que eu já fiz, mas beleza, eu queria beber. A Yasmin bebeu também, a Ju apenas deu de ombros.
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Smile
RomanceGarotas são românticas. "É claro que isso não é verdade, eu não sou, e bem longe disso! Não gosto de namorar e não diga que eu nunca tentei, eu tentei e não deu certo. É perda de tempo. Não vale a pena. Se apaixonar dá errado, sempre dá." - Marina E...