Pov Marina
Depois de mais um dia de trabalho, cheguei em casa. Logo que estacionei o carro e olhei pra dentro, vi a Yasmin encostada à bancada, sorrindo e falando com a Bia, que estava na cadeirinha.
Sorri também, lembrando rapidamente do dia em que a Bia nasceu.
Flashback On
Eu tinha cochilado no sofá, nossa. Estava muito cansada, o Lúcio tinha (finalmente!) me promovido e, como preço, jogado um monte de trabalho nada a ver pra mim. Não podia correr o risco de ser demitida ou voltar ao cargo antigo. Mas aquilo cansava tanto...
E o stress da Yasmin, na iminência de ter o bebê, pior coisa. Gravidezes e suas fases. Tem a fase do "quero te matar", a dos enjoos, a do "tô muito gorda e carregando um fruto seu, sua culpa" (mesmo que eu não tivesse feito porque dedos não fazem magia, o óvulo era meu, então a culpa também era), a dos desejos, a das crises de choro repentinas... Resisti bravamente esses 9 meses.
Nosso bebê seria uma menina, eu não sabia o que pensar disso, só estava muito ansiosa pra ver o rostinho dela. Mas voltemos ao momento em que eu cochilava no sofá, de madrugada, com a televisão ligada. Eu estava vendo um filme que passava, e dormi. Acabei descobrindo que o que passava agora era outro que eu também gostava, então fiquei assistindo, já que era sexta. Até ouvir o Harry latir. Ele não costuma latir à noite, isso me preocupou.
- Harry! Filho? – chamei por ele. E nada. Voltei a ouvir seu latido, no andar de cima.
Subi as escadas, pensando que ele tinha quebrado algo ou a Yasmin tinha fechado a porta do quarto e ele queria entrar. Mas a porta do quarto estava aberta. Quando eu entro, vejo a Yasmin sentada na cama com a mão abaixo da barriga e uma expressão de dor.
- Marina... A... bolsa...
- O que tem... – meu cérebro estala – Você está em trabalho de parto?
- Sim, sua lerda! Faz alguma coisa ou... – ela se interrompe pra dar um grito de dor, o que me assusta. – Isso dói muito...
- Meu Deus, o que eu faço? – sussurrei pra mim mesma, mas ela ouviu, como assim porra
- Caralho, o que eu tenho falado pra você desde que entrei no oitavo mês não serviu pra nada?
- Serviu sim amor, calma, respira. – fui até o outro lado do quarto. – Tá doendo muito? Não gosto que você sinta dor.
- Sim, está doendo muito. É a sua filha querendo sair...
- Qual o nível da dor de 1 a 10? – sempre quis saber de uma grávida o nível da dor.
Curiosidade, gente. Quem não tem?
- Vai se foder, você não é médica! – que amorzinho, ela. E sigo com a minha dúvida.
Como eu sabia que discutir não ia adiantar, corri, vesti a primeira roupa e peguei a sacola já arrumada da minha filha, ajudando minha esposa a descer e chegar até o carro, debaixo de gritos da parte dela alegando sentir muita dor, além de xingamentos direcionados à minha pessoa. Eu não tinha culpa, mas fazer o que? Deixei o Harry sozinho com comida e água, mas rezando pra ele não destruir a casa.
Dirigi até o hospital em tempo recorde e eles logo levaram "a cantora Yasmin Almeida para a sala de parto mais aconchegante". Pelo menos ela estava segura.
Tive permissão pra entrar e assistir à cesariana, mas não ia ter peito nem estômago pra ver minha mulher ser cortada sem surtar ou desmaiar. Então preferi ficar do lado de fora, no início do corredor. Aproveitei pra ligar pro meu sogro, primeiramente. Como eu não tinha a melhor das relações com a minha sogra, pedi a ele pra avisá-la. Eu não procuro problema com aquela mulher, é maluca a mãe da Yasmin.
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Smile
RomanceGarotas são românticas. "É claro que isso não é verdade, eu não sou, e bem longe disso! Não gosto de namorar e não diga que eu nunca tentei, eu tentei e não deu certo. É perda de tempo. Não vale a pena. Se apaixonar dá errado, sempre dá." - Marina E...