Laurina eu não engulo, simplesmente não desce!

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No dia seguinte, acordamos mais cedo que o normal para o colégio, nos arrumamos juntas, entre risadas e descemos pra comer, encontrando quem? Sim, o meu pai, sentado à mesa com um pão e uma xícara de café. Ele não sabia que a Mari estava lá. Ela voltou rapidinho, ele não viu. Tomei à frente e pedi que ela esperasse no pé da escada, onde a visão dele não a alcançaria, mas ela podia ouvir e ver tudo. Joguei o cabelo todo para o ombro direito (escondendo chupão) e sorri.

- Bom dia Pai! – dei um beijo na bochecha dele, que sorriu, tomando um gole do seu café.

- Bom dia Yasmin. Cadê a sua namorada, a Mariana, não é Mariana? – arregalei os olhos por um segundo, depois disfarcei, engolindo seco, como ele sabia? E ele tinha esquecido o nome da minha namorada? Esses velhos.

- É Marina Pai.

- Sim, de qualquer jeito é Mari, você só se refere a ela como Mari. Onde ela está, ela não dormiu aqui?

- Como assim? – me fiz de desentendida.

- Você anda traindo ela? – hã?

- Não, claro que não.

- Então, ela dormiu aqui. Por que ela não desceu?

- Como sabe que ela dormiu aqui? – ele se debruçou sobre a mesa sorrindo sem mostrar os dentes com mão apoiando o queixo. Aquele sorriso eu já conheço, ele sorri assim quando eu estou mentindo ou quero mentir e ele já sabe e tem provas da verdade.

- Não vou brigar com você, sei que não gosta de ficar sozinha em casa. Deixar vocês sozinhas não é problema, a Mari é uma garota legal, e você não vai acabar grávida, muito menos ela. –eu ri né – E outra, eu não sou burro. Cheguei bem tarde, mas não tão cansado a ponto de não notar a moto na garagem. E a Coca fora da geladeira. E a caixinha do Habib's. E a porta do seu quarto trancada. E a televisão ligada. – não falei que ele sabia? Também, depois de uma foda daquelas, cadê forças pra esconder as provas? Ri alto. Abafa o caso. – Sei que não foi tudo obra sua, porque você me disse que não queria sair de casa, e você não tem uma moto, até onde eu sei. A comida fora da geladeira e a televisão, sei que foi você, porque conheço bem sua lerdeza, provavelmente ela te chamou pra uma sessão de amassos e você esqueceu do mundo, não foi? – tentei fechar a cara pelo "lerda", mas não consegui por muito tempo e acabei rindo de novo. Sessão de amassos... Só um pouquinho mais que isso Pai, só um pouquinho, cof cof.

- Lerdo é você, Senhor Mário. – imitei o modo como a secretária dele, ô mulher chata, fala. Voz enjoada... E ela me odeia! Não na frente do meu pai, é claro. Tenho certeza que ela é apaixonada por ele. Hunf.

- Um cara lerdo não é um puta empresário e nem administra uma filial de uma empresa grande, filhinha. – ele sambou e lacrou. Revirei os olhos.

- Tsc, a Mari deve descer daqui a pouco. – falei enquanto pegava o cereal no armário (sim, eu como cereal de manhã, ainda o cereal radical), ouvi alguém descendo as escadas e levantei as sobrancelhas, surpresa do fato que a Mari sabe fingir muito bem, salvando minha pele, porque meu pai percebe qualquer mínimo detalhe. Sempre foi assim.

- Bom dia! – sorridente (cara de quem transou, ops), ela sentou ao meu lado, deu um beijo na minha bochecha, sorri também.

- Bom dia. – respondemos em coro. Ela se serviu de café, agindo normalmente, quis rir.

- Como foi a noite de vocês? – engasguei um pouco, de surpresa com a pergunta, ela riu.

- Eu só estava com saudades e vim fazer uma visita, ela me fez trazer comida, não vimos o tempo passar e acabou ficando tarde pra eu voltar pra casa, dormi aqui. – falou, com a melhor cara de "não fiz nada", que obviamente não me engana. Depois deu um sorriso sincero para o meu pai, de quem ela realmente gostava, pude perceber.

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