Meu corpo alertou que eu estava acordada, abri meus olhos lentamente e logo os fechei por conta da claridade que adentrou ás minhas pupilas.
- Carrie... - Ouvi uma voz um tanto grave mas não o suficiente para demonstrar que era de um homem e sim de um garoto. -
Minha visão logo foi ficando mais visível e eu pude ver aonde estava. Arregalei meus olhos assim que vi meu pai sentado na minha frente de braços cruzados, com uma cara nada boa. Maria, Alex e Thomaz. Assim que os vi, me lembrei da noite passada.
* Noite de ano novo *
Pelo visto Justin está curtindo o ano novo, enquanto Jason e minha mãe estão na casa de alguns amigos no Rio de Janeiro.
Olhei em volta e percebi que iria passar essa virada sozinha. O idiota do meu pai saiu com uma mulher que ele dizia ser sua "namorada", e me deixou aqui. Revirei os olhos chateada e fui tomar um banho.
Estava terminando de lavar meus cabelos quando pude ouvir meu celular tocando no meu quarto. Terminei de enxaguá-lo rapidamente e fechei o registro, pegando a toalha e saindo do banheiro logo em seguida.
- Alô?
- Carrie? - Ouvi do outro lado, eu reconhecia aquela voz. -
- Ah, oi Alex!
- Está ocupada? - Perguntou. -
- Ah... Não, por que?
- Nós estamos indo pra uma festa agora. Quer ir junto?
- Claro! - Falei, um pouco animada de mais.-
- Ok, passamos ai em quinze minutos. - Respondeu e logo desligou. -
PUTA MERDA! Quinze minutos não da nem pra cagar direito.
Corri pro meu armário e coloquei um macacão jeans e uma blusa branca de cigana para colocar por baixo. Peguei minhas botinhas marrons novas que eu havia comprado e as coloquei.
Fui correndo pro banheiro e liguei o secador, batendo nos meus fios de cabelo rapidamente. Quando olhei já haviam se passado 10 minutos. Meu cabelo não estava umas mil maravilhas mas dava pro gasto. Peguei minha maquiagem e passei de leve um blush, uma sobra nude e um batom rosa claro.
Assim que me sentei na cama para respirar um pouco por conta da "correria", uma mensagem chegou:
Chegamos, desce aí.
E assim eu fiz, desci rapidamente as escadas e saí de casa. Já que todos estão se divertindo, por que eu não posso também?
Acontece que depois de oito shots de tequila, eu não me lembro de absolutamente nada do que fiz. Só de algumas passagens que pareciam mais ser de um sonho do que de uma realidade.
* Hospital 11:26 am *
- Acho que passei dos limites não é? - Perguntei soltando um risinho e todos riram, menos o meu pai. -
- Crianças, podem nos dar licença por um segundo? - Ele perguntou e todos assentiram. -
- Tchau Carrie, te ligo mais tarde. - Maria disse e eu sorri fraco em forma de agradecimento, percebi que Katie não estava entre eles. Logo eles saíram e meu pai se aproximou da cama. -
- Carrie, que porra é essa? - Falou tentando ao máximo no gritar e eu franzi o cenho por ele não estar falando em inglês e sim em português, talvez para que ninguém do lado de fora ouvisse a bronca que eu iria levar. -
- Me desculpa e-eu...
- Eu estou em uma festa, curtindo o ano novo com a Mariza e recebo uma ligação de que a minha filha está tomando soro no hospital mais podre de Los Angeles por que bebeu de mais. - Disse e eu quis revirar os olhos, mas segurei. -
- Olha Carrie, sei que faz 18 anos daqui á pouco tempo mas não estamos no Brasil. As regras daqui são realmente duras, eles não ligam se são de menor. Fico feliz que tenha feito amigos, mas talvez eles não sejam uma boa influência pra você. - Falou e eu ri incrédula. -
- Influência? Quem é você pra me falar com quem devo andar ou não? Você nem para um minuto em casa, não sabe se fumo, bebo, uso drogas. Porra! - Acho que exagerei. -
- Olha aqui mocinha, você veio á Los Angeles por que quis, não quero uma pirralha do caralho enchendo o meu saco. - Falou agora com todo o ódio do mundo e eu senti meu coração se despedaçar. Não é todo dia que seu pai fala que você é um incomodo na vida dele. Minha mãe sempre alertou á mim e a Jason que ele não era muito de agradar as pessoas e eu sempre duvidei dela, mas agora eu vi que ela estava certa.
Como sempre esteve.
Respirei fundo e não o respondi, apenas virei o rosto. Engolindo todas as lágrimas possíveis. Ele também não disse mais nada, apenas saiu do quarto bufando e resmungando algo do qual não reconheci por ele ter falado baixo de mais.
Quatro minutos depois, a porta se abriu e Alex entrou.
- Oi... - Disse se aproximando e eu sorri. -
- Olá, tudo bem? - Perguntei. -
- Comigo sim, e com você?
- Também.
- Bom... Você se lembra da noite passada? - Perguntou e eu percebi seus ombros ficarem tensos. -
- Absolutamente nada. - Respondi rindo do meu desastre e ele também riu nervoso. -
- Que pena...
- Por que?
- Porque... - Começou a falar mas logo fechou os olhos rapidamente e olhou pra porta - Esquece Carrie. - Falou e saiu andando, franzi o cenho confusa. -
- O que houve? Pode me contar Alex, eu fiz alguma coisa? Quando eu fico bêbada não faço coisas muito legais e acabo falando muita merda. Acredita que teve uma vez que...
- Nós nos beijamos.
Falou me interrompendo e saiu fechando a porta. Puta que pariu.
