Livro I da série Corrompidos.
Ela é inocente.
Ele é perverso.
Ela é tímida.
Ele é bruto.
Ela é pura.
Ele é corrompido.
Ela é doce.
Ele é frio.
Ela virou sua propriedade. Ele seu dono. Ela obedecia. Ele mandava. Ela aprendia. Ele ensinava. Ela era se...
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Ocala, Flórida, 1997.
— Vamos logo Mirella. Nenhuma das irmãs vai ver, aliás, por que veriam logo hoje? — Myrcella cruza os braços e balança os cachos ruivos ao mover a cabeça para me encarar.
— Não sei, vai que o universo ou destino não gostam de mim... Se elas nos pegarem estamos fritas! — Argumento tentando convencê-las a esquecer dessa tal festa.
— Nós sempre saímos e nunca nos pegaram. Só você que fica cumprindo as regras. — Continua Myrcella, ignorando o que eu acabei de falar. Agora ela encara suas unhas sem dar importância para meu quase estado de desespero.
— Bem lembrado, Cee. Você nunca saiu com a gente, Mi. Larga de ser medrosa! Vamos logo! Vista isso! — Diandra joga um vestido dela em cima de mim. Seu longos cabelos escuros cacheados estão soltos caindo pelos ombros.
— O quê? Você quer eu saia vestida com isso?! — Levanto a micro peça que elas chamam de roupa.
— E com qual seria? Com essa camisola que as irmãs chamam de roupa? — Jess pergunta incrédula tentando amarrar o cabelo liso e escuro com um palito.
— Bom... Não seria má ideia... — sussurro.
— Ah! Nem vem, Mirella! Não quero pagar mico — Diandra me corta impaciente revirando os olhos azuis. Ela é a mais nova e mais esquentadinha de todas as jovens que residem aqui, na instituição. Sempre chamamos esse internato de instituição. Da um ar de algo mais normal. Algo mais próximo, pelo menos. — Você vai vestir essa droga e vai ser agora!
— Diandra! Olha como fala! — repreendo-a e elas se olham e soltam risinhos.
— Você é muito ingênua, Mi. Tem que sair mais com a gente — diz Myrcella. E isso me deixa enfurecida. É sempre assim! ''Nossa, Mirella, cresça um pouco. Viva mais.'', ''Você é muito boba, não vai entender!''
— Meninas, deixem, ela não é corajosa o suficiente. Vamos — Diandra fala e as três vão em direção à porta.
Não! Dessa vez não!
— Ei! Esperem! — Chamo e elas param de imediato me encarando.
— O que é? Resolveu usar um pouco de sua coragem? — Myrcella com seu sorriso maldoso.
— Quieta, Cee. Diga Mirella, o que foi? Mudou de ideia? — Pergunta Diandra.
Fico em silêncio. Não estou conseguindo falar mais nada. Não sei se é o certo. Algo dentro de mim, lá no fundo, fala para eu não ir.
— Ah, vamos, Di. Ela nunca vai mudar — Myrcella revira os olhos e elas seguem até a porta, mas antes de saírem eu solto:
— Tá... Tá bom! Eu aceito. Vou com vocês — digo por fim ignorando a vozinha que afirma que fiz a escolha errada.
