XV.✓

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Keel

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Keel

Sento-me na cadeira, em frente ao Estevan, e pego um pedaço de bolo e uma xícara com café.

— Eu não posso levar ela. Não vai ser seguro. Não agora. — Mordo a fatia de bolo.

— Não posso garantir que ela vai estar mais segura aqui, você sabe que ela é engenhosa, difícil de lidar, sem contar que me odeia. — Ele da um sorriso. — Não que eu goste muito dela, mas, de todo jeito, não posso garantir sua segurança. Se eles a encontrarem, não vou fazer questão de me preocupar.

— Você é muito egoísta, sabia? — Bufo com raiva.

— Sim, já me falaram isso uma ou duas vezes. — Sorri irônico.

— Como você é hilário, devia ser comediante.

— Ah, você acha? Bom, isso nunca me disseram. 

— Já deu, Estevan.

Não posso deixa-lá aqui, sei que assim que descobrirem sobre elas, vão vir atrás. E Jess não tem nada a ver com a situação. Não pode pagar pelas merdas que eu fiz. Aliás, nenhuma delas pode.

Mas também sei que é mais seguro para ela ficar aqui, se for ir comigo, vai ser arriscado demais. Sei que eles não vão me deixar em paz tão cedo.

Caso ela fique e faça alguma coisa para o Estevan, ele não vai perdoar. E aposto que ela sabe disso. E, com certeza, sabe que eu não perdoaria ele e nem me perdoaria se ele, ou qualquer outro, fizer algo com ela.

É, eu estou, em todos os sentidos da palavra, fodido.

Ele me olha, como se soubesse o que estou pensando.

— Você sabe que ela não vai ficar aqui, não é? Sabe que alguma coisa vai aprontar, seja comigo ou com quem você provocou.

— Eu sei, merda. Eu sei.

— E espero que saiba que não vou ficar aguentando os desaforinhos dela por sua causa. Você não me é tão importante assim. — Rio.

— Só a única família que te restou. — Ele me observa pesaroso.

— Que, se continuar assim, não vai viver para contar a história para seus filhos de como seu irmão mais velho era melhor em tudo do que você. — Rimos, ele não era tão brincalhão assim.

— Pelo jeito a pequena está te fazendo bem. Não lembro a última vez que falamos sobre isso sem você me ameaçar. — Ele fecha a cara.

— Isso não tem a ver com ela. E ela tem nome, não a chame assim. Até parece que tem um mundo de intimidades com ela — resmunga me dando oportunidade de irrita-lo mais.

— Talvez eu tenha mesmo. — Seus olhos azuis me fuzilam com raiva, mas sabe que eu estou mentindo. — Sabe, era meio solitário lá no bordel. Ninguém para conversar. E ela nem podia sair do seu quarto. Tinha que conversar com alguém e, como você bem sabe, ela é um doce de pessoa. Bem doce mesmo. — Ele levanta raivoso e me pega pela blusa, mas quando vai me socar, Jess e Mirella entram na cozinha.

Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.Onde histórias criam vida. Descubra agora