VI.✓

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— O que você acha que ele estava se referindo sobre a deixar a porta do quarto destrancada? — Jess pergunta preocupada, balanço a cabeça sentindo um frio na espinha

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— O que você acha que ele estava se referindo sobre a deixar a porta do quarto destrancada? — Jess pergunta preocupada, balanço a cabeça sentindo um frio na espinha.

— Não sei, mas não deve ser coisa boa.

°

Keel voltou ao quarto nos comunicando que seria servido o jantar. Andamos por vários corredores até sairmos em um pátio gramado com um tipo de refeitório onde servem a comida. Diversas mulheres, meninas, homens e meninos estão espalhados pelo lugar. Nos encaminhamos para a fila e, depois de sentarmos em um banco no gramado, Keel sai sem dizer onde vai ou se voltará.

A comida é macarrão com carne de frango, que dispensei dando minha parte para Jess após sentarmos. Raramente como carnes e com toda a situação meu apetite não é prioridade.

Notamos vários olhares para gente, mas ninguém vem conversar. Parecem ter medo, passam longe e sempre que meu olhar se encontra com de alguém, rapidamente a pessoa desvia. 

Já estamos acabando de comer quando uma garota branca do cabelo colorido junto com uma negra com um lado da cabeça raspada se aproximam. 

— Ei, me chamo Ruth — cumprimenta a de cabelo colorido. — Ela é a Margo. — Aponta o dedo para a negra que sorri com a boca fechada e mostrou dois dedo, que simbolizam paz e amor.  

— Oi, me chamo Jess e ela Mirella — Jess nos apresenta.

— Oi — falo tímida.  

Elas se sentam com a gente e perguntam como havíamos parado aqui, Jess conta tudo – com exceção do que aconteceu com a Di – e depois de terminar, Margo, a garota do cabelo raspado, solta um risinho e fala: 

— Típico deles, minha história é quase a mesma, exceto pela parte do colégio de freiras. Eu vivia com minha mãe quando eles nos sequestraram e nos trouxeram para cá. — O inglês dela não é muito bom, pelo jeito é de outro país. 

— Sempre assim — Ruth comenta.

— E onde vocês moravam? Digo, você e sua mãe — pergunto curiosa. 

— No Rio de Janeiro, Brasil. 

— Nossa! — Exclamo. — Bem longe... 

— Vocês sabem em que lugar estamos?! — Pergunta chocada e esperançosa ao mesmo tempo. 

— Hm... Não é em Ocala? — Respondo com outra pergunta. 

— Claro que não estamos na nossa cidade, Mirella. Lembra o tanto que viajamos naquele porta-malas do carro e, se for contar que não sabemos quanto tempo passamos sedadas em quanto viajavam conosco, talvez nem estejamos mais na Flórida — Jess argumenta me fazendo engolir em seco. 

— Tem razão. — Encolho os ombros. — Mas e você, Ruth? Como veio parar aqui?

Ela me olha pensativa e por fim responde: 

— Eu e minha irmã mais velha viajamos para Índia, para conhecer. Era o grande sonho dela ir lá. — Seus olhos brilham. — E eu fui junto por insistência dela pois não tinha a mínima vontade de conhecer aquele lugar. E, bom, aproveitei que ela se ofereceu para pagar minha passagem e tudo o mais que eu quisesse lá. 

"Tínhamos em mente ficar apenas duas semanas, mas acabou se estendendo para um mês, pois havíamos adorado o lugar. Os pontos turísticos, o fato de nunca entendermos o que as pessoas falavam e aproveitavamos para fazer brincadeiras. — Sorri e suspira ficando triste. — Então em um dia, ela desceu para comprar nosso café da manhã, queria ir junto pois ela tinha dito que sempre que ia na tal padaria via vários garotos lindos lá. Resolvi a seguir. Assim que ela virou uma esquina eu fiquei parada observando ela ir, mas percebi uma movimentação suspeita. Foi quando um carro de vidros escuros e sem placa parou do seu lado e ela foi puxada para dentro dele. E o carro acelerou rapidamente, mas eu corri atrás dele e gritei o mais alto que pude, ainda correndo. 

"O carro entrou em um beco e quando eu cheguei lá fui surpreendida pela escuridão do lugar, mas o carro estava logo na minha frente. Chegando mais perto coloquei o rosto entre as mãos no vidro do carro, tentando ver o que tinha lá dentro. Não consegui ver nada, então abri a porta, revelando minha irmã amarrada e amordaçada que chorava e balançava a cabeça em um não, indicando que o que eu fiz foi errado. Então soube na hora que estávamos ferradas. Os caras me surpreenderam por trás, me desmaiando com uma pancada. 

Para de falar enquanto controla a voz. 

— O que houve depois? — Pergunto. 

— Mirella! Não vê que essa história não faz bem pra ela?! — Jess me repreende.

— Não, eu termino de contar, tudo bem. — Abre um sorriso fraco e continua: — Quando acordei já estava aqui, procurei por minha irmã mas não há achei e eles não falavam nada pra mim. Eles me trataram bem no inicio. Cuidaram de mim, eu achei que ficaria tudo bem e que voltaria a rever minha irmã e minha família que havia ficado onde eu morava. Mas foi em um belo dia, quando o cara que sempre levava coisas pra mim e dizia que eu voltaria pra casa, me disse que minha hora havia chegado. Eu pensei que voltaria naquele momento, mas não. Sabe, eu era virgem e eles valorizam muito isso. Eu fiquei sendo tratada diferente por meses. Mas só descobri que eu tinha que continuar como era, ou muito próxima a isso, pelo menos, até acharem colecionadores. 

— Colecionadores? — Pergunto intrigada. 

— Sim, isso aí. Mas são colecionadores de coisas bizarras e até doentias. Esse cara era um senhor de mais ou menos 60 ou 65 anos. Ele havia pagado milhões por mim. Fui levada pra ele sendo pura e imaculada. Fiquei em uma casa com ele e ele me explicou o que faríamos lá. Disse ficaria com minha virgindade, foram exatamente essas palavras. Eu fui vendida pra ele que me usou de todas as maneiras. Mas sempre foi gentil comigo, de uma forma estranha, mas foi. 

"Eu acho que fiquei com ele por um ou dois meses. Depois ele me devolveu pra cá — fala com nojo. — Sabe, às vezes preferia ter ficado com ele do que ter voltado pra cá, pois quando voltei fiquei sendo apenas mais uma. Eles me colocavam para transar com todo tipo de cara e até com mulheres às vezes. E nunca me explicaram o porquê de tudo isso. Quando encontrei com a Margo resolvemos no rebelar, falamos que não iriamos mais fazer isso e que eles deveriam nos explicar o porquê de estarmos aqui. A única coisa que ganhamos foi um surra bem dada e mais coisas que prefiro não falar. Aprendemos a sempre fazer o que nos mandam sem questionar. 

Fico sem palavras, não sei o que fazer pois provavelmente vão fazer isso com a gente também. Keel mentiu todo esse tempo. Somos apenas mais uma mercadoria e aqui é uma grande loja de todo tipo de ser humano que é vendido e pode ser devolvido a qualquer momento.

 Somos apenas mais uma mercadoria e aqui é uma grande loja de todo tipo de ser humano que é vendido e pode ser devolvido a qualquer momento

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Thanks!

Kess.

13.01.2016

Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.Onde histórias criam vida. Descubra agora