Ouço vozes alteradas e acordo assustada pensado na possibilidade de ser dentro do quarto, mas não é, graças a Deus. Vou na direção da porta e encosto minha orelha na tentativa de escutar mais coisas.
— Me soltem! Seus ogros! Cadê minhas amigas? O que fizeram com elas? — Jess, eu tenho certeza que é ela!
Abro minha mão, sentindo o material da chave se desgrudar da pele, deixando um leve ardor e vendo que deixara uma marca vermelha no seu formato na minha palma. Destranco a porta e abro lentamente observando algumas meninas olhando a cena da Jess sendo imobilizada por dois homens de branco. Ela veste um sobretudo cinza escuro. Rapidamente abro a porta e, antes que possa sair em sua direção, Keel aparece e me puxa pela cintura para dentro do meu quarto.
Ele joga as sacolas que tem em seus braços e me segura enquanto me debato.
— Me larga, Keel! Tenho que ajudá-la! Eles a estão machucando...
— Droga, Mirella! Fique quieta! — Suspiro e faço o que me pede e lentamente ele me solta.
— Vamos ajudá-la — suplico.
— Eu vou ajudar ela. Você vai ficar aqui e vai tomar um banho. — Aponta as sacolas — Ali tem tudo que precisa, vai. — Olho relutante das sacolas para ele. — Quanto mais você demorar, mais demoro para ajudar a Jess. — Rapidamente pego as sacolas e levo para cima da cama.
— Já estou indo, agora você pode ir lá ajudar ela. — Falo pesquisando o que tem dentro das sacolas.
— Não saia daqui enquanto eu não voltar.
— Ta bom.
— Promete? — Pergunta estendendo o mindinho.
Revirando os olhos, respondo:
— Prometo. — Cruzo meu dedo com o dele.
Assim que ele sai, escuto a porta sendo trancada. Olho para as sacolas e em uma delas tem alguns vestidos; na segunda tem duas toalhas de banho e alguns produtos de limpeza corporal, como sabonetes e shampoo. Também tem dois pares de chinelos. E por último tem uma com roupas íntimas, o que me deixa com o rosto pegando fogo só de imaginar que o Keel pegou em todas elas.
Pego a toalha, um vestido, uma calcinha e um sutiã e entro no banheiro, ligo o chuveiro e vejo que só tem água gelada. Lavo meu cabelo, escovo meus dentes, saio do banheiro já vestida e penduro a toalha na cabeceira da cama. Sento-me e fico apreensiva na espera pelo Keel voltar com notícias da Jess. Observo a chave sobre a penteadeira e pego ela não sabendo se devo sair atrás da Jess.
Quando penso em levantar, escuto a porta sendo destrancada e Keel entra por ela me olhando sério.
— Vamos.
Levanto rapidamente e vou em sua direção. Ele fecha a porta e volta a tranca-la, me leva até o quarto ao lado, o abre e revela a Jess sentada na cama de costas para a entrada. Também tem algumas sacolas em cima de cama, o quarto é como o meu, só muda a direção do banheiro que fica de frente para porta de entrada.
— Jess! — Corro em sua direção a abraço assim que ela se vira e me vê.
— Ah! Graças a Deus! — Aperta-me em seus braços. — Achei que esses malditos tivessem feito alguma coisa com você — sussurra.
— Na verdade — solto-me de seu abraço — ele me tratou muitíssimo bem. — Ela olha para o Keel que continua na porta, que agora está fechada, nos olhando, e torce o nariz.
— Sei... — Falando mais alto completa: — Como se esses trogloditas fossem capazes de interagir gentilmente com alguém. — Keel apenas solta um risinho debochado.
— Pegue algumas roupas e vai tomar um banho, é libertador — digo tentando mudar de assunto.
— Boa ideia. — Sorri pra mim enquanto pega uma toalha e começa a desabotoar o sobre tudo, mas para e olha para o Keel. — O que é, vai ficar me olhando? — Pergunta encarando ele que não diz nada, apenas a olha com um sorrisinho no canto da boca. — Tudo bem então.
E rapidamente termina de desabotoar seu sobre tudo o jogando no chão.
— Jess! — A repreendo e olho para o Keel que analisa o corpo dela. — Keel, por favor! — Peço e ele rindo fica de costas. — Você tem sérios problemas — digo para Jess que pega a toalha, sua roupa e corre para o banheiro.
Se passa um tempo e a única coisa que ouvimos é a água do chuveiro.
— Keel, e a Myrcella e a Diandra? Onde elas estão?
Ele pega a cadeira da penteadeira dela e senta próximo a mim.
— Ainda na enfermaria, pelo jeito você e a Jess são mais fortes do que imaginávamos. Aquilo que aplicamos em vocês era um sonífero muito forte, mas vocês duas acordaram antes.
— Por que não nos coloca no mesmo quarto? Seria bem melhor e...
— Já quebrei regras demais com vocês, Mirella. Tente respeitar as mínimas, senão vai ser muito pior.
— E, se não seguirmos essas regras, ele que vai se ferrar. Não quer que saibam que ele é um traidor. Por iss... — Jess fala de repente, nem havíamos visto ela saindo do banheiro. Mas antes que ela complete sua frase, Keel voa em sua direção segurando em sua garganta e a empurra bruscamente contra a parede.
— Escuta aqui, garota, eu estou fazendo tudo isso pra manter vocês em segurança aqui! Quero ver se você iria aguentar uma única noite, só uma, não precisava de mais, com essa maldita porta destrancada. — Ela tenta tirar a mão dele de sua garganta para respirar e eu não consigo sair do lugar. — Queria só ver você se arrastando nos meus pés implorando por ajuda! Sabe, eu iria adorar fazer tudo que tenho em mente com você e aqui! E aposto que todos os outros caras desse maldito lugar também, porra! Então cala a porra da boca e agradeça por toda essa merda que tô fazendo por você e por suas amigas! — A solta bruscamente e ela desaba no chão respirando fundo e tossindo em busca de ar.
Corro em sua direção e a ajudo a levantar a levando para cama logo em seguida. A todo momento ela coloca as mãos no pescoço.
Só escuto a porta batendo com força e o barulho dela sendo trancada vem em seguida.
— Tudo bem, Jess? Me desculpe, não consegui reagir... — Com a voz falha ela me corta:
— Tudo bem, Mirella. Eu não devia falar assim. Não sei quem eles são e do que são capazes.
— Eu nunca tinha visto ele daquele jeito... Ele é tão gentil comigo... — Sussurro incrédula.
— Não podemos confiar neles. — Me olha — Em nenhum deles, o.k.?
— Eu sei, mas...
— Mas nada, Mi. Só não confie. Nunca.
Thanks!
Kess.
13.01.2016
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Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.
RomanceLivro I da série Corrompidos. Ela é inocente. Ele é perverso. Ela é tímida. Ele é bruto. Ela é pura. Ele é corrompido. Ela é doce. Ele é frio. Ela virou sua propriedade. Ele seu dono. Ela obedecia. Ele mandava. Ela aprendia. Ele ensinava. Ela era se...