XLVIII.✓

13.2K 966 77
                                    

Ouço batidas na porta e acordo assustada olhando para o quarto incomum que estou

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ouço batidas na porta e acordo assustada olhando para o quarto incomum que estou. Não foi um pesadelo.

— Mirella? — A voz arrastada de Estevan ecoa do outro lado. — Abra a porta, por favor. Desculpa meu anjo, me desculpe, por favor. Não faz isso... Mirella, por favor. — Não me lembro de nenhuma vez que ele tenha dito tantos "por favor" pra mim. Sua voz sai cada vez mais baixa.

Levanto-me e caminho até a porta em silêncio, tocando minha testa e espalmando minha mão aberta sobre ela. Meu coração pesado e minha estômago embolado. As lágrimas ainda teimando em cair de meus olhos.

— Você... — sua voz sai tão baixa que só escuto por ter me aproximado. — Você precisa comer alguma coisa — fala mais alto. — Prometo não fazer nada, nem vai me ver. Mas desça para comer algo, precisa se alimentar. — Meu estômago ronca, mas não sairei desse quarto. — Por favor, meu anjo... Desculpa — pede novamente, falando baixo.

Ele fica em silêncio por um tempo e respira fundo, depois escuto seus passos se afastando. Volto a deitar na cama abraçando forte o travesseiro.

°

Meu estômago já reclama cada vez mais alto, meu corpo pedindo alimentos, quando novamente batem na porta. Faz cerca de uma hora que Estevan havia saído daqui.

— Mirella, sou eu, Gilee. — Levanto correndo até a porta.

— Gilee? Está sozinho? — Pergunto colocando a chave na fechadura.

— Sim. — Abro a porta com cautela, vejo que Estevan está no batente da escada nos observando. Sua feição é abatida.

Gilee entra e eu volto a fechar a porta.

— Ele mandou isso. — Entrega uma bandeja com um lanche e um copo de leite.

— Me leva daqui — peço ignorando a comida mesmo com meu estômago gritando por ela.

Ele sorri triste.

— Eu vou. — Respiro aliviada. — Você está péssima — observa analisando meu rosto.

— Vamos embora logo. — Gilee respira fundo desviando o olhar para o chão.

— Ele está acabado. Você sabe que se sair daqui ele vai estar no fim do poço, não sabe?

Engulo em seco sentindo meu peito apertar.

— Ele quem fez isso, Gilee. Ele está... Me matando. — Fecho os olhos com força tentando em vão conter as lágrimas. Gilee me abraça enquanto choro em silêncio. — Por que ele faz isso? Por que quer me prender desse jeito? Eu gosto tanto dele, Gilee, mas tanto... — Um soluço escapa. — Mas não posso continuar com assim. Ele está preso com essa culpa, com esse medo de perder as pessoas. Estevan tem esse fardo nos ombros, entende? Isso pesa tanto pra ele quanto pra qualquer outro ao seu lado. — Gilee limpa minhas lágrimas e acaricia meu rosto. — Eu queria tanto que ele tirasse isso de cima dele... Ele precisa seguir. E só ele pode fazer isso. — Gilee concorda me abraçando.

Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.Onde histórias criam vida. Descubra agora