Livro I da série Corrompidos.
Ela é inocente.
Ele é perverso.
Ela é tímida.
Ele é bruto.
Ela é pura.
Ele é corrompido.
Ela é doce.
Ele é frio.
Ela virou sua propriedade. Ele seu dono. Ela obedecia. Ele mandava. Ela aprendia. Ele ensinava. Ela era se...
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Jess
Ouço duas batidas na porta e em seguida o Keel entra no quarto.
— O que você quer aqui? — Pergunto grosseira enquanto continuo a ler um livro velho e todo amassado que fala sobre uma mulher que acaba virando prostituta, irônico, não?! Mas sequer da para ver o nome do livro, a capa está toda descascada e as primeiras folhas, que provavelmente teriam o nome, estão rasgadas.
— Um pouco mais de educação seria bem-vindo. — Sorri ironicamente em minha direção. Reviro os olhos e volto minha atenção para o livro. — O que aquelas meninas andaram falando pra você e Mirella? — É direto me fazendo ficar surpresa, mas me recomponho rapidamente.
— Nada demais. — Continuo olhando para o livro, fingindo ler.
— Nada demais? Significa que disseram algo, o quê? — Insiste.
— Coisas sem importância — respondo vago.
Keel se irrita e arranca com violência o livro da minha mão.
— Ei! Cuidado, ele está...
— Me responde direito, porra! — Me olha enfurecido.
— Sei lá! Falaram qualquer coisa, droga. Coisas de garotas, talvez. — Sua expressão continua séria. — Só falaram seus nomes e como pararam aqui. Disseram que vocês também fizeram com elas o mesmo que fizeram com a gente. Que só estamos sendo tratadas assim para futuramente sermos vendidas como uma puta para um velho babão! E que vocês não se importam com a gente nem, malditamente, um pouco! Só se importam com a merda do dinheiro que vão ganhar! Também se fossem se preocupar não seria comigo, não é mesmo?! Aposto que tem prioridades além de mim. — Abro um sorriso falso e só reparo o que acabo de falar quando termino. As lágrimas querem escapar, mas não darei essa conquista pra ele. Abaixo o olhar e peço, controlando minha voz: — Agora, por favor, devolva meu livro. — Estico a mão ainda encarando o chão.
Sinto ele se aproximar e colocar o livro na minha mão. Quando vou puxar ele segura meu pulso me fazendo encara-lo e senta na minha cama, do meu lado, me observando.
— Isso que você acha? — Pergunta calmamente.
Desvio o olhar para o livro completamente danificado.
— É isso que sei — respondo por fim.
— Você não sabe de nada, Jess. — O olho em busca de explicação. — Você e todas essas outras garotas apenas acham que conhecem esse lugar, mas não fazem ideia de como pode ser pior. E pode. — Afasto-me dele soltando minha mão da sua.
