XXXVIII.✓

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Já é meu terceiro dia nessa casa, ontem vieram umas pessoas com alguns documentos que tive de assinar, além de ter que tirar uma foto, sem ter ideia pra que tudo isso

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Já é meu terceiro dia nessa casa, ontem vieram umas pessoas com alguns documentos que tive de assinar, além de ter que tirar uma foto, sem ter ideia pra que tudo isso. Não vejo o Estevan à dois dias, desde a discussão que tivemos. Não sei onde ele dorme, nem onde come, só sei que não é comigo. Pela primeira vez me impus à ele, deixando claro que sou um ser humano, que posso decidir por mim mesma. Ele pareceu tão abalado no dia, não parecia o mesmo Estevan autoritário e mal humorado de sempre, parecia uma garoto perdido, sem saber o que fazer, e quando saiu do quarto daquela forma, pra baixo e desolado, meu coração pesou. Mas não vou voltar atrás, preciso que ele entenda que não pode decidir as coisas por mim, e além disso ele precisa entender que o que fez foi errado, eu sei que se fosse outra pessoa talvez eu nem estaria mais viva, mas quero que ele entenda que isso não se faz, comprar um ser humano, ou vender.

Isso não é certo!

Fico imaginando como seria se eu ainda estivesse naquele lugar com as meninas, no bordel. Meu coração se encolhe ao lembrar delas. Não tenho a menor ideia do que pode ter acontecido, se estão bem, se estão vivas. Meu corpo treme só de imaginar a hipótese de algo ruim ter acontecido.

- Mirella? - Alyne me chama. Ela é ajuda Rose nas obrigações da casa, tem outros empregados que fazem a parte pesada. Elas ficam responsáveis por cuidar da comida, e quando necessário cuidam da casa quando Estevan fica fora, como pagamento de luz, água entre outras contas. Balanço a cabeça tentando me livrar dos pensamentos e me viro pra ela.

- Sim?

- Está tudo bem? Estou te chamando faz horas - comenta me observando preocupada.

- Desculpe, Alyne. Estava pensando. - Ela sorri sentando-se ao meu lado na borda da enorme piscina que tem na lateral da casa.

- Pelo jeito é coisa séria. - Coça a garganta. - A senhorita e o senhor Estevan são sempre assim?

- Não precisa me chamar assim. - Reviro os olhos.

- Certo, desculpe. É costume.

- Respondendo sua pergunta: não, não somos. Na verdade aquele dia foi a primeira vez que brigamos daquele jeito. - Ela ergue a sobrancelha surpresa.

- Nossa, por que algo me diz que não vai ser a última? - Sorri. Volto minha atenção para metade das minhas pernas dentro da piscina.

- É que às vezes ele é tão... Argh! Não sei, estranho. Ele é tão distante e tão calado, é frio e ao mesmo tempo carinhoso ao extremo... Não consigo entendê-lo, sabe? - Observo as pequenas ondas que formam quando mexo as pernas na água.

- Ele voltou diferente. Agora, por incrível que pareça, senhor Petterson está mais receptivo. Ele está sendo mais... gentil. - Olho pra Alyne curiosa. - Eu posso ser nova, mas ajudo minha avó aqui desde sempre. Cresci com ele. Vi como ele mudou, como se fechou e virou aquele cara estúpido e que não aceita que o contestem. Eu já estava me preparando pra chegada dele, ter que aguentar insultos e grosserias vindo dele. Mas aí... ele aparece com você. Inicialmente achei que pudesse ter te sequestrado, ter te trago a força, acredita? - Ri. - Cheguei a achar esses tipos de coisa. Porque imaginei que ninguém iria vir por vontade própria. Mesmo ele sendo terrivelmente lindo, se me permite dizer, quando alguém conversasse com ele já iria sair com o rabinho entre as pernas. Porque pensa em um cara cínico e cruel? Ele era assim - desabafa sorrindo abobalhada.

Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.Onde histórias criam vida. Descubra agora