XXXI.✓

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— Mas que maldição! — Ouço ao fundo alguém praguejando irritado

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— Mas que maldição! — Ouço ao fundo alguém praguejando irritado. Minha mente demora a assimilar a voz com a de Estevan e assim que o faz, acordo instantaneamente. A voz vem da sacada e eu caminho pra lá em silêncio.

Ainda está parcialmente escuro, mas o sol já ameaça sair no horizonte, consigo ver pela porta da sacada que está com a cortina aberta um pequeno espaço.

Paro diante à porta e abro mais o tecido sedoso da cortina, observando Estevan com um cigarro entre os dedos e o celular na orelha, de costas para a porta. Ele xinga furioso seja lá com quem falava:

— Quero que se foda toda essa porra! Você devia ter me avisado ao menos! Foi o caralho do meu dinheiro que... — Para escutando o que dizem, mas logo recomeça os insultos: — Que se dane você e essa sua demônia! Você não tem a porra do direito de me meter nessas suas merdas! Achei que tivesse deixado bem claro isso naquele dia. — Traga quase o cigarro todo em uma só vez, jogando o resto pela sacada e virando-se, fazendo eu me afastar da janela e fechar a cortina rapidamente, mas ainda consigo observa-lo pela parte que sobrara.

Estevan pega outro cigarro da pequena caixinha em cima da mesinha de centro e acende com um isqueiro prateado, depois volta a posição em que estava. Aparentemente ele está ouvindo o que estão falando do outro lado da linha, aproveito e volto para meu lugar inicial.

— E você me pede calma nesse momento? Tá falando sério?! — Sua voz sai puro ódio, quem quer que esteja falando com ele, deveria estar implorando clemência, que seria o que eu estaria fazendo, se fosse o caso. — Eu realmente não dou a mínima com o que vai acontecer com vocês, quero mais é que se fodam bem fodidos mesmo, e não no sentido malicioso da frase. Agora vou ter que mudar completamente a minha maldita vida por causa disso! Eles já conseguiram o telefone da empresa, seu merda! Isso por acaso foi coisa sua também? — Ri sarcasticamente. — Como vou saber? Já não duvido de nada. — O cigarro já está menos da metade. — Espero mesmo que resolva essa porra de situação em que me colocou, e que faça isso rápido! — Suga novamente e bafora a fumaça para o alto. — Um jeito fácil pra mim? — Ri. — Qual seria? — Seu sorriso irônico some do seu rosto tão rápido, transformando-se em uma cara de fúria. — O que...? Seu filho de uma puta de merda, nunca mais repita isso — seu tom é baixo e ameaçador. — Eu nunca a entregaria pra eles. Prefiro entregar sua maldita localização. — Ri novamente, mas dessa vez está pingando ironia. — Quer pagar pra ver? Acabo com sua festinha de estar ao lado dessa diaba e quero só ver o que vão fazer com ela... — Agora seu sorriso é perverso, monstruoso. — Eu adoraria participar da festinha, desde que estivesse você como principal espectador. — Ri mais alto. — Vou foder sim, mas vai ser essa quem tanto você quer esconder. E vai ser muito bem fodido ainda — fala baixo me causando pânico.

O que está acontecendo?

Ele ri ainda mais tirando o telefone do ouvido e olhando a tela.

— Filho da puta — sussurra terminando o cigarro e o jogando pela sacada enquanto guarda o telefone no bolso. Ele pega outro cigarro, coloca entre os dente e pega o isqueiro para acende-lo, mas nesse momento seu olhar encontra o meu através da porta da cortina aberta pela metade. Estevan arregala os olhos largando o cigarro e o isqueiro em cima da mesinha bruscamente enquanto caminha na minha direção com os olhos em chamas. Afasto-me andando de costas até chegar a cama, onde sou impedida de continuar.

Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.Onde histórias criam vida. Descubra agora