Observo o sol nascendo ao longe. É o terceiro dia que estamos aqui. Eles não falam mais que o essencial conosco, não nos dizem para onde vamos, nem quando, e nem o porquê de estarmos aqui. Nos alimentamos no máximo duas vezes por dia, eles trazem alguma coisa para comermos, normalmente lanches. E quando temos que ir no banheiro, eles nos levam e ficam lá dentro nos observando. Até hoje não fui, mas não estou mais aguentando segurar. Olho para os lados; todas elas dormem. Tyan está mais a frente, encostado no corrimão da escada. Olho para ele e penso em chama-lo, mas tenho medo dele fazer alguma coisa comigo, prefiro esperar Keel vir em algum momento, ele parece ser o único que não fará mal, mas quem sou eu pra julgar alguém já que antes imaginei que o Ivan fosse bom.
Quando acabo de concluir esse pensamento, minha bexiga parece que enche mais do que é permitido, me fazendo apertar minhas coxas.
— Ãhm... Tyan... — Ele me olha entediado, como todas as vezes. — Eu... Eu preciso... — Antes de terminar a frase, Keel sobe as escadas trazendo a típica sacola com nossas comidas.
— Precisa do quê? — Ele pergunta olhando do Tyan para mim. Olho para baixo, envergonhada. Ele se aproxima e se abaixa, próximo a mim. — Diga, Mirella. Pode confiar — sussurra. Aperto ainda mais minhas coxas.
— Preciso muito ir ao banheiro... por favor — peço angustiada. Ele me olha surpreso e rapidamente pede a chave da algema para Tyan.
— Achei que você não fizesse necessidades, desde quando chegamos aqui não tinha pedido isso. — Ajuda-me a levantar e me conduz, segurando em minhas mãos.
— Fiz o possível para segurar, mas agora não está dando mais. — Sussurro sem graça.
Descemos as escadas e vejo Thereese deitado em um sofá, perto da mesa que Ivan costuma ficar.
Vamos em direção a única porta sem ser a de entrada. Ele a abre e me deixa passar depois entra e quando me olha percebe que estou com medo. Então se abaixa na minha frente e pega em minha mãos.
— Ei, tudo bem. Eu tenho que ficar aqui, são ordens. Pode ficar tranquila, não farei nada de mal. — Seu olhar transmite confiança. Assinto positivamente. — Vou me virar de costas e você pode fazer o que quiser, nem vai perceber que estou aqui. — Balanço a cabeça positivamente novamente e ele se vira, encostando na porta. Será impossível fingir que ele não está aqui, mas com todo custo ergo a camisola e abaixo a calcinha, observando ele que nem se mexe.
Depois de aliviar minha bexiga e me limpar, vou em direção a pequena pia que tem na frente da privada. Olho no espelho e percebo que eu estou com o rosto um pouco sujo e meu cabelo está terrível. Mas não consigo me importar com isso. Abro a torneira e levo minha mão para debaixo da água gelada sentindo uma sensação maravilhosa. Lavo meu rosto e minhas mãos.
— Hum... terminei — falo rápido fazendo ele se virar com um sorriso terno.
— Vamos. — Abre a porta e me deixa passar primeiro, depois me leva pelo mesmo caminho.
Assim que terminamos de subir as escadas, vejo o olhar aliviado de Jess em minha direção.
— Graças a Deus, Mi! Achei que eles estivessem fazendo alguma coisa com você. — Me abraça com a mão que está livre, enquanto eu sinto Keel prender uma das minhas mãos na grade da janela novamente. Jess me solta e olha me olha, depois olha o Keel, preocupada. — Eles fizeram alguma coisa com você? O que você estava fazendo com ela? — Questiona olhando desafiadoramente para o Keel.
— Jess para! — Arregalo os olhos preocupada. — Ele me levou ao banheiro, apenas. E foi muito gentil. Não seja grossa. — Keel sorri e sai, ignorando totalmente a Jess.
— Então... — Ela me olha atentamente, me estudando. — Ele não fez nada, certo?! — Confirmo e sorrio abrindo as sacolas e pego uma garrafa de água de e um lanche. — Hunf, bom mesmo, se não...
— Se não o quê? Bateria neles com uma única mão? — Ela me olha surpresa e depois desvia o olhar também pegando um lanche e comendo. — Desculpa — suspiro ressentida. — Estou um pouco irritada com tudo isso...
— Tudo bem. — Sorri e assente. — Eu te entendo.
°
— O que vocês acham que vai acontecer agora? — Pergunta Myrcella preocupada.
— Talvez algo bom — falo esperançosa.
— Ou não — contradiz Jess.
Olho para a Diandra que está encolhida, tentamos falar com ela, mas não deu certo. Ela continua encolhida sem falar com ninguém.
— Peguem as garotas! Já podemos ir. — Escutamos Ivan gritar.
Thereese e Keel surgem subindo a escada, vindo na nossa direção. Thereese solta primeiro Cee e Diandra, falando para Keel esperar. Depois me solta e solta a Jess, vai em direção ao Keel pegando Myrcella e Diandra pelo braço e entrega a Jess e eu para ele e nos leva para fora do galpão.
Assim que saímos, Ivan nos espera ao lado de um carro bem grande. Tyan começa a andar na nossa direção com quatro seringas na mão. Se aproxima do Thereese e da uma seringa para ele, Myrcella arregala os olhos e tenta se soltar das mãos do Thereese, assim como a Diandra. Tyan segura Diandra a jogando no chão a presando contra o mesmo. Estica o braço e aplica a injeção nela, fazendo com que ela se debata um pouco. Thereese conversa com Myrcella, a segurando muito forte e calmamente aplica nela também.
Nem notei que estou me escondendo atrás do Keel, segurando firme em sua camiseta. Jess me olha apavorada.
— Me ajudem aqui, isso não vai fazer mal. Vocês precisam deixar eu aplicar. — Keel sussurra para nós duas.
Tyan se aproxima trazendo duas seringas com ele. Keel entrega Jess que sem resistência deixa que Tyan aplique o que quer que seja o conteúdo no interior da seringa nela. Depois Keel me olha nos olhos e pega meu braço e estica, minhas pernas estão bambas e eu seguro o choro. Ele então desvia o olhar para onde a agulha entra, me causando uma pequena dor incômoda, e injeta o liquido em mim. Fico tonta instantaneamente, preciso me apoiar nele. Sinto que não suporto mais meu peso e desabo em seus braços que firmemente me apoiam. Logo depois sinto meu corpo sendo suspenso, para em seguida desmaiar.
Que Deus nos ajude.
Thanks!
Kess.
13.01.2016
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Inocência✓ - Livro 1 da série Corrompidos.
Storie d'amoreLivro I da série Corrompidos. Ela é inocente. Ele é perverso. Ela é tímida. Ele é bruto. Ela é pura. Ele é corrompido. Ela é doce. Ele é frio. Ela virou sua propriedade. Ele seu dono. Ela obedecia. Ele mandava. Ela aprendia. Ele ensinava. Ela era se...