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Não havia luz, tudo estava tão sufocante. Podia gritar e gritar, mas a ajuda nunca chegava, tatear pelo chão era perigoso assim como se mover, a escuridão engolia sua coragem, deixando apenas o medo e choro angustiante.
_Por favor...por favor... - Any se debatia na cama, implorando pela liberdade, mas seus pés estavam presos, as mãos estavam doloridas e sangrando - Me deixa sair...
_Any...Any...acorda! - Mai a sacudia sem parar - Acorda Any, tá tudo bem.
Any abriu os olhos cheios de lágrimas, o medo visível no azul turbulento, as mãos suavam, os cabelos estavam molhados, a respiração acelerada e ofegante. Levou um tempo até reconhecer o seu quarto e se deixar cair chorando nos braços da amiga.
_Calma Any, foi só mais um pesadelo. - Mai acariciava os cabelos dela como se fosse uma criança - Você precisa desabafar sobre esse problema com alguém Any.
_Não...não...eu não...posso - falou entre soluços - Não...quero.
_Mas precisa. Você não contou qual é o problema nem mesmo pra mim. Precisa confiar nas pessoas e se abrir.
_Não. - a voz saiu abafada pela blusa de Mai - Só...só preciso...me acalmar.
_E vai se deitar e ter o mesmo pesadelo outra vez. - revirou os olhos conhecendo bem a situação.
_É só deixar a luz acesa... - os olhos suplicante.
_Mas estava acesa Any, você... - foi interrompida pelo celular de Any que começou a vibrar.
_Any, minha fadinha, você está bem? - a voz de Alfonso soava com agonia do outro lado - Eu senti um aperto no peito, precisava ligar pra você.
_Tá tudo bem Ponchito. - a voz ainda rouca e embargada peelo choro.
_Não, não tá. Você estava chorando Any, o que aconteceu?
_Eu estou bem agora...
_Se não me disser o que houve, eu vou até aí. - determinado a saber mais sobre a situação.
_Eu só tive um pesadelo, nada demais. - sorriu enxugando uma lágrima teimosa, ele estava preocupado com ela - Eu vou ficar bem.
_Por favor Any, qualquer coisa me liga. Você é tudo pra mim.
_Só por saber isso eu já me sinto bem melhor. Você também é muito importante pra mim Pon. Sempre foi. - se despediu com um beijo se sentindo mais calma.
_Certeza que tá tudo bem? - Mai quesitonou ainda preocupada.
_Tenho sim. - beijou a amiga e sorriu - Obrigada Mai.
Mai voltou para o seu quarto e Any se virou para dormir.
Any sabia que deveria procurar ajuda psicológica, mas tinha tanta vergonha e tanto medo de expor o que acontecera. Ela estava longe daquele inferno e longe daquelas pessoas ruins, não podiam mais fazer mal algum a ela. Estava segura agora.
Desde a noite em que tivera o primeiro pesadelo, essa era a primeira vez que voltava a dormir tranquila. Pelo menos naquele final de noite.

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