Olhava pela janela do pequeno hotel enquanto tragava um cigarro. Quando levantou da cama viu que eram quatro da manhã, tinha que ir, o ônibus da sua irmã sairia da rodoviária as seis. Ela provavelmente sairia uma meia hora antes de casa. Estava sentada no beral da janela de onde se via a rodovia. Depois de as coisas terem esquentado muito no carro de Letícia, ela a convidou para irem até um hotel, era a única opção que tinham, não podiam ir na casa de nenhuma das duas. Antônia não se importou, foram para o hotel que ficava literalmente a beira de uma estrada. Não era ruim, era limpo, tinha uma cama, era isso que precisavam.
Vestia só a camisa que chegou ali, tragando o cigarro ficou lembrando dos carinhos que trocou com Letícia durante toda a noite, foi bom, foi gostoso. Letícia estava afoita.
Subiram a pequena escadaria até o quarto, aos beijos, ouvia Letícia gemendo enquanto beijava seu pescoço.
-Gostosa – Sussurrava em seu ouvido – Ta me querendo há dias né?
Abriram a porta do quarto, era pequeno logo caíram na cama, Antônia por cima de Letícia.
-Aham – a que estava por baixo murmurou entre os beijos que trocavam – To te querendo muito você nem imagina.
Lembrando do que tinha sido a noite, Antônia estava satisfeita, havia sido muito agradável, Letícia era ótima, se deram bem logo de cara então por que estava sentindo um vazio? Por que não conseguia se orgulhar de mais uma conquista a ponto de pedir um maço de cigarros na recepção do hotel e ficar ali fumando, com um sentimento melancólico que ela não sabia explicar de onde surgia?
Lembrou de algo que Letícia lhe disse logo que saíram da "praia" no carro dela.
-Quem bom que a Valentina gosta de você, ela é ótima – Dizia
-É, é sim – Antônia respondeu com um olhar longe e um sorrisinho nos lábios, lembrando-se de ter sido até carregada por ela naquela tarde deliciosa.
Letícia completou sem nem perceber o efeito que aquilo poderia causar na pessoa que ela dirigia aquelas palavras.
-Ela tava parecendo sua mãe, toda preocupada, meio sem jeito de te ver saindo comigo. Ela com certeza sabe de mim, deve saber de você também né?
Antônia arregalou os olhos. Mãe? De onde aquela garota tirou aquilo?
-Mãe, Letícia, tá maluca? Valentina nem deve ter idade pra ser...- se calou lembrando-se que Valentina era exatamente vinte anos mais velha do que ela, poderia tranquilamente ser sua mãe, mas não era, isso que era importante – Ela é minha amiga, não tá nem perto de agir como minha mãe, que horror.
Letícia percebeu o quão aquilo deixou Antônia irritada, não entendeu porque, mas não disse mais nada sobre Valentina.Mãe? Que absurdo, nunca, Valentina era completamente diferente do que ela conhecia como mãe e ainda bem, aquilo é que a deixava interessante, tratar Antônia de igual pra igual, zelava por ela, mas sabia que não era uma garota boba, fazia tudo na dosagem que agradava Antônia, tudo. E aquelas sensações que Antônia estava começando a tomar consciência que Valentina causava em seu corpo? Aquilo estava bem longe de ser carinho maternal.
Acordou Letícia, pediu carinhosamente que a levasse embora, explicou a despedida da irmã. Logo elas levantaram, Antônia foi quem pagou a conta, saíram rindo da cara que o recepcionista olhava para elas.
-Pronto, ele tem historia ara contar a semana inteira – Letícia dava partida no carro ainda riam- Sim, tem sim.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomantikValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...