Sábado a loja também ficava aberta o dia todo, porém havia um revezamento de funcionários e era fechado mais cedo do que em dias de semana normal. Antônia ajudava no fechamento quando viu Rose estacionando o carro da fábrica na loja. Uma encomenda urgente fez com que Antônia pedisse para que Rose fizesse a entrega.
-Tudo certo? - Perguntou quando Rose se aproximou, vinha com aquele jeitão meio malandro que ela tinha.
-Claro gata, e eu faço alguma coisa errado?
Antônia riu, agradeceu por ela ter lhe quebrado o galho, era cliente novo, fez uma grande compra e pediu entrega naquele mesmo dia, geralmente Rose não trabalhava aos sábados, apareceu na loja de bobeira e foi providencial, se não um dos atendentes ou ela mesma teria que ir, o movimento estava intenso, não queria deixar a loja desfalcada. Aliás estava notando que com o movimentos intenso aos sábados, talvez a escala de revezamento exigiria alguma mudança e para ficar atrativo mudar essa escala entre os funcionários, poderiam trocar o sábado por uma segunda, por exemplo, que era um dia com bem menos movimentado, iria discutir isso com Atílio.
-Quer que eu te leve pra casa?- Ofereceu Rose
Antônia arrumava alguns últimos itens que estava fora da prateleira e aceitou a carona, isso aliás era algo que a estava incomodando, Valentina dizia que ela podia pegar o carro da empresa quando quisesse e se precisasse todos os dias não tinha problema, mas ela achava que era muita responsabilidade ficar com algo que não lhe pertencia com tanta frequência, além do mais nem sempre tinha carros ali, eles eram poucos, vários não voltavam de entregas no mesmo dia, não era algo que ela podia depender. Ninguém dava carona de mal grado, mas ela já não se sentia bem, muitos dias conseguia pegar o último ônibus que a levava em casa, mas se precisasse sair mais tarde acabava dependendo de carona.
Já havia tomado uma decisão, porém queria esperar mais um pouco, juntar um dinheirinho do salário. Mas como o salário era bem maior do que o esperado e ela ainda tinha uma pouca economia das coisas que vendeu em Campo Grande, Antônia decidiu que compraria uma moto.
Em Campo Grande, logo que fez 18 anos tirou carteira de moto e carro, tinha o sonho de pilotar uma moto, como trabalhava desde cedo, logo já tinha sua própria moto e foi assim até os 22 anos, quando sofreu um acidente. Um carro furou o sinal e a pegou, por sorte ele estava em velocidade baixa, se não o estrago seria enorme. Antônia já havia passado por alguns contratempos no trânsito onde ninguém respeita motociclistas, porém aquele acidente a assustou, não sofreu nada grave, vários ralados e uma luxação no braço apenas, mas ficou tão traumatizada que vendeu sua moto e nunca pegou em uma.
O que a fez repensar a ideia de voltar a ter uma moto, era o fato de Cântico ser pequena, não teria grandes problemas com trânsito e ainda pegaria parte em estrada. Não tinha dinheiro suficiente para um carro e nem queria entrar nesse financiamento, mas uma moto simples dava para pagar e bancar a gasolina e manutenção tranquilamente.
-Felipe - gritou Antônia para o funcionário que estava do outro lado da loja, ajudando-a a fecha-la - To indo, aqui já ta tudo ok, termina de fechar pra mim?
O tal Felipe fez sinal de positivo e Antônia saiu com Rose para o estacionamento da loja.
-To sem a moto - Rose explicou - Precisei levar pra manutenção - Rose tinha uma bela moto e era a mesma que usava para trabalho - Vamos no carro que eu fiz a entrega, falei com a Valentina ela ta de boa, trago o carro de volta na segunda.
Entraram no carro, já estavam na estrada quando Antônia falou com Rose:
-Rose, to querendo comprar uma moto, você podia me ajudar né? Não sei aonde comprar uma aqui. Eu quero usada mesmo, não posso comprar zero e...
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomansValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...