Capítulo 47

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 Debruçado no corrimão do píer da capela, Jadson aguardava a chegada de Antônia. Fez questão de chegar antes, percebeu pelas palavras dela no email respondido que a mesma ficou desesperada, tanto que marcou encontro imediatamente para o dia seguinte. Seria fácil, em poucos dias poderia ir embora daquela cidade e com uma boa grana.

  Estava tão desesperado por dinheiro, louco para sumir daquele lugar que numa tarde, no inicio da semana, chegou em casa e não havia ninguém, não pensou duas vezes, sabia que da mãe não acharia nada, mas Rose poderia ter alguma coisa, algo de valor, aproveitou o quarto aberto e revirou tudo o que pode, gavetas, guarda roupa, tentou deixar tudo como estava para não gerar desconfiança. Mas a cada gaveta remexida, ficava mais desanimado, não havia nada, a irmã era mesmo uma pobre coitada, sem nada. Pendurada em uma cadeira que ficava na mesa de estudos no canto do quarto, havia uma calça, ao menos alguns trocados poderia encontrar ali. Enfiando a mãos nos bolsos percebeu que no de trás tinha um envelope e imediatamente o abriu. De primeira não reconheceu as duas mulheres que se beijavam na foto encontrada dentro do tal envelope, mas aproximando mais a foto dos olhos reconheceu primeiro Antônia e demorou a acreditar na outra pessoa que identificava na foto. Mas sim, era Valentina, a dona de uma das maiores empresas da região, sua irmã mesmo trabalhava para ela, aquilo só poderia ser um sonho. Antônia amante da poderosona, que era casada, tinha filho, ele sabia disso. Aquilo era uma mina de ouro, abriu o notebook da irmã que estava sobre a mesa, escaneou a foto e mandou para seu email, apagou todos os vestígios possíveis, o histórico de seu email no notebook da irmã, o uso do aparelho para scanear a foto. Ajeitou tudo como encontrou. Deixou a cópia da irmã onde achou. Teve que insistir e inventar uma desculpa qualquer para que Rose desse o email de Antônia a ele, mas conseguiu. E agora estava ali vendo Antônia chegar de moto para encontra-lo.

Ele sorria enquanto ela se aproximava, segurava o capacete nas mãos, estava séria.

-Fala logo o que você quer Jadson – Vendo-o sorrir para ela, com aquela típica cara cínica que ele tinha, teve vontade de acertar a cara dele com o capacete, se tivesse forças o suficiente, faria. Ficou tão desesperada com o email que recebeu, que prontamente respondeu marcando um encontro pessoal com ele. Era melhor esclarecer tudo cara a cara, pensou primeiro em um local público, mas plateia não era o ideal para o tipo de discussão que teriam, então lembrou do píer da capela, era arriscado encontrar com Jadson sozinha, mas tanta coisa era arriscada naquela história toda que precisou escolher qual risco correr.

O dia não estava tão ensolarado, algumas nuvens deixavam o sol enfraquecido, mas estava abafado. Era seu horário de almoço, então teria que ser rápida e quanto menos alongasse aquilo, melhor.

-Calma gata, ta tudo bem com você? – Jadson ainda sorria, estava tão convencido que a situação era totalmente favorável a ele, que não conseguia disfarçar a satisfação.

-Jadson, sem enrolação, fala logo – Antônia só queria ver o fim daquela situação, continuava séria. Não contou a ninguém do email que recebeu, nem Rose e se assim pudesse, permaneceria com aquilo só para si.

Ele continuava sorrindo, se aproximou mais dela que, mesmo com o capacete pendurado em um dos braços, permanecia com os mesmos cruzados e mal se movia, devagar ele deu uma volta em seu corpo.

-Você fica até mais linda bravinha assim, sabia? – Estava nas costas dela, aproximou o rosto de seu pescoço e cheirou, Antônia deu dois passos para frente se afastando. Enojada.

-Nem pensa nisso Jadson – Se virou para ele, embora estivesse firme, estava morrendo de medo e muito antes do que imaginava já se arrependia de ter o encontrado naquele lugar.

-Pensar no que? – Continuava sorrindo, deu um passo a frente, para se aproximar – Bom, to vendo que você quer se livrar logo né? Com razão, você tem a bonitona rica né? Não precisa desse pobre coitado aqui – Dizia com total cinismo vendo Antônia ficar cada vez mais ofegante e a pele avermelhando de raiva – Tá bom, não vou enrolar não. Trinta mil, eu quero trinta mil reais pra sumir daqui e deixar você e sua amantezinha em paz.

Destino Insólito (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora