Não havia nada de anormal, estranho ou fora de contexto em chamar a amiga e a irmã para passar uma manhã de sábado juntas. Foi pensando nisso que Joana convidou Antônia e Valentina para irem a prainha, segundo ela, um encontro entre amigas. Aproveitou que sua irmã estaria de folga e coincidentemente Valentina também. Antônia folgava na maioria dos sábados, mas naquele fim de ano estava trabalhando todos os fins de semana. Incrivelmente naquele sábado não, acordou cedo, usava roupas leves, arrumou alguns lanches em um cesto, como se de fato fosse a praia ou algo assim. Prontamente se convidou para acompanhá-la e sugeriu chamar Valentina também. Nada daquilo era sem intenção.
Alguns dias antes quando esteve com Atílio fez algumas perguntas e pela reação dele, pode perceber que não era a única com desconfianças.
Estavam os dois deitados na cama de Atílio, quando Joana comentou de repente.
-Antônia e Valentina ficaram bem amigas né?
Encostada no peito dele, o sentiu suspirar profundamente.
-Parece que sim – a mesma resposta vaga que recebeu da primeira vez que fez a mesma observação. Se levantou erguendo a cabeça, de modo que pudesse encará-lo.
-Elas ficam muito juntas Atílio? Sabe se elas saem muito?
Respirando profundamente Atílio sentou-se na cama. Não tinha nada a ver com as intimidades de Valentina.
-Por que você está me perguntando isso?
Joana também sentou, não se importou em ficar com o tronco nu a mostra.
-Porque eu quero saber oras. É uma pergunta inocente – Um pouco impaciente. Percebeu que Atílio ficou arredio, como se não quisesse falar sobre aquilo. Por que será?
-Não é melhor você perguntar isso pra elas? - Atílio mantinha o tom sereno na voz.
-Sim, mas eu to perguntando pra você – Insistente, quase ficando irritada com os esquivos dele.
-Elas passam bastante tempo juntas sim, mas não sei frequência, dias, horas, nada. Isso não me diz respeito – Encerrou se levantando da cama e indo em direção ao banheiro, entrando no cômodo, fechou a porta e molhou o rosto na pia se olhando no espelho. Não tinha direito de desconfiar de nada, nem de bisbilhotar a vida de ninguém, tão pouco de sua chefe, mas de fato, até pelo carinho que tinha por Valentina, percebia algo entre Antônia e ela, que nunca percebeu com nenhuma outra pessoa ou amiga. Mas não levava aqueles pensamentos adiante, não era de sua conta o fazer.
Ainda sentada na cama, Joana ficou pensativa, aquela atitude de Atílio, ele era de fato discreto, nunca falava sobre a vida de ninguém, mas naquela situação, parecia que ele não falava mas sabia de algo. Joana iria descobrir a se ia.
Não mais que de repente, Antônia levanta da cama dizendo que está de folga naquele sábado, que encontraria os amigos na prainha e quando Joana se convida para ir passear com ela, a reação não poderia ser mais estranha.
-Por que isso agora? - Antônia perguntou, estava parada no meio da sala, quase pronta para sair quando Joana começou com a conversa de ir com ela e chamar Valentina. Nem conseguiu disfarçar o descontentamento. Deixou o pequeno cesto sobre o sofá, Joana estava de frente para ela. O sábado estava lindo, ensolarado e fresco. O sol entrava forte pela porta da sala aberta.
-Isso o que? Não posso querer sair com minha irmã? - Joana respondeu de pronto
Antônia resolveu ceder, não tinha mesmo sentido brigar com sua irmã, por ela querer sair com ela em um sábado, ficou nervosa porque na verdade não iria encontrar amigo nenhum, ela e Valentina haviam combinado passar o dia na casa do lago, Valentina concedeu uma folga a ela para isso, inclusive.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
Roman d'amourValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...