Capítulo 27

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Deu três batidinhas na porta e ouviu Nicolau latir e cheirar a mesma. Já devia saber que era Valentina. Estava animada, feliz, até mesmo tranquila. Depois de passar mais de uma semana de agonia, finalmente pode ter um dia em paz. Foi no dia anterior que Antônia pediu que ela comparecesse em sua casa na noite seguinte. Ligou em seu celular e com aquela voz mansa propôs que fosse até la, queria mostrar algo, saber se Valentina aprovaria a ideia, não tinha falado o que era. Estava descontraída, leve, mesmo que por telefone Valentina percebeu e se alegrou demais com isso. Queria tanto conversar com ela, expor algumas coisas. Mas com Antônia tão arredia, nem sabia por onde começar. Receber aquela ligação, da Antônia com a qual ela estava acostumada, meiga, carinhosa, foi um acalanto para a alma.

Acordou cedo, levou Lavínia ao aeroporto junto com sua mãe e nem o tortuoso caminho de Maringá a Cântico com sua mãe fazendo as mesmas críticas de sempre tirou seu humor. Estava feliz, estava bem, estava enormemente ansiosa. E justo naquele dia se enrolou em uma reunião com fornecedores. Acabou chegando mais tarde do que o planejado. Além de tudo ainda poderia aproveitar aquele encontro para acertar detalhes da viagem do fim de semana. Antes daquela ligação pensando em tentar se aproximar de Antônia novamente, ela havia decidido fazer algo, que talvez a surpreendesse muito e as aproximaram novamente. Talvez não fosse mais precisar desse fator, mas o faria da mesma forma no dia da viagem.

Antônia abriu a porta e deu de cara com uma Valentina sorridente, linda, segurava um pequeno ramalhete de flores. Aquilo seria difícil. Resistir aquela mulher era uma das maiores provações que estava enfrentando na vida. A chamou até sua casa porque sabia que ali seria mais fácil resistir a ela do que qualquer outro lugar, mas perdeu essa certeza ao abrir a porta.

-Oi Valentina – Ouviu Antônia dizer, segurava a porta – Entra – Se afastou para que ela entrasse. Ainda sorridente Valentina adentrou a sala, fez um carinho em Nicolau que já pulava em suas pernas e estendeu a Antônia o pequeno buquê de orquídeas. Sorte que já tinha comprado as flores antes da reunião com os fornecedores começar.

-Espero que você goste – Valentina dizia vendo Antônia fechar a porta e se voltar para ela, usava um vestido solto no corpo, os cabelos soltos, pareciam húmidos e pelo cheiro que emanava de sua pele, devia ter tomado banho há poucos minutos. Prometeu a si mesma que manteria a racionalidade enquanto estivesse ali, mas em poucos segundos já queria jogar tudo para o ar e agarrar aquela mulher na sua frente.

-Orquídeas são lindas, como não gostar? - Antônia estava surpresa com o gesto e encantada também. Valentina parecia saber exatamente como desarmá-la. A pegou pela mão queria guia-la até a cozinha – Não precisava disso.

Entrando na cozinha a fez sentar em uma cadeira. Ouviu Valentina responder, enquanto pegava uma jarra no armário para acomodar as flores.

-Precisava sim, pra você entender o quanto me faz bem quando estamos juntas.

Antônia sorriu sem graça com aquilo, preferiu não responder, não podia se trair justo agora, por sorte o pai já havia se recolhido ao quarto. Seu corpo já começava a corresponder a presença de Valentina, as lembranças dos beijos que trocaram, dos toques...

-Bom, eu queria te mostrar uma coisa Valentina, todo mundo que provou até agora gostou, espero que você goste também. É pra cafeteria da loja.

Valentina ouvia atentamente, depois de ajeitar as flores, as deixando no meio da mesa. Antônia foi para frente de um balcão da cozinha, ao lado da geladeira.

-Tenho certeza que vou gostar – Respondeu com o olhar já em verde escuro. Se Valentina fosse uma outra mulher, em outra circunstância Antônia a levaria para cama imediatamente. Nervosa afastou uma imagem veio a mente, estava tendo fantasias com a mulher exatamente a sua frente.

Destino Insólito (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora