Estava completamente cansada naquela manhã, quando foi dormir já era madrugada e acordou cedo para ir trabalhar, não poderia chegar atrasada porque já havia saído mais cedo no dia anterior. Toda hora tomava um pouco de café para tentar afastar o sono que insistia em perturbá-la. Também precisava ficar menos distraída, mas a todo momento as lembranças da noite anterior a atingiam em cheio. Por sorte a loja não estava muito movimentada naquela manhã.
E foi em um desses momentos tranquilos que ouviu seu celular dar sinal de mensagem. Estava encostada no balcão da recepção da loja quando o pegou para ver o que era.
"Não esperava mais a essas alturas da vida viver o que vivi com você a noite passada, foi maior que qualquer emoção que já tive na vida. Te quero hoje e sempre mais."
-O que será que tá vendo de tão bom nesse celular hein? - Armando disse se aproximando de Antônia ao vê-la sorrir sozinha, se encostou no mesmo balcão que ela, porém ficando de frente – Ta toda distraída hoje.
Antônia sorriu e guardou o celular no bolso da calça depois de responder a Valentina, o corpo estava até dolorido, mas tudo era bom, o sono era bom, a dor era boa, o cansaço era bom.
-Nada demais - respondeu – to só um pouco cansada.
Armando a encarava desconfiado.
-Você anda cheia de mistérios dona Antônia, eu to olhando para a senhorita e sei que tem alguma coisa ai, não me engane não. Mas tudo bem, não vou te pressionar, vou deixar que você mesma me conte o que, ou quem anda te deixando com os olhinhos brilhantes e a cabeça longe.
Antônia riu, iria precisar disfarçar melhor, mas naquele momento não se preocupou muito com isso.
-Bobo, não tem nada para saber – mudou de assunto - Aliás quem deve estar com olhinhos brilhantes é a nossa amiga Leandra.
Agora foi Armando quem riu.
-Ihh menina, aquela ali ta nas nuvens, que coisa né? Elas sempre estiveram perto uma da outra e nunca aconteceu nada. Ai de repente isso.
Antônia concordou e comentou que Leandra e Viviane formavam um belo casal.
-É e as pombinhas já tão planejando fim de semana juntas – Armando contou – A gente também podia combinar alguma coisa né? Quer ir pra Maringá de novo?
-Ahh não vou poder, esse fim de semana vou pra Curitiba ver a Joana. Saudades. Já comprei a passagem pra amanhã a noite – Precisava ver Joana, mesmo que não pudesse lhe contar nada, mas precisava vê-la, sentir seus carinhos, seu colo.
-Adoro Curitiba, faz tempo que não vou, leva blusa viu, essa época do ano la não é igual aqui não, lá é frio de judiar.
Antônia riu, de fato Joana também a alertou sobre blusas e o frio curitibano quando ficou sabendo que sua irmã mais nova iria visita-la. Conversou um pouco mais com Armando e logo ambos voltaram ao trabalho, mas o amigo não deixou de reparar que um sorrisinho manso não saia do rosto de sua amiga que andava cheia de mistérios.
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Nem conseguiu levantar cedo naquele dia. Como raramente acontecia, Roberto levantou antes dela e saiu para trabalhar. Não sem antes tentar acordá-la.
-Mais tarde Roberto – Falava com a cabeça afundada no travesseiro e os olhos fechados – Mais tarde eu vou pra a fábrica ta bom?
E foi bem mais tarde mesmo, chegou quase na hora do almoço, exausta e feliz. Passou cada segundo daquele dia pensando ainda mais em Antônia, do que de costume. O corpo a queria novamente, sentia saudades como se não se vissem há dias e fazia algumas pouca horas apenas.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomanceValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...