Já era noite quando Valentina suspirou na porta de casa antes de entrar, até deixou a pequena bagagem no carro. Havia deixado Antônia na própria casa e agora lembrava que teria que lidar com Roberto. Foi viajar e deixou para trás um marido não muito feliz, tentaria ter paciência, aliás, precisava, não poderia continuar tratando Roberto da forma que estava.
Entrou em casa, a sala estava escura, porém do corredor que levava a cozinha viu uma luz. Deixou a mala onde estava e seguiu até la, guiada também por um cheiro fresco de comida sendo preparada. Quando entrou no cômodo deu de cara com o marido lidando com algumas panelas no fogão.
-Roberto? - Chamou entrando mansamente, ele se virou e sorriu.
-Oi meu amor, to aqui preparando uma coisinha simples, imaginei que você chegaria com fome. Quer comer?
Antes de guiar o avião até Cântico havia comido qualquer coisa com Antônia ainda em Buenos Aires, mas não faria desfeita ao marido.
-Claro – Tentou sorrir, sentando-se a pequena mesa que havia na cozinha. Não ia precisar montar toda a sala de jantar para uma refeição simples.
Ele mesmo serviu um prato e sentou-se ao seu lado.
-O João Pedro, onde está? - Perguntou ela munindo as mãos com os talheres. Era um sensação estranha aquela, sentia uma certa pena de Roberto.
-Foi para a casa de uns amigos, disse que tinha um trabalho, vai pra a escola de lá mesmo. Ano acabando enfim...
Ela deu duas garfadas na comida que ele havia preparado.
-Hummm isso tá bom – Elogiou limpando a boca no guardanapo que ele também havia alcançado a ela, mas não sentia mais vontade de comer. Para não desagradá-lo virou o corpo na cadeira e acariciou seu rosto com uma das mãos – Muito obrigada viu.
Roberto colocou sua mão por cima da mão da esposa.
-Não quero mais brigar com você por motivos bobos – Dizia sincero – Desculpa a cena toda que eu fiz antes da viagem. Eu fiquei fora de mim, eu sei que você está ocupada, sei também que estava preocupada com a carga e eu fiquei parecendo um menino bobo.
Os dois riram. Aquele era um bom momento para tentar apaziguar as coisas em casa. Mesmo que aquele sentimento esquisito a dominasse.
-Sim, um menino bobo e sem motivo pra isso – Se inclinou e beijou seus lábios brevemente – Aliás a viagem foi um sucesso, consegui uma excelente negociação – animada e saudosa, pois lembrou-se rapidamente dos momentos que teve com Antônia durante aqueles dias, nunca esqueceria.
-Bom saber disso. Você é a melhor quando quer alguma coisa – Roberto estava manso, calmo. Olhou a mulher com carinho, desejo, se inclinando na cadeira a puxou pelo pescoço para um beijo mais íntimo.
Valentina correspondeu, beijou o marido com o mesmo ímpeto, mas provavelmente não com a mesma empolgação, menos ainda emoção. Aquilo era quase uma tortura, não se sentia culpada por gostar tanto dos beijos, dos carinhos, de Antônia toda, mas se sentia culpada por agora não conseguir mais gostar dos carinhos do marido. O beijo não era igual, a boca não era tão gostosa, a língua não sabia acariciá-la como a garota mais nova sabia. Esticou a mão e ergueu a camiseta do pijama que ele usava, a pele não era tão quente e nem tão macia. Não, precisava se concentrar, ficar com Antônia na cabeça não ajudaria em nada a resolver seus problemas com Roberto. E quando percebeu a mão de Roberto acariciar um seio seu por cima da camisa, foi a gota d' água. Separou do beijo imediatamente já se desculpando e ouvindo uma bufada insatisfeita dele.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
Storie d'amoreValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...