-Vamoooo sua dorminhoca, acorda, daqui a pouco temos que estar no avião.
Valentina chamava por Antônia que permanecia desmaiada em sua cama, completamente nua, deitada de bruços com o lençol a cobrindo da cintura pra baixo.
Antônia murmurou qualquer coisa antes de responder.
-Não consigo – riu, permanecia de olhos fechados – To acabada.
Saiu do banho no banheiro do próprio quarto, vestiu a calcinha e agora colocava o sutiã, Antônia teria que correr para se arrumar, ela mesma estava atrasada, foi dormir tarde... e ainda acordou cedo... sorriu para si mesma com aquelas lembranças. Vestiu uma calça que pegou no guarda roupa do quarto e se aproximou da cama inclinando-se sobre o corpo de Antônia.
-Vem Antônia –Chamava delicadamente, viu Antônia se virar vagarosamente para si, trocaram um beijinho suave quando ela terminou de se virar – A gente vai atrasar – Sorriu.
-Eu já vou, isso é culpa sua, você acaba comigo – Ainda estava sonolenta mas já abria os olhos, viu Valentina se afastar para continuar se arrumando – Não to acostumada a passar boa parte da madrugada acordada, levantar cedo e ir nadar feito certas pessoas não – Vagarosamente se sentou na cama e se espreguiçou, ouviu Valentina rir enquanto vasculhava o guarda roupas novamente, rapidamente terminou de se vestir e dirigiu-se a porta – Se arruma logo – Deu uma última encarada em Antônia – Vou descer ver se o João já está na cozinha – Franziu o cenho de forma quase piedosa e antes de abrir a porta do quarto e sair disse em tom de súplica – Tomara que ele finja que nada aconteceu ontem a noite.
Antônia riu e a viu sair do quarto. Segundos depois ela levantou da cama para se arrumar.
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São Paulo era a terra do cinza, mas era também a terra do movimento, das pessoas de todos os tipos, dos prédios de todas as formas. Da noite iluminada. A noite ainda não havia caído por completo, mas o céu já apresentava um azul em tom mais escuro. Estavam chegando na Casa Da Imagem dez minutos antes do que Lavínia havia sugerido. Não a viram por todo o dia que estiveram ali, ela mesma só queria encontra-los na hora da exposição. Valentina, Antônia, Joana, Enrica, Armando, Leandra e Rose eram os convidados de Cântico. Chegando em São Paulo, Valentina ainda foi buscar Denise para que conhecesse sua irmã e principalmente Antônia . Sonhou tanto com aquele encontro das duas, elas já haviam se falado até por telefone depois que oficializaram o namoro, mas ainda não conseguiram a oportunidade de se encontrarem pessoalmente. A própria Denise sugeriu um café para o feito, no meio da tarde. Todos adoraram Denise e Denise a todos. Não a toa, ela era mesmo maravilhosa e carismática, sempre que se encontravam Valentina relembrava exatamente porque um dia se apaixonou tanto por ela. Ela era apaixonante, Antônia ficou atônita com a beleza da mulher e elas se deram muito bem, a ponto de já combinarem a passagem de Denise por Cântico que se mostrou até ansiosa para ir visita-las. Érica não pode estar presente, estava no Rio de Janeiro a trabalho.
-Pelo menos por ela você vai né? – Valentina dizia, fingindo chateação, fazendo todos rirem. Enrica que até pouco tempo atrás nem sabia da existência de uma tal Denise, também estava encantada por ela, entendendo completamente a antiga paixão de sua irmã. Tal qual Joana a única ali, além de Valentina, que também já a conhecia.
-Você não mudou nada – Joana Disse quando se viram assim que Denise entrou no café .
-Eu posso não ter mudado nada, mas você mudou – Encarando Joana de cima abaixo – E pra muito melhor, tá maravilhosa mulher.
Passaram o restante da tarde no café e no inicio da noite se encaminharam para a exposição. Todos ansiosos, cada um pelos seus motivos. Chegaram no prédio histórico que abrigava a Casa da Imagem em três carros diferentes, todos alugados em uma companhia, ainda no aeroporto. Valentina fez questão de dar um jeito, e colocar todo mundo que Lavínia convidou, naquele lugar. Queria que ela se sentisse especial e amada, disfarçava a todo custo, mas estava nervosa, ansiosa. Tinha mais ou menos planejado a forma como contaria a ela, já havia pedido a Antônia que a deixasse falar sozinha com a irmã, depois poderiam conversar juntas. Antônia acabou acatando, embora achasse que tantos rodeios eram desnecessários, só pediu que o fizesse ainda naquele fim de semana, Antônia achava perigoso deixar que Lavínia chegasse em Cântico sem saber, pois seria muito fácil a notícia cair no ouvido dela por qualquer outra pessoa e isso sim ela acreditava que deixaria Lavínia arrasada.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomanceValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...