Foi bom e gratificante ver a mãe, em conversa com Enrica, sabia que ela voltou para a quimio e agora diante dela, Vitória até parecia mais animada, mais corada. Lavínia conseguiu antecipar sua viagem para Cântico e a mãe foi a única pessoa que ela avisou de sua visita. A passagem seria rápida, mas precisava ver a mãe e precisava resolver algumas questões pessoais. Chegou no inicio da tarde e encontrou Joana em casa com Vitória. Passou o resto do dia com a mãe, sem querer avisar mais ninguém de sua chegada. Estavam ambas deitadas na enorme cama de Vitória. Joana havia dado os últimos remédios do dia e no inicio da noite foi embora. Lavínia pediu que ela não contasse a Antônia de sua chegada, queria surpreendê-la.
-A essas horas Valentina já deve ter chegado não é? - Lavínia mais perguntou do que constatou – Acho que vou la vê-la, quer vir comigo? Consegue?
-Sim, sim, consigo, eu gosto de repousar no final da tarde, mas estou relativamente bem – Vitória acariciou o rosto da filha que estava deitada ao seu lado, porém de bruços – Queria tanto que você passasse mais tempo aqui, comigo... – Vitória estava quase emocionada, momento raro.
Lavínia sorriu carinhosa
-Assim que eu lançar meu livro, vou dar um tempo e ficar mais por aqui. Prometo
Vitória sorriu feliz, tudo o que queria, era sua filha caçula mais próxima de si, mas sabia o quanto viajar e fotografar era importante para ela.
-E então, quer ir comigo até a casa da Valentina? - Lavínia retomou o assunto inicial.
Vitória fechou o semblante ao ouvir o nome da filha mais velha.
-Não, não quero, pode ir la sozinha. Isso caso sua irmã esteja em casa... – Fez uma pausa e terminou a frase quase em tom de escárnio – Valentina tem válido menos ainda a pena de me fazer levantar da cama para vê-la. Pode ir sozinha.
Lavínia nem fez questão de entender o que era mais aquela rusga entre sua irmã e sua mãe. Estava acostumada com a guerra das duas. Levantou da cama e saiu do quarto, desceu as escadas e rapidamente saiu da casa. Estava quase ansiosa para ver Valentina, era sua irmã, claro que tinha carinho, admiração. Quase se assustou ao vê-la atender a porta, parecia completamente abatida, mesmo que tenha sorrido ao vê-la. Estava quase pálida, como se estivesse triste, o sorriso era completamente triste.
-Você está bem? - Foi Lavínia quem perguntou no meio do abraço trocado por ambas.
-Sim, melhor agora – Puxou a caçula para dentro de casa, na sala foi cumprimentada por Roberto e João Pedro.
Explicou a irmã a visita surpresa, a rápida passagem, Valentina como sempre, perguntou das fotos, das viagens, do livro, reclamou que Lavínia passa muito tempo fora, que quase não manda notícias. Ficaram algumas horas conversando e jantaram juntas, ali mesmo.
Lavínia até se sentiu acolhida, embora tenha percebido que sua irmã estava diferente, não conseguia nem imaginar o que poderia ser, talvez muito trabalho, não tinha ideia do que demandava cuidar do Café Almeida, mas sabia que Valentina era bastante obstinada, ocupada, um pouco gananciosa talvez. Nunca a viu tirar férias, parar para descanso, tudo era trabalho e o crescimento da propriedade. Não sabia a vida que sua irmã levava, se era feliz casada há tanto tempo com Roberto, o por quê não quis ter mais filhos. E não sabia nem porque estava pensando nisso agora. Queria na verdade ter uma conversa mais franca com a irmã, mas aquele não era o momento.
Já era bem tarde quando ela decidiu voltar ao casarão da mãe.
-A loja abre cedo amanhã certo? - Perguntou na porta de Valentina, antes de sair.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomantizmValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...