Chegou mais tarde em casa naquela segunda feira, estacionou a moto no galpão e ao entrar em casa correu ver Nicolau que sempre a recebia com muita festa.
-Meu amorzinhoooo – Abaixada no chão da cozinha Antônia acariciava a barriguinha do bichano, ficou feliz quando viu seu pai já servindo a mesa para o jantar. Embora amasse cozinhar, também gostava de poder chegar em casa e apenas se servir. Havia ido em uma academia no centro da cidade onde tinha yoga, queria e precisava fazer alguma coisa depois do trabalho. Todos os dias era do trabalho para a casa e de casa para o trabalho, estava um pouco cansada dessa rotina. Queria também voltar a estudar, mas não tinha nada em mente no momento, até havia pesquisado alguns cursos de cozinha em Maringá, mas a realidade é que estava completamente descrente dessa área, nunca arrumaria nada. Como estava conseguindo fazer uma economia razoável com o salário que ganhava, decidiu que poderia se dar ao luxo de gastar com algum distração. Em Campo Grande fez yoga por muito tempo e adorava, como não era grande fã de exercícios aeróbicos, ioga era a melhor alternativa. A distraia, a acalmava e ainda mantinha a boa forma do corpo.
Jantou com o pai e em seguida tomou um banho, foi se deitar, e da cama continuar lendo o livro maravilhoso que havia ganhado de Valentina. Suspirou ao lembrar dela, não a viu desde sexta feira a noite, ela até tinha dito para Antônia ligar e avisar quando chegasse que iria buscá-la. Mas Antônia preferiu não incomodar e assim que chegou de Curitiba chamou um taxi e foi para a casa. Durante o dia de segunda também não se viram, Valentina precisou ir para Maringá e trocaram apenas algumas mensagens.
Nesse exato momento ouviu o bip do celular, o recebimento de uma nova mensagem. Pegou o aparelho que estava no criado ao lado da cama e abriu a mensagem:
"Saindo de Maringá só agora, pior que amanhã terei que retornar cedo. Mas a noite passo na sua casa, preciso tanto te ver, sentir seu cheiro, ouvir sua voz. Estou morrendo de saudades..."
Sorriu saudosa, queria tanto vê-la, também senti-la, desde que resolveu não mais evitar sua vontade, se sentia assim, mais carinhosa, mais meiga, sensível. Pensar em Valentina a deixava emocionada, cheia de sentimentos.
Passou toda a terça feira ansiosa e já estava de volta a sua cama, vestindo seu camisetão de dormir, quando seu pai bateu na porta.
-Antônia, a Valentina está ai. Ta la fora te esperando.
Pulou imediatamente da cama, do jeito que estava foi recebê-la. A encontrou sentada na mureta da aereazinha e claro que quem foi cumprimentá-la antes foi Nicolau.
Como de costume, brincaram e se afagaram, até que Antônia o colocou na sala e fechou a porta, deu uma espiada dentro de casa e percebeu que o pai não estava mais na cômodo, talvez tenha ido para o quarto. Foi até a mureta onde Valentina estava apoiada e se aproximou a enlaçando com os braços pelo pescoço, encostando sua boca na dela num beijo que foi só toque de lábios. Sentiu as mãos de Valentina em volta de suas costas, o corpo quente, o coração dela estava disparado.
-Que saudades – Valentina murmurou em seu ouvido assim que desgrudaram as bocas, depois encarou Antônia nos olhos e como ela afastou o corpo levemente, ainda que a enlaçando pelo pescoço, percebeu que estava de pijamas, ou melhor, um camisetão de dormir, o qual ela se lembrava de já ter a visto usar – Você vem atender a porta pra todo mundo assim é? - Repreendeu em tom brincalhão.
Antônia sorriu e deu um beijo rápido em seus lábios.
-Eu sabia que era você sua tonta
As duas riram e trocaram mais um beijo rápido.
-Não tem perigo seu pai abrir a porta e ver a gente assim? - Valentina preocupada, embora sorrisse, ainda estavam abraçadas, a vontade de se soltar era nula.
-Tomara que não – Antônia sorriu matreiramente e puxou o rosto de Valentina para um beijo mais profundo, as línguas se tocaram, causando os habituais arrepios, os suspiros baixinho que trocavam. Antônia acariciava lhe os braços, os ombros, a nuca, esquentando todo o corpo de Valentina que alisava suas costas, a cintura, subia uma das mãos até os cabelos e acariciava.
Quando finalmente desgrudaram as bocas, ainda abraçadas, ofegantes, com os corpos já em brasa. Valentina perguntou para tentar acalmar o corpo:
-Como foi o fim de semana com sua irmã?
-Foi bom, muito bom ver ela – Respondeu acalmando a respiração
-É. Quase morri de saudades com você longe
Antônia sorriu e deu um selinho rápido em seus lábios, estava com as mãos em seu pescoço e vez ou outra levemente arranhava sua nuca. Valentina se deleitava com os carinhos e com o clima entre elas, continuou:
-Você se comportou bem? - Olhava Antônia com intensidade e a ouviu rir debochada
-O que você quer dizer com se comportar bem? – Arqueou uma das sobrancelhas
Valentina sorriu com ar sapeca.
-Quer dizer que ficou pensando em mim o tempo todo e não teve olhos para ninguém.
Ouviu uma nova e gostosa gargalhada de Antônia e riu junto.
-Que mulher mais convencida – Agora Antônia deu um beijo na ponta de seu nariz. Era divertido ver Valentina ciumenta e assim tão carinhosa, mas Antônia mantinha ao menos um dos pés firmes no chão, não queria se fazer de namorada apaixonada, porque entendia que não era esse o lugar que ela ocupava, caso se entregasse totalmente àquela loucura, poderia sair mais machucada do que o previsto.
-To falando sério – Valentina deu um apertão em sua cintura. Embora a expressão dissesse o contrário pois ela sorria, mas de fato se preocupava com o fato de Antônia poder estar com outra pessoa – Espero que você tenha sido uma boa garota.
Antônia riu novamente.
-Eu fui sim – E deu um beijo na bochecha de Valentina – Aliás eu sou sempre uma ótima garota – Insinuante, beijou-lhe rapidamente os lábios.
Trocaram mais alguns beijos rápidos. Antes mesmo de ir vê-la, Valentina já havia decidido que não contaria nada sobre a conversa com Joana, para não preocupa-la. Porém além de vê-la, tinha também uma proposta para fazer.
-Eu queria te fazer um convite – Valentina beijava a lateral de seu rosto, ouviu apenas um "uhum" de Antônia que estava entregue a seus carinhos – Minha família tem uma casa de lago, não muito longe daqui, é um lugar bem gostoso – Beijava agora seu pescoço, intercalava beijos com palavras – Eu adoraria te levar la e passar o sábado todo com você – a boca agora estava em seu ouvido, arrepiando todos os pelinhos de Antônia.
-O sábado todo? - Antônia apenas erguia a pescoço dando toda a passagem para os carinhos de Valentina – E você vai poder?
-Eu dou meu jeito, não se preocupe – Mordiscou seu queixo.
Antônia sorriu e deu um novo beijo rápido nos lábios da mulher que a abraçava. Segurou seu rosto com uma das mãos, pelo queixo.
-Eu vou adorar passar o sábado todo com você...
Valentina também sorriu e as duas trocaram mais um beijo intenso, acariciando as línguas, ambas sentindo vontade de aprofundar mais os carinhos que trocavam. Antônia enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, queria alcançar sua pele, arranhou levemente seus ombros. Ouviu um gemido de Valentina, mas em seguida ela interrompeu o beijo.
-Preciso te pedir uma coisa – Disse um pouco apreensiva, prosseguiu ao ver a expressão curiosa de Antônia – Você vai precisar conter um pouco as unhas, semana passada eu cheguei toda marcada em casa... – Ficou um pouco sem jeito em contnuar – o Roberto viu... enfim...
Antônia entendeu o pedido e virou os olhos para ele, tirou as mãos de dentro de sua camisa e sorrindo disse, enquanto lhe dava selinhos.
-Não acredito que to tendo que ouvir isso. E não garanto nada.
Começaram um novo beijo íntimo, sentindo as bocas uma da outra, Valentina explorava toda a boca de Antônia com vontade, estava sentindo o próprio corpo quente, o sexo palpitando, não resistiu em descer as mãos até a bunda da mais nova e massagear com vontade por cima de sua roupa de dormir.
Antônia que também estava quente, sentiu aquele carinho até em seu último pelo do corpo, mas gostava de provocar e interrompeu o beijo, colocou suas mãos sobre a de Valentina e as fez subir até sua cintura.
-Eu não posso te deixar nenhuma marquinha, mas você pode passar a mão em mim assim é? - Brincalhona.
Valentina riu mordendo os lábios inferiores, só queria mais momentos íntimos com Antônia e não conseguia ser racional quando estava com vontade.
-Vamos pro meu carro, ficar mais a vontade e...
-Não, sua safada, você está muito assanhadinha – Antônia deu-lhe o novo beijo na ponta do nariz – A gente já tá contando muito com a sorte em estar aqui desse jeito.
Elas riram, trocaram mais alguns beijos e carinhos até se despedirem e Valentina ir embora.
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Destino Insólito (Romance Lésbico)
RomanceValentina é uma mulher de 44 anos que administra uma produção de café na pequena cidade de Cântico no interior do Paraná. Leva uma vida tranquila ao lado do marido Roberto e do filho adolescente João Pedro. Mas para ter essa vida tranquila, abriu mã...