Destino Insólito (Romance Lésbico)

Capítulo 16

Os dias foram se passando e Antônia ficava cada vez mais íntima do trabalho, como era de fato muito astuta, aprendia tudo rapidamente, pegou o jeito que a loja deveria ser levada e com todo seu carisma e charme conquistava clientes rapidinho, os fazia comprar mais, fazia levar mais pessoas. Ela estava adorando, mais do que poderia imaginar que fosse gostar. Conheceu o bar na parte de cima que também era lindo, uma delícia para fazer happy hour. Embora ficasse em cima da loja, a entrada dele era um deck, para entrar não precisava passar pela loja. Serviam diversos drinks todos a base de café, Leandra era ótima na preparação. E por falar em Leandra a relação entre ela, Antônia e Armando só se estreitava, os três se adoravam e se davam muito bem, ela contou toda a sua história até chegar em Cântico, para ambos, se abriu verdadeiramente, sentia que poderia confiar nos dois. Conversava com a irmã por telefone, que parecia também estar muito bem em Curitiba, o pai continuava com suas saídas com os amigos mas com Joana longe eles passaram a conversar mais, estavam até criando algum vínculo, se identificando.

Todos os empregados da "José Almeida" eram extremamente simpáticos e solícitos, sempre tinha uma carona para leva-la embora, e ás vezes até para busca-la. Desses dias todos que se passaram, Antônia só não estava feliz com uma coisa: A frequência com que via Valentina diminuiu bastante, como a colheita do café se aproximava, ela tentava adiantar tudo que fosse possível e isso lhe tomava um baita tempo. Ainda assim percebia que Valentina fazia de tudo para estar presente em qualquer brecha de tempo, vez ou outra apareceu a noite em sua casa para saber como ela estava e sempre levava um pacotinho de churros.

-Sem canela - Ela dizia

-Você vai me engordar desse jeito - Antônia ria, a verdade é que amava aquele mimo vindo diretamente dela. Por mais rápida que ás vezes fosse a visita, Antônia não deixava de reparar naquele olhar enigmático que vez ou outra caia sobre si, mas tentava empurrar para o canto mais silencioso de seu ser a vontade súbita que lhe subia de tascar um beijo na boca de Valentina, cada vez que ela abria a porta de sua casa e dava de cara com aquela mulher linda, preocupada, atenciosa e ainda cheia de churros. Antônia ignorava na medida do possível qualquer vontade que tinha, achava que estava carente, Letícia ligou, queria marcar novos encontros, mas a verdade é que ela não tinha ânimo mais para qualquer encontro com Letícia, ou com qualquer outra pessoa. Estava mais concentrada em se aperfeiçoar no trabalho, em cuidar do pai, em sair com seus amigos. Estava um pouco cansada de encontros esporádicos, de transar e ficar só nisso, de não se aprofundar sentimentalmente com ninguém. Não expunha esses sentimentos novos com ninguém, até porque nem ela sabia de onde isso vinha e se duraria.

Teve mais uma noite de bolo e com Maria de ajudante, não durou tanto quanto da outra vez, Antônio estava em casa e no outro dia Valentina pegaria muito cedo no trabalho. Também não teve dança na cozinha, mas teve troca de olhares, teve várias brincadeiras e piadinhas entre elas e o mais importante, teve Antônia feliz com a presença da amiga. Valentina também a convidou para seu tradicional almoço em família que promovia uma ou duas vezes no mês aos domingos. Ainda não tinha ido até a casa dela desde que chegou ali, não sabia nem se si sentiria a vontade, Vitória também morava la e sabia por Joana que as coisas não eram nada fáceis com ela. Mas o convite foi aceito.

Além de Armando e Leandra, a relação se estreitou com uma outra pessoa que trabalhava na loja: Rose. Rose tinha mais ou menos a sua idade, talvez pouca coisa mais velha e era bastante peculiar, era quase uma andrógena, usava cabelos curtos em um sidecut bem estiloso, os braços tinham várias tatuagens, os olhos eram claros, um pouco mais alta que Antônia. Rose era uma espécie de moto girl, fazia diversos serviços dessa natureza, mas nem sempre estava presente ali, trabalhava por fora também. Ficou absolutamente encantada por Antônia quando a conheceu, vivia a lhe fazer gracejos que se fossem vindos de um rapaz Antônia já teria cortado, mas dela achava graça.