- Alvo na mira – disse Riku, muito baixo, sua voz ao meu ouvido.
- Alvo na mira dois – Natsuno também falou, também num cochicho.
- Alvo na mira – falei, por fim, observando o vampiro supremo que estava no meio do terraço, olhando em volta preocupado enquanto dirigia-se à extremidade do prédio para então fugir.
Mas ele sabia que estava sendo observado.
Tentava, sem sucesso, farejar o nosso cheiro, pois o sangue que tínhamos pelo nosso corpo ocultava qualquer outro tipo de aroma. Ele continuou andando, estava atento à tudo, menos ao nosso ataque:
- Agora! – gritei.
O vampiro sentiu-se perdido ao ver nós três pulando contra seu corpo, saindo de três partes diferentes, todos armados com espadas. Dei-lhe uma joelhada no estômago enquanto Natsuno o derrubava com uma rasteira. Riku completou o golpe com um corte mortal. A lâmina de sua espada partiu horizontalmente o pescoço do inimigo, fazendo sua cabeça ser arrancada do corpo enquanto sangue era espalhado pelo chão. O corpo caiu num baque surdo, imóvel, enquanto a cabeça da criatura ainda tinha vida. Mas ele estava sendo sufocado. E não demorou muito para morrer, seus olhos tão arregalados que pareciam querer escapar de suas fendas.
Respirei fundo, aliviado, enquanto a brisa noturna passava por mim.
- É, esse já é o terceiro que matamos em menos de duas semanas – disse Natsuno, orgulhoso de si próprio. Concordei, olhando a paisagem urbana de Honorário à minha frente. O terceiro supremo que matávamos. Nesse ritmo acabaríamos com os enxames da cidade inteira.
Vários dias haviam se passado desde a surra que levei de Natsuno. Desde então, peguei ainda mais duro nos treinamentos, me isolando dos meus amigos quase que totalmente. Eu precisava ficar forte, já havia perdido muito tempo. Malhava dia e noite longe do Rio das Águas Pesadas, levantando troncos de árvores feito halteres, correndo pelas colinas que situavam numa das regiões florestais e treinando golpes novos, com a ajuda do Ferdinando, que era muito bom em Muay Thai. Era um estilo de luta completamente novo para mim, o que fez com que eu aprendesse técnicas eficientes. Embora ainda não fosse o suficiente. Eu sabia que faltava mais. Ainda não me sentia forte como queria ou como deveria.
Olhei para os prédios no fim do horizonte, mais para o centro da cidade. Prédios iluminados pelas luzes da cidade e que me faziam recordar muito da minha última cena do ano passado, quando conversei com a Sophia no terraço da mansão do Marcelo, no Ano Novo. Havíamos nos beijado. Em contrapartida, fora a última vez em que eu vira a garota. Cheguei a ir à casa dela, mas Sophia tinha ido passar as férias com o pai no Rio de Janeiro. Até tentei ficar feliz por ela, pelo fato de estar ganhando a atenção de Sandro Macedo, mas a minha saudade falava mais alto. Eu era acostumado a vê-la todos os dias na escola, acompanhada de suas amigas inseparáveis, portanto era comum sentir sua falta. Eu pensava nela todas as noites.
A Zoe? Raramente eu a via. Treinava tanto que mal falava com os meus amigos, a não ser Riku e Natsuno, meus companheiros de caça. Passei o mês inteiro apenas me dedicando aos treinos, com o único intuito de ficar mais forte. Era notável a diferença, eu percebia enquanto lutava, porém ainda assim não estava satisfeito. Ainda assim não chegava perto do poder que tomou conta do meu corpo quando matei todos aqueles ninjas assassinos do clã Vinográdov.
- Pensando nela de novo? – Natsuno me perguntou, aparecendo ao meu lado.
Fiz que sim.
- Toda vez que vejo essa paisagem, lembro do nosso beijo – expliquei, olhando, agora, para o céu repleto de nuvens. Estávamos numa época chuvosa. – Faz tempo que não a vejo, e fico me perguntando se ela também sente falta.
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Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETO
AdventureLivro 4 da saga CAÇADOR HERDEIRO. Surge uma nova ameaça. O equilíbrio está sendo devastado. Portais estão fechando. E o Conselho não pensa duas vezes em mandar sua melhor caçadora para investigar. Investigar uma organização nova que está causando tu...