32 - Três contra um é válido?

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Após a provocação, Natsuno percebeu que Bill realmente não gostava de ser chamado de Bahia, então sorriu.

Embora tivesse acabado de cair de bunda por causa de uma rasteira e ter atacado o vento várias vezes, era prazeroso ver aquele místico, que aparecera fazendo piadinhas sem graça, fechando a cara. Mas durou pouco. Bill olhava para os três garotos com um divertimento maligno, olhos que transmitiam uma sensação ruim, como se aquele rosto descontraído e aquelas provocações fossem apenas uma máscara – uma máscara que escondia algo bem mais perigoso.

- Ele é muito rápido – disse Joe, tirando Natsuno de seu curto devaneio.

- Isso será um problemão – ele admitiu, não tirando os olhos do adversário. Qualquer descuido poderia ser fatal.

- Vocês já estão chorando? – Bill, mais uma vez, ironizou com sarcasmo. Um sarcasmo que já estava irritando os três. – Espera um pouco. Já, já estou aí. – E aproximou-se novamente correndo muito rápido, fazendo o vento às suas costas se agitar.

Mas Natsuno já esperava por isso.

Concentrou energia nos braços e atacou:

- Socos relâmpagos!!

Dezenas de flashes dourados foram lançados na direção do místico, que desviou para o lado, depois para o outro, esquerda novamente, esquerda e direita, tudo sem parar de correr, tudo sem parar de se aproximar. Desviava dos golpes como se os mesmos estivessem vindo em câmera lenta, observando as semibolas douradas que eram uma mistura surpreendente de raios com faíscas, que serpenteavam fracamente em inúmeras direções, porém perigosamente. Bill chegou até Natsuno e desferiu um soco na cara, derrubando o Kogori para trás. Léo estava logo ao lado, surpreso, mas desviou facilmente do chute desferido pelo místico. Até tentou atacar, socos que atingiriam o peito e a barriga, e usou força, contudo só acertou o vento; Bill já estava na sua retaguarda. Chutou as costas do garoto cachorro e virou-se para um Joe sem reação: sabia que era lento demais para desviar ou contra-atacar. Bill encarou bem o grandalhão e bufou: sabia que não tinha forças para arranhá-lo; teria que deixar esse com Gilberto.

Então foi imobilizado, pego completamente de surpresa. Bill tentou se desvencilhar, mas Natsuno o prendera muito bem.

- Te peguei – disse, com um sorriso. A diferença de altura entre os dois não era tanta, nem mesmo a diferença de massa muscular. Bastou apenas Natsuno agarrá-lo no lugar certo, prendendo os dois braços do adversário atrás das costas com o esquerdo e apertando o pescoço com o direito; Bill se debatia, longe de conseguir se livrar do Kogori. – Você já era, Bahia. Eu sabia que não ia demorar pra você cometer um erro. Você é muito distraído. Bora, Joe, acaba com ele!

Joe fez que sim, preparando-se para socá-lo na barriga. Bill arregalou os olhos e estremeceu.

- Podemos negociar, Ursão, meu parceiro – tentou, desesperado. – Se você me ajudar, podemos dividir o dinheiro. Quinhentos mil pra cada um. É um bom negócio.

- Quinhentos mil? – Natsuno mostrou-se surpreso, e olhou para os amigos. – Isso quer dizer que... você ia ganhar um milhão para nos matar?

Bill fez que sim, e acrescentou:

- De dólares.

- Eu não sabia que valia tanto assim – Léo admitiu.

- Ei, Natsuno... é Natsuno mesmo, né?... então, se tu me soltar e me ajudar a derrotar esses dois, podemos dividir o dinheiro. Imagina, parceiro, várias gatinhas ao seu redor à beira-mar. Tu nem precisaria mais trabalhar.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora