16 - O pedaço de pano

331 33 19
                                    

Já era quase cinco da tarde quando meu bracelete vibrou.

Eu corri até a lateral do terraço e pulei.

Embora fosse uma altura gigantesca, o vento estava ao meu favor. Chovia forte e as pancadas de ar faziam meu corpo se sentir mais forte e mais leve. Concentrei o máximo de energia possível e manipulei o vento abaixo de mim de forma que eu pudesse planar. Ninguém me notaria. Eu aterrissei num beco completamente deserto. Depois corri para o prédio onde os três estavam.

- Riku, novidades – Kai foi logo dizendo, assim que entrei. – Seu amigo Robert. Ele acabou de entrar na delegacia.


- Vocês são lerdos! – eu falei.

- Você nos chamou faz nem cinco minutos – Natsuno reclamou, impaciente. Ele, assim como Kelan, segurava um guarda-chuva preto. – Decidiu tirar o sábado para tomar banho, é?

- Por que nos chamou em plena tempestade? – Kelan indagou, também impaciente. – Espero que seja algo importante.

Eu olhei em volta, com uma leve impressão de estar sendo vigiado. As árvores do campus balançavam com a ventania que vinha de todas as direções, e cada vez mais o congestionamento na avenida ficava lento, uma vez que o temporal estava mesmo muito intenso.

- Vamos pegar aqueles canalhas – eu disse, finalmente me sentindo animado. – Os Detentores. Saberemos enfim o que eles querem.

Natsuno e Kelan se entreolharam, e depois disso corremos para a estação de metrô mais próxima.


- Riku, você poderia ter nos chamado, pelo menos – disse Natsuno, quando já estávamos dentro do vagão, depois que lhes contei sobre a perseguição. – Emboscar um Detentor sem nem ao menos saber sobre suas habilidades... Isso poderia custar a sua vida.

- Chega de idiotice, Natsuno – eu disse. – Por isso mesmo que eu não levei vocês dois. Às vezes, trabalhar sozinho é melhor do que trabalhar com dois idiotas que só sabem implicar um com o outro.

Os dois se olharam, um encarando o outro.

- Ele(a) que implica comigo! – disseram ao mesmo tempo.

Natsuno olhou novamente para mim e perguntou:

- Mas e o pessoal? A Thalia e os garotos. Eles estão bem?

Eu fiz que sim.

- Não sei como conseguem morar num prédio como aquele – Kelan riu.

- Ué, você nunca foi lá! – Natsuno a fitou.

- E quem disse isso? Meu tio fez parte da turma de Tony Kido antes da organização. Era lá o ponto de encontro deles.

Natsuno revirou os olhos.

- Qual é o plano? – perguntou a mim. – Vamos perseguir esse Robert de moto pela cidade?

- Hoje o plano é diferente – eu sorri, e expliquei a eles rapidamente.


Quando descemos na Estação Camboré, a chuva já estava fraca lá fora. Em compensação, água transbordava de bueiros, criando pequenos córregos entre as calçadas e o asfalto.

Eu não me importava que estivesse molhado, poderia me secar a qualquer momento com o meu poder. Mas Natsuno e Kelan ainda estavam intactos. Seguravam seus guarda-chuvas enquanto nos esgueirávamos pelas avenidas rumo à delegacia da região. Se o meu plano desse certo, saberíamos se a Júlia é ou não é uma Detentora.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora