48 - O velório de um herói

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Juliana estava terminando de lavar a louça quando a campainha soou.

Ding dong!

Secou as mãos, passou pelo quintal e abriu o portão – e estranhou ver um Natsuno tristonho acompanhado de quem parecia ser o seu pai. Afinal, eram idênticos.

E quando ouviu a notícia que o garoto tinha que dar, perdeu completamente o seu chão. Sua expressão de espanto não demorou para transformar-se em desespero, e perguntou ser alguma brincadeira. "Infelizmente não", disse o homem pela primeira vez. "Ele não resistiu e... veio a falecer".

Natsuno sentiu um apertou terrível no peito. Nunca imaginou dando esse tipo de notícia a alguém, especialmente para a mãe de alguém – e ainda não conseguia acreditar que Leonardo estava morto.


Michael também recebeu a notícia. Havia acabado de voltar das compras com Karen, uma vez que sua mãe estava de cama. Ficou bravo por encontrá-la em pé na cozinha, mas ela tinha o telefone no ouvido, e parecia séria.

- Ligação de Honorário – explicou, e lhe entregou o telefone.

- Alô?

- Michael, aqui é o Joe – a voz rouca do garoto soou do outro lado da linha. Ele está chorando, Michael percebeu de cara, portanto ficou preocupado.

- Joe, o que aconteceu? O Diogo está-

- O Léo – Joe foi direto. – Aconteceu algumas coisas, nós enfrentamos uns caras, ele lutou bravamente, como um herói-

- O que aconteceu com ele? – Aquilo já estava preocupante até demais. – Não me diga que... – Michael não conseguiu completar. Nem mesmo Joe respondeu. O aumento de seu choro foi a própria resposta.

Michael empalideceu.


Eu acordei com a cabeça latejando.

Estava faminto.

Olhando para os lados, percebi que estava num quarto de hospital – mais uma vez. Aquilo era quase como se fosse a minha segunda casa. Dessa vez, Sophia estava ao meu lado.

Quando me viu acordado, cuidadosamente, ela me abraçou. O toque de sua pele foi algo inexplicável, e eu quase me esqueci que estava com o corpo dolorido.

- Finalmente – ela disse, me beijando no rosto. Quando se afastou, eu perguntei:

- Dormi por quanto tempo?

Sophia estava um pouco diferente. Quer dizer, a última vez que conversamos, ela simplesmente havia feito eu pagar o maior mico na frente da escola inteira, e tudo por ciúmes da Thalia. Agora, ela parecia compreensiva, e possuía o olhar de quem havia chorado por muito tempo.

- Você ficou em coma por quase dois meses.

Imediatamente, eu me lembrei de tudo. As lembranças dos meus treinos no meu subconsciente passaram diante dos meus olhos muito rapidamente, e senti a minha garganta seca após me lembrar da forma que me livrei de lá. Hara e Yasmim estariam bem?

Consequentemente, me lembrei do que causara o meu despertamento. E me lembrei do Léo.

- Espera um pouco – eu disse com espanto, num impulso automático para frente, ficando ereto abruptamente. – Sophia, por favor, diz pra mim que o Léo...

Ela desviou o olhar. Lágrimas rolaram por seu rosto. O que eu mais temia, então, realmente aconteceu.

- O velório dele será amanhã cedo – ela disse, sua voz muito fraca. – E você precisa descansar.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora