45 - O Caçador Elementar do Fogo

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Meus amigos estavam numa clareira diante de um cara grandalhão com um chapéu branco de cowboy. Fazia sol, e poucas nuvens vagavam pelo céu azul de Honorário – se eles estivessem mesmo em Honorário.

Tanto o  Natsuno quanto o Joe e o Léo pareciam assustados, recuando alguns passos em direção ao lago que havia metros atrás deles. O cowboy, por outro lado, gargalhava feito um louco. Aproximava-se dos meus amigos a passos pesados, seu rosto escondido por conta do chapéu, embora fosse possível ver seu sorriso maligno muito claramente.

Eu tentei me aproximar, mas sequer sentia o meu corpo. Apenas assistia. Se continuassem daquela forma, meus amigos acabariam afundando na água. Por que estavam tão assustados? Finalmente, descobri a resposta: o cowboy levantou o rosto e revelou seus olhos esverdeados.

Um místico.

Ele ainda sorria enquanto andava a passos lentos, seus longos cabelos negros balançando conforme se movia. Poucos metros o separavam dos meus amigos, que pareciam cada vez mais apavorados. Nem mesmo o Joe, que, no meu ver, poderia bater de frente com o místico – pelo menos em termos de força – parecia com alguma coragem.

Eu tentei gritar, mas nada saiu. Queria passar confiança para os três, dizer que juntos eles poderiam deter aquele estranho, mas era como se eu estivesse ali apenas para assistir. Assistir uma tragédia.

Os braços do cowboy tornaram-se metal no momento em que ele disparou na direção dos meus amigos e os atacou.

E eu acordei com um impulso para frente, coração acelerado.

Aliviado por ter sido apenas um pesadelo.

Mas eu estava com um mal pressentimento.


- Hara, que dia que é hoje? – eu decidi perguntar, enquanto tomávamos o café da manhã.

- Por que você quer saber?

Eu pensava muito no pesadelo, e o porquê de tê-lo dessa forma. Geralmente, meus sonhos eram presságios ou lembranças. Mas eu nunca havia visto aquele místico antes. Talvez fosse um novo inimigo – um novo assassino.

Meus amigos poderiam estar precisando de mim.

- Diogo? – Hara chamou. Ele tinha olhos curiosos fixados em mim.

Percebi que Yasmim me olhava com cautela, e eu tinha certeza de que ela havia lido meus pensamentos. Pedi, mentalmente, para que ela não comentasse nada referente ao pesadelo, assim Hara não ficaria preocupado, e presumi que ela ouviu, uma vez que assentiu.

- Eu só quero acordar logo – falei. – Hoje é que dia?

Hara pensou um pouco e respondeu:

- Hoje é dia trinta.

- Trinta de?...

- Março.

- Meu Deus. – Eu olhei para Yasmim, agora preocupado. – Isso quer dizer que já vai fazer dois meses que eu estou aqui?!

Não muito feliz, Hara confirmou, e eu me senti ainda mais preocupado. Imaginei quanta coisa poderia ter acontecido lá fora enquanto eu dormia. Meus amigos estariam bem?

- E não tem nenhuma forma de eu acordar? Vocês não podem fazer nada? – Eu me levantei.

- Ei, calminha aí – Hara também ficou de pé. – Não adianta se desesperar. As coisas não são do nosso jeito. Você mesmo disse que vai sobreviver, e é com isso que estamos contando.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora