26 - Adeus, Detentores. O banquete de confraternização

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Do terraço, Riku e Robert tinham uma ampla visão de todo o terreno da mansão Ferrarezi.

Conseguiam ver a movimentação de Detentores pelos jardins da fachada e dos fundos da residência, homens e mulheres fardados que faziam a ronda pelo local, armados com seus revólveres e com seus arcos de metal.

O céu estava bonito, Robert notou, repleto de nuvens leves que vagavam com a brisa da noite. Aquele era um dos poucos pontos da cidade em que se podia contemplar as estrelas com perfeição, o que lhe lembrava muito a época em que morava com os Ferrarezi no interior de Goiás, antes de começarem a raptar vampiros por aí; Júlia sempre gostou do terraço.

- Acaba aqui, não é mesmo? A nossa rivalidade?

- Eu acho que sim – Riku respondeu, olhos no helicóptero onde Kelan e Jake estavam. – Mas não quero que você me entenda mal. Nunca fomos rivais de verdade.

Robert riu com o insulto.

- Vocês nos deram um verdadeiro trabalho.

Um momento de silêncio estabeleceu-se entre os dois, Robert observando mais um helicóptero chegando e descendo em espiral até o gramado. Eram, agora, cinco no total, todos alinhados lado a lado entre a mansão e o enorme portão de entrada.

- O que vocês pretendem fazer a partir de agora? – Riku perguntou. – Já sabem o que acontece com aqueles que mexem em enxames de vampiros. A não ser que vocês façam uma parceria com a organização Ko-Ketsu, o que eu acho que está fora de cogitação. Isso porque nós, caçadores, somos muito-

- Orgulhosos – Robert o cortou. – É, acho que percebi. Bem, eu realmente não sei. Como você disse, não sabíamos com quem estávamos nos metendo, e acabamos perdendo alguns companheiros. Eu temo que a organização se desmanche. Ou siga outro rumo. Realmente eu não sei.

- Eu acho provável que o Hebert chame seu pai para decidir isso. Eu só espero que vocês não entrem no nosso caminho novamente.

Robert riu mais uma vez, impressionado com a frieza do caçador. Isso indicava que ele possuía mesmo muita amargura no coração – além de um orgulho extraordinário.

- Eu sei sobre a sua história – decidiu dizer. – Sobre seus pais, a forma como foram mortos na sua frente. Eu entendo como deve ser difícil pra você.

- Você não entende nada – Riku imediatamente o encarou, um olhar tão cinzento quanto afiado.

- Eu entendo sim – Robert sorriu, embora sem qualquer emoção. – Também vi de perto meus pais serem mortos. Sim, eles morreram na minha frente, e eu não pude fazer nada.

Quebrei o gelo, Robert pensou, porque a expressão selvagem de Riku mudou drasticamente para uma expressão tranquila e levemente – muito levemente – surpresa.

- Fomos alvos de um assalto seguido de uma execução. Não sei se você percebeu, mas não utilizo armas. Sequer gosto de vê-las por perto. Os meus pais foram mortos a tiros por vagabundos que não têm o que fazer. E isso é traumatizante.

Riku pareceu sem saber o que dizer, e voltou a olhar para baixo, agentes vagando atentamente pela mansão.

- E o que você fez? – perguntou, aparentemente sem interesse. Robert começava a compreendê-lo.

- Inicialmente? A mesma coisa que você. Queria matar esses malditos da mesma forma que eles mataram os meus pais. O ódio tomava conta do meu coração, entretanto aquilo estava acabando comigo. Não fosse os Ferrarezi... olha, eu acho que já teria virado um otário igual a esses assassinos.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora