33 - O cowboy do corpo de aço

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Leonardo limpou o sangue que escorria de seu nariz, sujando ainda mais o seu uniforme escolar.

À sua frente: um Bill exausto e um Gilberto assustador. Adiante: Joe e Natsuno preocupados, Joe ainda levantando-se após ter recebido um punho digno de fazê-lo voar. Não era preciso ser um gênio para saber que as coisas estavam indo mal. Foi difícil achar a fraqueza do velocista, ainda mais explorá-la. E agora aparece esse cowboy arrogante e de mau humor, que o encarava com uma frieza apavorante.

- Vocês até que foram um pouco longe – ele disse, olhando para Léo mas, provavelmente, dizendo aos três, palito de dente na boca. – Derrotaram esse idiota de forma vergonhosa. – Lançou um olhar frio e debochado ao parceiro; Bill nada disse. – Agora eu entendo por que valem tanto. Não são simples garotos.

- Agora que você percebeu? – Natsuno o provocou, meio receoso e meio bravo. – Dois místicos e um caçador. Acho que até um burro perceberia que não somos normais.

Gilberto pareceu nem mesmo ouvir, visto que continuou:

- Mas eu sinto que falta alguém. Não digo aquele seu amigo vampiro, porque sei que ele foi embora. Nem aquele caçador do Clã do Fogo, que está em coma. Mas... onde estão o Riku e a Kelan? E aquele tal de Michael? Ou Gustavo, o místico da invisibilidade? Não os vejo por aqui. Correram de medo?

- Você parece bem informado – Natsuno persistiu, entretido. – Porém, desatualizado. Afinal, vai mesmo ficar de conversinha fiada? Você tá pior do que o Bahia.

Agora sim Bill pareceu irritado, fuzilando Natsuno com olhos totalmente esverdeados; Gilberto pareceu se divertir com aquilo.

- Parece que você encontrou alguém mais irritante que você, hein – disse ao parceiro.

- As piadas dele não têm graça – disse Bill, voltando à descontração divertida. Uma máscara, Natsuno notou. – Ele tá longe de me superar! – E partiu contra o Kogori, porém foi detido por um aperto forte, a palma de Gilberto segurando firme um de seus braços. Bill o fitou, e Gilberto balançou a cabeça.

- Você já perdeu. Essa luta agora é minha. – Cuspiu o palito de dente no chão. – Se você se intrometer, vai morrer junto com eles. Portanto, fique assistindo. E aprenda como matar crianças irritantes! – E avançou contra Joe e Natsuno.

Não era rápido quanto o parceiro, mas os passos de Gilberto eram pesados e perigosos. Natsuno se perguntou como seria ele correndo na neve, qual a profundidade que suas pegadas deixariam. Pois a terra parecia querer ceder.

E quando ele chegou perto, nada fez; Joe e Natsuno, por outro lado, não perderam tempo. Desviaram para lados diferentes e atacaram, ambos com punhos cerrados, Natsuno no intuito de acertar o estômago e Joe a cara. Até pensaram que Gilberto esquivaria, algo que não aconteceu. Entretanto, os dois garotos sentiram uma dor terrível ao acertar o que parecia ser metal.

- Ai! – gemeram, recuando o braço e o chacoalhando, até mesmo Joe, aquele que possuía uma superforça.

Gilberto riu baixo, e atacou.

Com o punho direito, acertou Joe em cheio, Natsuno recebendo o golpe do punho esquerdo. Juntos e em linha reta, voaram alguns metros e se estatelaram perto de algumas árvores, bem longe da lagoa. Léo mal conseguiu acreditar, pois conseguira ver detalhadamente o que realmente acontecera – o rosto do místico cowboy havia adquirido uma tonalidade metálica antes mesmo do punho de Joe chegar, e provavelmente o estômago também, por baixo da camisa regata. E quando atacou, seus punhos tomaram o mesmo tom, reluzindo à luz do sol e voltando ao normal rapidamente.

Assustador.

Joe e Natsuno se levantaram, encarando o místico que nem mesmo saíra do lugar, apenas sorria, muito sombriamente. Vários metros os separavam agora, indicando que haviam voado muito longe. E ambos sentiam dores no dorso da mão.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora