14 - Vingança sombria

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Gemendo de dor, Robert foi levado para a base dos Detentores. Perdera muito sangue, e cada vez mais sentia-se fraco e enjoado.

Enquanto era transportado através de uma maca pelos corredores de sua base, notou inúmeros rostos surpresos e preocupados o encarando. Foi conduzido até uma sala e ali ficou. Rapidamente, um médico tratou do ferimento em seu braço com álcool e lhe aplicou uma anestesia. Robert sentiu-se tonto e apagou.


Mais uma vez, sonhou com uma lembrança.

Tinha onze anos de idade quando desabou sobre um enorme portão de ferro. A caminhada tinha sido árdua. Sentia-se fraco e desnutrido. Não comia fazia dias.

Um dos seguranças veio te ajudar. O ajudou a levantar e o sentou encostado num muro muito gelado. Deu-lhe um pouco de água.

- Qual é o seu nome, garoto? – perguntou, deixando sua compostura.

- R-Robert... – ele esforçou-se para dizer, trêmulo de frio. O outro segurança surgiu com um casaco e cobriu o pobre garoto.

- E onde estão os seus pais, Robert?

Robert pensou naquelas armas apontadas. Lembrou-se da cena do beco, homens maldosos que surgiram e o jogaram com seus pais naquele lugar fedorento, e mirando seus revólveres exigiram dinheiro e pertences. Robert nunca ia esquecer de seus pais sendo mortos à tiros, executados por besteira. Correu para o mais longe que pôde, deixando-os para trás, visto que os dois bandidos pareciam ignorá-lo. E só parou ao amanhecer.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

- Eles estão mortos – respondeu. Os dois seguranças trocaram olhares penosos. Nesse momento, um carro preto parou de frente para o portão. Robert observou a porta do motorista se abrindo e um homem descendo do carro. Um rapaz de certa idade, corpulento, possuindo uma barba espessa e bem aparada: Henry Ferrarezi. Uma mulher também desceu do carro, cabelos claros que desciam tranquilamente por suas costas. Embora tivesse uma postura de gente nobre, Madalena Ferrarezi tinha um olhar sereno e generoso. E por último, de um dos bancos de trás, desceu uma garotinha. Tinha os cabelos loiros da mãe, mas a pele era bronzeada como a do pai. Seus olhos eram castanhos e ela aparentava ter uns três ou quatro anos.

A família Ferrarezi.

Robert assistiu ao homem caminhando em sua direção com olhos firmes e vidrados, provavelmente estudando aquele garoto estranho, que vestia roupas maltratadas, e que não cheirava muito bem.

- Senhor Ferrarezi – os dois seguranças levantaram rapidamente e se recompuseram.

- Quem é esse garoto? – Henry perguntou, com uma voz extremamente autoritária.

- Ele apareceu agora a pouco, senhor – disse o segurança que dera o copo d'água à pobre criança.

A garotinha segurou a mão da mãe, e as duas olharam atentamente para Robert. Robert ergueu os olhos e notou um olhar rígido daquele que os seguranças tratavam como "senhor". Henry não parecia nada tolerante.

- Onde estão os seus pais, garoto? – quis saber.

- Mortos – Robert respondeu sem ânimo; suas mãos tremiam.

- De onde você é?

- Goiânia.

- E chegou em Piracanjuba sozinho?

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora