35 - Parceiros na vida e... na morte

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- Argh! – Léo rosnou, já atacando seu inimigo, surpreendentemente furioso e aparentemente fora de si. Havia acabado de evoluir sua transformação, e sua aparência assemelhava-se ainda mais com a de um cachorro. Um cachorro totalmente selvagem.

Gilberto nem mesmo conseguiu o acompanhar com o olhar, recebendo ataques sem saber de onde vinham.

Natsuno estava surpreso e admirado, enquanto Joe mantinha-se desacordado próximo à margem da lagoa.

- Argh! Argh! – os granidos do garoto-cachorro ecoavam por toda a clareira.

- Caramba! - Bill não conseguia acreditar no que via. Leonardo não parecia o mesmo garoto de agora a pouco. Possuía uma agilidade extraordinária, atacando Gilberto em saltos incríveis e velozes, atingindo-lhe por todo corpo. Gilberto tentava acertá-lo, mas estava longe de conseguir sucesso. Léo estava às suas costas, depois em cima, depois na lateral, depois atacando o peito, a cara, o estômago, o peito de novo, as pernas e assim por diante, tudo muito rápido, confundindo qualquer um que tentasse acompanhar com o olhar, sobretudo Gilberto, que parecia se irritar com os movimentos.

Léo não estava fora de si. Muito pelo contrário: atacava e observava que realmente havia um intervalo para que a pele do místico tomasse o tom metálico, e percebeu que ele tinha mesmo uma fraqueza: Gilberto era protegido pelo aço, automaticamente, portanto era o aço que Léo precisava enganar.

Intensificou ainda mais os golpes.

Enquanto fazia isso, lembranças vinham à sua cabeça descontroladamente: a imagem de Diogo quando lhe ofereceu ajuda; quando treinava ao lado de Joe e Guga no Rio das Águas Pesadas; quando enfrentava Michael numa luta animal. Lembrou-se das aventuras ao lado dos amigos: a batalha contra vampiros evoluídos no túnel dos skatistas; no cemitério Mesquita, onde a irmã de Jake estava enterrada; no beco escuro, após o troféu da Colina Rosan ser roubado pelos caçadores da Tribo Minetsu; na Base dos vampiros, enquanto resgatavam Natsuno e tentavam sair; e contra os Detentores, naquele heliporto.

Sim, valia a pena lutar ao lado e pelos amigos. Eles mudaram completamente sua vida, e Léo descobriu o poder e a importância da amizade. E sentia-se feliz.

- Argh! Argh! Argh!

Atingia o metal com força e sentia dores, sem se importar. Dores por causa dos ataques e dores por causa da evolução da transformação. Gilberto parecia cada vez mais irritado, recebendo os golpes sem conseguir se defender; apenas o aço o protegia, e por si só, aparentemente. Léo só precisava encontrar o momento certo e o lugar certo para acertar. E aguentar a transformação por mais um pouco.

Com a barulheira pairando por toda a clareira, Joe acabou acordando. Engasgou e cuspiu água, demorando um tempo para lembrar onde estava e o que havia acontecido, a dor no queixo o ajudando. Sentiu-se pesado por causa das roupas molhadas, e quando tentou se levantar, tudo escureceu, sua visão ficando embaçada. O gancho de Gilberto havia lhe dopado.

Aliás, onde estavam seus amigos? Aos poucos, conseguiu distinguir o barulho que ecoava aos seus ouvidos: metal sendo atingido, aparentemente, por madeiradas, e o rosnado de algum animal feroz atacando sua presa. Joe se esforçou para apurar a visão e conseguiu focar em Natsuno, caído muito longe de onde estava. Também longe, porém à esquerda, Bill parecia perplexo olhando para algo, que estava ainda mais distante, perto das árvores que davam início à floresta. Joe, então, olhou para lá, e inicialmente só conseguiu ver Gilberto tentando acertar, aparentemente, o vácuo, surpreendentemente irritado. Joe tentou ver melhor o que estava acontecendo, mas não conseguiu; ainda estava zonzo, pois tudo parecia girar.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora