08 - Rebeldia líquida: a Princesa da Água

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Léo estava nervoso naquela manhã.

Nunca foi de jogar futebol, mas como o time de sua sala mal formava um time titular, decidiu ajudá-los. Só não esperava que enfrentariam um time que mais brigava do que propriamente jogava bola.

Viu de perto um de seus companheiros sendo atingidos na perna por um carrinho de um dos jogadores de verde-escuro que, após se levantar, deu um risinho sarcástico, enquanto a vítima continuava no chão gemendo de dor.

O placar marcava um a zero para o 1º F (sala do garoto-cachorro) em cima do 2ºG, uma sala que havia perdido de seis a zero ano passado para a sala do Diogo, o mesmo jogo em que Marcelo havia se machucado tão grave ao ponto de ficar fora do campeonato na época.

Raiva e medo tomavam Léo por completo. Raiva por conta das agressividades; medo por nem ao menos saber chutar bem uma bola. Sempre foi considerado um dos piores jogadores de todas as classes que estudou, tanto que sempre preferiu o vôlei.

Suspirou. E viu-se sem saber o que fazer quando a bola chegou aos seus pés.

- Ei, Léo, passa pra mim! – Maicon gritou ao seu lado, correndo em direção à área.

Léo engoliu em seco ao notar que dois jogadores de verde-escuro se aproximavam, com algo no rosto que, sem dúvidas, transpassava maldade. O que eu faço?, Léo se perguntou. Não tinha habilidade nenhuma. Quando os dois inimigos chegaram perto, agiu por impulso: pulou e deixou a bola para trás. Consequentemente, os dois garotos se trombaram e ficaram no chão, gemendo de dor, assim como Victor, o companheiro de Léo que havia recebido aquele carrinho minutos atrás.

Seus instintos foram ativados, e Leonardo abaixou-se de um chute desajeitado de outro dos garotos do 2ºG.

- Ei! – protestou.

O juiz apitou para parar o jogo e gritou:

- Sem agressão! Isto é um jogo de futebol!

O Miniestádio estava praticamente vazio. Só alguns alunos de ambas as salas tomavam as arquibancadas de madeira. Nem mesmo o locutor da escola estava presente naquele jogo, por ser um dos primeiros do Intersalas.

De repente, Léo viu-se numa roda de jogadores de verde. Garotos que não pareciam nadinha felizes caminhavam em sua direção com más intensões. Léo sabia lutar bem, e até poderia se transformar, mas não viu sentido algum em brigar com simples estudantes do colégio, mesmo que fossem garotos briguentos e maldosos. Felizmente – ou infelizmente –, os garotos do 1º F juntaram-se também, e o que veio a seguir foi trágico e, de certo modo, engraçado.

Foi uma confusão sem fim. Léo focou-se apenas em esquivar dos golpes desajeitados que surgiam em meio à briga, e decidiu que ficar ali não era uma boa ideia. E a confusão só parou quando meia-dúzia de seguranças da escola invadiram o Miniestádio e separaram a briga.

Embora tudo estivesse calmo novamente, o juiz decidiu dar fim ao jogo – e Léo sabia que aquela confusão traria sérias consequências ao campeonato.


Alguns dias se passaram desde a Reunião dos Majores. Hebert ficou ainda mais preocupado sabendo que Diogo estava em coma, mas aliviou-se um pouco quando Natsuno explicou como aconteceu. Pelo menos não foi obra da Tribo Minetsu. Sandro, por outro lado, foi obrigado a adiar sua conversa com Sophia, uma vez que precisava fazer o possível para neutralizar o ânimo dos superiores da organização. O vazamento da informação vinda do Padre dos vampiros da Base de Honorário ainda provocava sérias consequências entre os agentes Ko-Ketsu. Era difícil manter tudo calmo, ainda mais se tratando de caçadores temperamentais como Gefrey Matsu. Fora isso, a organização mantinha-se normal.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora