10 - Família Ferrarezi

319 32 36
                                    

Passos apressados eram a única coisa que preenchiam o silêncio do enorme saguão de pavimento espelhado.

Robert caminhava nervosamente pelo hall principal da mansão, que era decorado por quadros valiosos e vasos históricos, que ficavam sobre prateleiras e estantes posicionadas em lugares estratégicos. Mergulhou em um dos corredores à direita e apressou ainda mais os passos, imaginando qual seria a reação de seus superiores quando soubessem do ocorrido; imaginar a ideia não lhe pareceu boa coisa.

Respirou fundo.

O corredor era estreito e muito longo, levando à sala de estar onde três pessoas comiam à mesa, de forma elegante e natural. Os olhos de Robert procuraram, primeiramente, por Júlia, que estava sentada no canto direito. A garota estranhou ao ver o rapaz ali e se levantou:

- Algum problema?

Ela trajava um vestido longo preto que combinava perfeitamente com seu corpo. Júlia tinha a pele levemente bronzeada e seus cabelos loiros desciam por suas costas livremente. E ela fitava Robert com olhos castanho-claros extremamente preocupados.

- Capturou mais alguma aberração, Robert? – perguntou o homem que sentava na ponta da mesa. Este era um sujeito de meia-idade, com a barba espessa, porém bem reparada. Também era bronzeado e tinha a aparência firme, de um homem experiente. – Ou capturou um místico? Um místico seria ótimo, considerando que não temos nenhum em nossas celas.

- Não, senhor – Robert respondeu nervosamente, apesar da voz firme. – Não conseguimos ninguém hoje, infelizmente.

O homem barbudo limpou a boca com um guardanapo, respirando fundo.

- Então por que veio até aqui? Estragar o nosso jantar em família?

- Pai! – Júlia reclamou, mas o homem não disse nada.

- Não tenho dúvidas de que nos traz boas notícias, não é querido? – a mulher, que estava sentada do outro lado da mesa, de frente para Júlia, perguntou. Também era de meia-idade, muito pálida, cabelos ainda mais claros que os da filha.

Robert suspirou.

- Senhor – dirigiu-se ao homem barbudo –, hoje tentaram invadir o nosso sistema. Não sei como fizeram isso, mas eu mesmo fui resolver e... – ele fechou os olhos – os invasores fugiram.

- Conseguiu vê-los, pelo menos? – Júlia perguntou, ainda de pé.

- Sim. Três adolescentes.

- Três adolescentes? – o sujeito barbudo fitou Robert com uma fraca curiosidade. – Místicos, suponho.

- Eu não tenho certeza. Um deles tinha olhos verdes, e foi o primeiro a desaparecer. O outro também desapareceu, mas parecia um garoto comum.

- E o terceiro? – perguntou Júlia, pensativa.

- Uma garota – Robert respondeu sem jeito. – Uma asiática. Ela empunhava uma espada, e parecia ser de vidro. Ela era bem ágil, e fez algo estranho: fez uma barreira de vidro aparecer no asfalto, muito resistente, que nos impediu por alguns segundos.

- Hum – o homem mostrava-se admirado. – Uma mística que controla vidro.

- Talvez, Sr. Ferrarezi. Se místicos tiverem, também, olhos amarelos.

O Sr. Ferrarezi e sua esposa trocaram um olhar, sérios. Foi Júlia quem perguntou:

- Você tem certeza?

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora