43 - A técnica do Caçador Lendário

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- Como fiquei um bom tempo no Mundo Espiritual descansando e acumulando energia, consegui poder o suficiente para voltar à essa época, antes mesmo de Onikira ser derrotado – disse Hara, como se eu quisesse saber daquilo. Minha única atenção estava voltada para o Caçador Lendário, que já voltava a descer a montanha de forma ágil, pés que pareciam se equilibrar mesmo no solo inclinado, como se ele estivesse saltando numa rua simples, sem qualquer dificuldade. – E essa era uma de suas especialidades. Ele controlava muito bem sua Energia Interna, podendo utilizar o fogo de inúmeras formas possíveis, e uma delas era pegando impulso com as pernas e saltando por onde bem queria.

- E os olhos dele estão amarelos – eu notei mais uma vez, quando Diogo aterrissou no solo com simplicidade, ainda mais suado por conta do calor. Um calor que era ainda pior do que o dia mais quente de verão em Belém ou Honorário.

- Na verdade, ele nasceu com os olhos dessa cor, e em momento algum eles mudavam, o que só dificultou seus treinamentos. Como não sentia dor ao invocar o fogo, ficou bem difícil de controlar sua Energia Interna, e mesmo assim conseguiu desde pequeno, sendo ajudado, claro, pelo irmão mais velho.

- Entendo – falei. – E por que estamos aqui?

- Porque eu quero que você observe bem o que ele está fazendo, e aprenda essa técnica.

- Você diz... aprender a pular montanhas? – arqueei uma sobrancelha.

- Eu digo aprender a controlar o fogo nos pés para assim pegar impulsos em qualquer material sólido, uma coisa que poderá ser muito importante daqui pra frente.

Diogo voltou a escalar a montanha – apenas pulando –, e tentei observar com ainda mais atenção. Por mais que seus pés esfumaçassem, ele não parecia sentir dor, e até mesmo suas sandálias estavam intactas.

- Ao utilizar seus Punhos de fogo, talvez você não tenha percebido, mas o fogo não emerge diretamente de suas mãos, simplesmente – Hara explicou, aparentemente notando a minha notação. – O fogo é gerado, aproximadamente, a dois centímetros de sua pele, por isso você pode utilizá-lo tranquilamente mesmo com luvas, que elas não serão danificadas.

Essa eu não sabia, pensei. E me achei um tolo.

Em contrapartida, os pés flamejantes de Diogo deixavam rastros, marcas de queimadura nas rochas, e rapidamente ele chegou ao topo. Olhou para baixo e desceu, como se não tivesse medo de nada, como se subir e descer montanhas fosse seu hobby favorito.

Ele chegou ao chão e virou-se de repente para a floresta, suas mãos pegando fogo. Parecia em alerta. E um outro cara apareceu, sorrindo e dizendo:

- Calma aí, maninho. Sou eu, o Dan.

Apesar de ser um pouco parecido com Diogo, os cabelos de Dan eram loiros e longos, lisos e sedosos, chegando até a região da cintura. Ele vestia uma roupa do mesmo material que a calça do irmão, mas uma camisa cobria-lhe a parte de cima do corpo – e enormes asas erguiam-se de suas costas de forma graciosa, tão incríveis que não pude deixar de me impressionar. Eram maiores do que as da Yasmim!

E seus olhos eram amarelos.

Diogo relaxou o corpo e suspirou.

- Não me assusta desse jeito, mano. Veio treinar também?

- Vim ver como você está se saindo. – Dan sorriu, um rosto que esbanjava grande carisma. Seu sorriso era tão cativante que eu quase sorri também. – O nosso pai... ele espera muito de nós. Onde quer que esteja neste momento, com certeza está nos observando.

- Sim, e vamos fazer o que é certo – Diogo falou, sério e determinado. – Bem, quando eu conseguir ficar mais forte. – Ele coçou a cabeça, e senti que aquilo era algo familiar. Dan sorriu mais uma vez e disse:

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora