13 - Perseguição sobre duas rodas

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O restaurante estava movimentado naquela noite.

Casais tomavam os assentos das belas mesas do amplo pátio, comendo com bons modos, sorrindo de forma nobre e descontraída.

Um típico garçom de terno levava uísque numa mesa onde três empresários discutiam algo relacionado ao lucro de seus produtos. O quarteto de mulheres elegantes ria de fofocas e intrigas que envolviam uma de suas vizinhas, comentando sobre o desastre de seu casamento. A vários metros dali, Robert dialogava firmemente com um homem branco que vestia uma camisa social sem gravata, o deixando com um ar mais simples para a sua idade e para a sua importância – Paulo Andrade Moura de Abreu, o prefeito de Honorário.

- Você tem certeza disto, meu rapaz? – Paulo estudava bem o homem à sua frente, já encontrara militares antes, mas aquele parecia diferente. Robert possuía o que ele chama de boa lábia.

- Sem dúvidas, prefeito. A sua cidade estará muito mais segura com a nossa proteção particular. Nós não queremos ser justiceiros, isso jamais, todavia eu receio em dizer que Honorário está um caos ultimamente. O senhor viu as manchetes do último ano. Primeiro aqueles ninjas assaltantes. Depois aquele rapaz das estacas de madeira. Isso sem mencionar as mortes misteriosas que acontecem dia após dia.

Paulo pareceu considerar. Não tinha argumentos contra aquilo, mas abrigar uma organização não-oficial furava qualquer tipo de lei.

- É arriscado – disse ele. – Eu realmente amo a minha cidade, foi aqui que eu nasci e, embora tenha estudado fora, esse é o lugar que considero como o meu bem mais precioso. Estão até construindo uma estátua para mim bem próxima ao Coração Honorário – que, por sinal, era o principal monumento da região, pensou.

- Esse é um motivo a mais para o senhor considerar a minha oferta – Robert sorriu amigavelmente. – O senhor pode pesquisar sobre os nossos líderes, se quiser. Ex agentes federais com um ótimo currículo, assim como o restante da nossa equipe. Ninguém está aqui pra brincadeira, somos todos bem preparados e, acima de tudo, bem estruturados. Podemos agir nas sombras, sem quaisquer suspeitas, apenas fazendo o nosso trabalho da melhor forma possível: prendendo esses criminosos.

- Que você alega ser criaturas das trevas.

- Isso mesmo. Já mostrei ao senhor alguns vídeos, não mostrei? Já lhe entreguei os dados de todos os nossos agentes, não foi?

- Sim – o prefeito pareceu desconfortável. – Suponhamos que essas criaturas realmente existem. Não seria melhor divulgarmos à toda cidade através dos meios de comunicação?

- Isso seria um erro fatal – Robert afirmou, e respirou fundo. – Essas aberrações – esses vampiros. Bem, especialistas nossos alegam que eles seguem suas vítimas através do medo. Se um dia revelarmos à toda humanidade sobre eles, acredite, será um pânico gigantesco. Não queira fazer isso, meu prefeito, seria desastroso.

Paulo Andrade suspirou.

- Meu rapaz, você me garante que protegerão a cidade, e somente isso?

Robert sorriu, o olhando fixamente nos olhos.

- O senhor tem a minha palavra. E a palavra dos Ferrarezi - inseriu.

Com isso, os dois se despediram e Robert pagou a conta. Ele saiu do restaurante e dirigiu-se ao seu carro, no estacionamento ao lado. Grande era a movimentação na avenida, uma das principais do centro da cidade.

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora