07 - Reunião entre Majores da organização Ko-Ketsu

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A movimentação na organização mantinha-se agitada como sempre, só que, dessa vez, havia um tom de expectativa no ar.

Agentes entregavam relatórios de suas missões aos seus superiores, enquanto os caçadores da administração checavam novos pedidos de outras vilas e cidades do Mundo Paralelo.

No Salão Norte — onde aconteciam as reuniões trimestrais entre os Majores —, os dez conselheiros faziam com que a sala obtivesse um clima obscuro, moldado por uma camada desconfortante de cochichos.

Hebert Kogori e Sandro Macedo sentavam-se à ponta da mesa retangular, lado a lado, e pareciam mais sérios do que o habitual. Os demais assentos eram ocupados por homens e mulheres de idades e aparências distintas, que trajavam o uniforme preto de compressão da organização com os coletes desativados. Em um dos cantos, três homens cochichavam entre si. À esquerda, uma mulher de cabelos negros e mechas castanhas discutia algo com Gefrey Matsu, um homem robusto, de aparência arrogante, cabelos loiros e mal penteados.

A sala era iluminada por lâmpadas fluorescentes amarelas embutidas nas paredes. Fora a enorme mesa e as doze cadeiras, havia apenas a porta que levava ao pátio da organização. Não havia janelas. Ainda assim parecia que a iluminação que vinha das lâmpadas era natural, muito embora o clima não fosse dos melhores entre os agentes.

Hebert olhou em seu relógio e, quando o ponteiro apontou sete da noite, pigarreou alto o suficiente para que todos o ouvissem, sinalizando que os agentes deveriam fazer silêncio absoluto.

— Boa noite, meus amigos — disse ele, sério.

Havia cinco agentes de cada lado. Seis homens e quatro mulheres. Todos pareciam ter experiência nos olhos. Encaravam os dois líderes Ko-Ketsu com atenção. Gefrey parecia impaciente.

— Primeiramente, gostaria de pedir perdão. Perdão por não ter compartilhado com vocês a descoberta sobre o Caçador Lendário. Mas também venho para pedir paciência. Bem sabemos que não é fácil estar à frente de uma organização tão grande e importante como a nossa. O nosso legado sempre foi proteger e salvar pessoas; arriscar a nossa vida e fazer o possível para que a paz não seja corrompida. Por mais que sejamos de clãs diferentes, fazemos parte da mesma tribo, mas sempre colocamos o sigilo em primeiro lugar. E a confiança em segundo. Eu tenho certeza que vocês se sentem traídos por não terem recebido a informação de que o Caçador Lendário foi descoberto-

— Isso porque o procurávamos dia e noite — interrompeu uma mulher, cujos cabelos negros desciam em tranças por suas costas. — Chegamos até a nos infiltrar na Tribo Minetsu! Sendo que vocês dois já sabiam o tempo todo.

— Nós não sabíamos o tempo todo — retomou Hebert, fazendo esforço para não ir além. — Como falei, o sigilo vem antes da confiança. Não que eu desconfie de vocês, a questão é que sabemos que não podemos confiar em todos às cegas. Vocês são os Majores, deveriam saber, eu admito. Cometemos um erro. Mas vocês se lembram perfeitamente do que aconteceu com o Hernandez.

— Naquela época não existia a organização, ainda — interveio um rapaz de cabelos volumosos e alaranjados; ele fazia parte dos três que cochichavam antes da reunião. — Não pode nos castigar por algo que aconteceu no passado.

— Nós sabemos que, aquele que é destinado a ser o Caçador Lendário, é perseguido por todos os lados — disse outra mulher, de cabelos roxos como violeta; Helen Kogori, irmã de Hebert. — Por isso, se soubéssemos que o Décimo Primeiro Lendário era o filho do Tony esse tempo todo, faríamos de tudo para protegê-lo. Ele quase morreu naquela Base de Honorário!

Caçador Herdeiro (4) - Luz Envolvente | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora