ninguém quer dançar com você

Cap. 4

Tentei não ter um ataque, eu não queria ter que falar com pessoas, tudo parecia ser de propósito... George sabia que eu tinha problemas e as vezes tentava "me concertar". Eu o odiava, odiava com todas as minhas forças. Porque ele faz isso comigo?!! Por acaso eu pedi ajuda?! Minhas pernas amoleçeram, resolvi sentar no degrau do pátio. Eu não podia entrar no refeitório, é ocupado demais para mim. Tudo bem, depois de alguns anos, você se acostuma. Mantive a calma, tirando a maçã que trouxe da mochila. Era bem melhor eu não pensar em nada. Observei as folhas amarelas de outono caindo, da grande árvore principal.
- Bert. - A voz grave e plena de Kurt chegou até mim, levei um súbito susto, ele estava ali, sentado perto de mim.
- N-não precisa se esforçar, Kurt, eu farei o t-trabalho todo sozinho. - Eu disse me levantando, preparado para fugir. Como eu poderia ser tão idiota?!
- Calma. - Ele segurou em meu braço, bem apertado, fechei meus olhos sentindo a mesma dor anterior. - Não queria ter que fazer nenhum trabalho daquele babaca. - Disse me soltando. - Mas... Eu estou quase pra repetir, eu tenho que tirar uma nota boa nessa porcaria. - Assenti.
- Está t-tudo bem, eu faço tudo, coloco seu nome e pronto. - Eu me virei com extrema rapidez.
- Que bom que posso contar com você. - Ele disse tocando meu ombro. Me esforçei pra dar um sorriso mínimo, mas não consegui.

Voltei pra casa praticamente tremendo. Kurt não tinha problemas comigo, eu não tinha nenhum imapasse com ele, ele ainda não me odiava. Então, tinha que fazer aquela merda ser perfeita. Tinha que salvar a pele dele, mesmo sendo totalmente da responsabilidade dele, e assim eu salvava a mim mesmo de agressões. Apertei meus braços com um friozinho. Entrei em casa em silêncio, como sempre, fui direto para o quarto. Me joguei na cama a pensar... Até que senti fome. Desci os degraus avistando Lenna se agarrando com Fred, me deu um baita nojo... Mas segui meu rumo às panelas no fogão. Tinha um pouco de lasanha, coloquei no prato, servi a mim mesmo.
- Lenna... - Chamei delicado, ela levou o olhar pra mim... Só aí percebi que sua companhia não era Fred!
- O que foi, moleque idiota, o que está fazendo aqui?!!
- Tio?! - Eu me questionei, ele se encolheu por trás dela como se adiantasse.
- O que merda você quer, Bert?! - Ela disse me encarando com fúria.
- Fome, p-posso comer? - Apontei a lasanha no prato, medroso.
- Poder não podia, era do Martín, mas já colocou no prato, agora come. - Ela disse irônica.
- Martín está aqui?! - Me apavorei em três níveis.
- Ele está na escola, mas daqui a pouco chega. - Meu tio Jake falou. Ahh não... Dividir casa com meu primo Martín não!!

Subi as escadas pra não atrapalhar o casal. No fundo eu sabia que Lenna era uma biscatti, mas trair Fred com o próprio irmão era sacanagem. Mesmo sendo ele, não merecia. Como prometido, Martín chegou com alguns minutos depois, entrou no meu quarto, fingi bem mal que estava dormindo.
- Hrrg!! - Rosnou, mexendo no meu pé. Abri meu olhar já tremendo. - COMEU MEU JANTAR?! - A lasanha...
- M-me desculpa, Martín, não sabia que era sua. - Eu disse, ele me empurrou da cama se jogando no meu lugar. Me catei do chão sem resistir a nada.
- Vou dormir aqui. - Ele disse sem eu ter perguntado nada. Ainda bem que a história da lasanha tinha passado em branco.