Cap. 25

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- Por favor, parem com isso... Martín, por favor... - Eu disse entrando no meio dos dois.
- Cala a boca, verme. - Teddy me empurrou, eu caí por cima da mesa de um jeito constrangedor, todos começaram a rir.
- Quem você pensa que é? - Kurt resolveu virar para Teddy.
- Seu idiota de merda, você vai se arrepender por ter mexido comigo. - Partiu pra cima, Martín também avançou... Sabe o que aconteceu, né?

Fiquei tão nervoso que vomitei e desmaiei ao mesmo tempo. Abri meus olhos bastante confuso, tonto e abalado.
- Eca, você tá fedendo. - A voz de Katy sorriu debochada, ela estava me auxiliando, me deu um copo d'água. - Você está bem?
- Eu não sei... Porque eu estou aqui?
- Bom, Kurt viu você fazer um baita barulho, caiu que nem merda no chão. - Não era muito delicada para uma garota. - Então, ele acabou brigando com uns idiotas, e te trouxe pra cá.
- Não... - Eu disse, já formando gotas. - Não queria que acontecesse...
- É, mas é tarde demais, seu bobo. Você vai estragar tudo. - Ela disse, se afastando do meu corpo, zangada.
- Do que você fala quando diz isso... - Eu abraçei meus joelhos.
- Olha, você não sabe nada sobre o Kurt, tá legal, McCracken? Não é seguro, nem pra você... E nem pra ele mesmo...
- Mas a gente é melhor amigo, não tem nada que ele não me conte, Katy... A pscóloga disse que eu sou uma peça fundamental no tratamento dele, não precisa ficar na defensiva comigo.
- Ela disse, é? - Fez uma cara tosca de quem estava errada. - Bom, desde que você chegou não tem outra coisa que ele se empolgue mais... Mas, e se ele se obssecar por você? Ele pode fazer coisas inimagináveis por você, McCracken. É por isso que não gosto que fique tão perto dele...
- Isso... Não. - Eu a barrei, a última coisa que poderia acontecer é Kurt Cobain se apaixonar por mim.
- A mente dele é doentia, McCracken. A Kelly não te disse? Ele é meigo, fofo e gentil... Mas quando ele se irritar de verdade, não queira estar por perto. E... Mistura a raiva descontrolada com obssessão...
- Os cortes... - Eu começei a raciocinar.
- Bom, os cortes não tem nada a ver com isso, não é que ele seja suicida ou depressivo ou sei lá... As vezes ele só gosta de se machucar. No entanto, ele gosta de machucar os outros, Bert. - Sussurrou no meu ouvido, meu coração tremeu, ela me chamou por Bert.

Entrei no quarto muito aflito, lá estava ele, apertando as mãos com força, seus olhos pareciam estourar de fúria. Estava com um band-aid na testa e um algodão estancando o sangue do nariz. Involuntáriamente, me agarrei em sua cintura, o abraçei por trás. Ele não se moveu, apenas se surpreendeu.
- Eu tenho que fazer alguma coisa. - Eu começei a chorar, soluçando muito, ele tinha mesmo que fazer alguma coisa. - Eu não consigo mais ver eles te humilharem desse jeito.
- Não precisa se machucar por mim. - Eu disse, ele virou e apertou meu punho como no banheiro aquele dia.
- Eu vou te vingar, Bert McCracken. Aqueles filhos da puta vão pagar por cada soco no seu rosto, vão prestar contas com o demônio.
- Kurt, por favor... Se acalma! - O toquei no ombro, ele já estava me assustando, e toda aquela conversa sobre raiva que Katy me falou...
- Você tá chorando por causa deles de novo, eu estou com muita raiva deles. - Pus meu olhar no chão, não é algo que eu controle.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora